Resenha Apologia da História
Por: Carmelinda Conti • 27/10/2015 • Resenha • 1.794 Palavras (8 Páginas) • 856 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Discussões e apontamentos acerca do livro Apologia da História
PONTA GROSSA
2015
CARMELINDA C. DOS S. G. SOUZA
Discussões e apontamentos acerca do livro Apologia da História
Trabalho apresentado à disciplina de Metodologia da História I, como avaliação parcial do 1° semestre de 2015.
Prof.ª: Rosangela Maria Silva Petuba
PONTA GROSSA
2015
Apologia da História ou O Ofício de Historiador
Na introdução do livro através da frase de um garoto, que pergunta ao pai para que serve a história, Marc Bloch desenvolve o conteúdo com base nessa ideia explicando onde a história se encaixa nas áreas de atuação e nos campos de pesquisa, argumentando a sua importância como ciência e apresentando seus métodos. Trabalha também o conceito de historiografia, analisando as culturas antigas, em especial a cultura cristã. Fala sobre a interdisciplinaridade, citando Alexandre Dumas como um exemplo literário em que o historiador deveria olhar.
O autor fala sobre a fascinação provocada pelo conhecimento no tempo, da história como ciência se preocupando com esse caráter cientifico, pois para ele, as únicas ciências autênticas são aquelas que conseguem estabelecer ligações explicativas entre os fenômenos. A história é uma coisa em movimento e tem como objetivo o espírito humano, no campo do conhecimento racional. O ofício do historiador está em refletir e não buscar um modelo uniforme de conhecimento, assim como fazem as ciências da natureza. Em seguida o autor trata de estabelecer a diferenciação entre legitimidade e utilidade. Para ele, a história não deve ser encarada como uma ciência técnica que precisa sanar um problema imediato, pois sua utilidade pode se justificar pelo desejo de matar a fome intelectual do pesquisador e do leitor e sua utilidade seria nos ajudar a viver melhor.
A história, os homens e o tempo
A história, os homens e o tempo, traz em seu título o que o autor pretende representar: o homem quanto sujeito da sua história. Busca-se a partir de então, uma história que consiga compreender as relações que se deram através dos fatos, suas problematizações e seus contextos históricos, indicando dessa maneira que o seu objeto não era o passado, mas o homem, mais precisamente os homens no tempo, não se esquecendo de aliar o passado com o presente, uma vez que as indagações do presente são o que fazem o historiador voltar-se para o passado.
A escolha do historiador
O objetivo dessa escolha é delimitar e traçar as linhas do ofício do historiador, responder às perguntas o que é história e o que faz um historiador, ou seja, identificar quais são as características que fazem parte de um estudo propriamente histórico e que o diferencia do ofício do biólogo e do físico, por exemplo. Dito de outra maneira é uma busca epistemológica sobre as condições de conhecimento e de verdade do historiador.
Face a imensa e confusa realidade, o historiador é necessariamente levado a nele recortar o ponto de aplicação particular de suas ferramentas; em conseqüência a nela fazer uma escolha que com certeza não seria a mesma do biólogo; que será uma escolha de historiador. Este é um autentico problema de ação que nos acompanhará ao longo de todo o nosso estudo.
A história e os homens
Para Marc Bloch dizer: “a história é a ciência do passado” é um grande erro. Pois a própria idéia de que o passado possa ser objeto de ciência é absurda. O texto começa por oferecer resistência a essa idéia, pois mesmo que tal abordagem tivesse sido adotada pelos historiadores originários, parece absurdo a formação de uma ciência sobre fatos que apenas tenham em comum a característica de terem acontecido em épocas contemporâneas.
O autor diz que “O objeto da história é, por natureza, o homem. (...) Já o bom historiador se parece com o ogro da lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça” (p. 54). O homem é o primeiro elemento do objeto da história. Quanto à expressão “ciência da história”, o autor evoca a discussão sobre a classificação da história como ciência ou arte, chamando atenção para a diferença entre o humano e o estritamente natural. Ainda sobre esse aspecto, termina por comparar as diferenças entre os estudos do mundo físico e do espírito humano com as tarefas do fresador e do luthier. O primeiro trabalha com precisão numérica; o segundo, pela sensibilidade, pelo empirismo. É requisito ao trabalho do historiador o “tato das palavras”.
O tempo histórico
Aqui o autor examina o segundo elemento do objeto da história: o tempo. “Ciência dos homens” dizemos, mas precisamos acrescentar: “dos homens no tempo”. O historiador não pensa apenas o “humano”. No entanto, o tempo da história não representa apenas uma medida, é uma realidade viva e concreta, fundamental para a compreensão dos fatos históricos. O tempo é, também, como realidade pulsante, o maior problema da pesquisa histórica. Pois ele é ao mesmo tempo contínuo, ou seja, incessante e em está em eterna mudança. Essa é a origem da dificuldade que o historiador tem em considerar o nível de influência de um fato histórico anterior em relação a seus subseqüentes.
O ídolo das origens
Ao tratar do “ídolo das origens”, o autor critica uma forma de visão sobre a história. Explica que sempre foi bastante comum alguns historiadores seguirem a orientação dos estudos do mais próximo pelo mais distante. Esse ídolo da tribo dos historiadores tem um nome: é a obsessão das origens. A busca das origens seria um começo que explica, ou pior, que basta para explicar. Aí mora a ambigüidade e o perigo.
De outro modo, o demônio das origens foi talvez um avatar desse outro satânico inimigo da verdadeira historia: a mania do julgamento, cumprindo apenas a finalidade de justificar a condenação de alguma prática política ou moral.
Outro elemento tomou parte simultaneamente na vinculação da história ao passado. Na história das religiões, a explicação pelas origens parecia fornecer um critério para o próprio valor destas. De alguma maneira, tal preocupação acabou por contagiar outros campos de estudo.
Entretanto, saber que Jesus Cristo fora crucificado e em seguida ressuscitado não é suficiente para compreender como é possível que o cristianismo tenha se mantido homogêneo com o passar do tempo e durante todo o desenvolvimento da civilização. O cristianismo se manteve por razões humanas, que se encontram no meio social.
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