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Resenha Berry Eichengreen

Por:   •  3/7/2016  •  Resenha  •  3.370 Palavras (14 Páginas)  •  539 Visualizações

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[pic 1]Universidade Federal de Minas Gerais

Disciplina: Economia Monetária Internacional I

Professor: Anderson Tadeu Cavalcante

Aluna: Vania Lucia Pimenta

Resenha

Barry Eichengreen, “Hegemonic Stability Theories of the International Monetary System”

- capítulo 14 do livro de Frieden e Lake International Political Economy

Barry Eichengreen busca, em seu artigo, avaliar a aplicabilidade da teoria da estabilidade hegemônica nas relações monetárias internacionais e questiona o argumento de que a existência de uma única potência dominante na arena internacional é necessária para o estabelecimento e manutenção de sistemas monetários estáveis. Para tal, o autor examina três sistemas monetários: o padrão ouro clássico, o sistema de troca de ouro entre guerras, e o sistema Bretton Woods.

O autor inicia o artigo colocando a aplicação da teoria da estabilidade hegemônica para assuntos monetários internacionais em termos bem práticos e objetivos: A teria atribui a persistência do padrão-ouro clássico ao domínio da Grã-Bretanha sobre os assuntos financeiros internacionais na segunda metade do século 19, bem como atribui também a manutenção do Sistema Bretton Woods ao poder singular dos Estados Unidos no mundo do pós-guerra. Em contraste, a instabilidade do padrão ouro troca no período entre guerras é atribuída à ausência de um poder hegemônico, devido à incapacidade da Grã-Bretanha de desempenhar o papel dominante e falta de vontade dos Estados Unidos de aceitá-lo.

Para solucionar os problemas encontrados ao aplicar a teoria da estabilidade econômica aos assuntos monetários internacionais, o autor ao definir o que é um hegemon, faz uma analogia com o sistema de carteis que é mantido com uma política de incentivo e sanção: um país cujo poder mercado, significativamente excede a de todos os rivais e restringe a noção de regime: a hegemonia é ou não propícia para a estabilidade do sistema monetário internacional. Relata ainda dois problemas ao tentar aplicar a teoria da estabilidade hegemônica para assuntos monetários internacionais: a ambiguidade sobre os instrumentos com que a hegemonia faz sentir sua influência: o faz alterando suas políticas monetária, fiscal ou comercial, impondo sanções militares ou diplomáticas, ou usa "sanções positivas," o financiamento do bem público da estabilidade monetária internacional, agindo como credor de último recurso. E, por fim, a ambiguidade sobre o seu âmbito de aplicação. Assim, a relação entre o poder de mercado da economia líder e a estabilidade do sistema monetário internacional é consideravelmente mais complexa do que o sugerido por variantes simples da teoria da estabilidade hegemônica. Analisa se o poder de mercado que a Grã-Bretanha e os EUA possuíam foi causalmente ligado à estabilidade do sistema monetário internacional.

A GÊNESE DO SISTEMA MONETÁRIO

O padrão-ouro clássico

O autor ressalta que uma das razões para a decisão de adotar o ouro era o desejo de evitar a inflação que resultaria da contínua convertibilidade e cunhagem da prata, devido à magnitude de descobertas de prata pós-1870. Dessa forma, a conversibilidade do ouro era a única alternativa para a contínua cunhagem de prata que era julgada tanto respeitável e viável. O ímpeto para a adoção do padrão-ouro existiu independentemente da rápida industrialização da Grã-Bretanha, a dominância do mercado financeiro internacional, e proeminência no comércio. Ainda assim, o exemplo britânico certamente incentivou a seguir o caminho escolhido em última instância. A industrialização requeria capital estrangeiro, e para atrair capital estrangeiro era necessária estabilidade monetária. Além disso, o quase monopólio de crédito comercial de Londres foi motivo de preocupação para outros governos, que esperavam poder reduzir a sua dependência em relação ao mercado de desconto de Londres através do estabelecimento de paridades de ouro e bancos centrais. A proeminência da Grã-Bretanha em comércio exterior, investimento estrangeiro e crédito comercial vigorosamente condicionou a evolução do sistema de padrão ouro principalmente através da prática de manter saldos em moeda-chave no exterior, especialmente nos bancos centrais de Londres. Essa prática provavelmente não teria se desenvolvido tão rapidamente se os países estrangeiros não tivessem se acostumado a transacionar no mercado de Londres. Provavelmente não se tornariam tão generalizadas, se não tivesse havido tão forte confiança na estabilidade e liquidez dos depósitos esterlina. E tal parcela dos depósitos estrangeiros não teria sido atraída para um único centro, se a Grã-Bretanha não possuísse um conjunto tão altamente articulado dos mercados financeiros. Mas nem o domínio das transações internacionais, nem o desejo da Grã-Bretanha de emular o Banco da Inglaterra impediram a prática de adaptar o padrão ouro para as suas próprias necessidades. Em nenhum sentido o exemplo britânico dita a forma do sistema monetário.

O Padrão Ouro Troca entre Guerras

Este padrão oferece uma imagem radicalmente diferente: por um lado, não havia uma única potência dominante; por outro lado, houve um esforço consciente por rivais para moldar a ordem monetária internacional para sua vantagem nacional. O período foi marcado por uma série de reuniões internacionais, sendo a mais importante a Conferencia Economica Financeira em Génova em abril de 1922, que não contou com a presença de uma delegação oficial dos Estados Unidos. Autoridades britânicas objetivavam evitar a deflação em todo o mundo, para promover a expansão do comércio internacional, e recapturar o negócio financeiro desviado para Nova York como resultado da guerra. Os Estados Unidos, por outro lado, percebiam como menos urgente a necessidade de incentivar o depósito dos saldos estrangeiros em Nova York. Estavam hesitantes em participar de uma conferência cujo sucesso parecia depender de concessões unilaterais em matéria de dívidas de guerra. Na ausência de uma delegação americana, as propostas da Grã-Bretanha formaram a base para as resoluções do Comitê Financeiro da Conferência Génova. O primeiro efeito de Génova foi incentivar a adoção de estatutos permitindo bancos centrais apoiar notas e depósitos à vista com câmbio de moeda estrangeira, bem como ouro. O segundo efeito foi o de incentivar a adoção de medida ouro de economia, incluindo a retirada da moeda de ouro de circulação e prestação de lingote para exportação unicamente pelas autoridades. O terceiro efeito foi dar incentivo sutil para países enfrentando a inflação em curso para estabilizar a taxas depreciadas. Assim Génova merece crédito parcial por transformar o sistema monetário internacional de ouro para um padrão de ouro troca, e de um sistema de taxa fixa para um em que bancos centrais foram investidos com alguma discrição sobre a escolha das paridades. O fato dos responsáveis ​​políticos britânicos conseguirem isso apesar de um acentuado declínio da posição da Grã-Bretanha na economia mundial e a oposição de influentes oficiais americanos sugere que o planejamento e esforço eram substitutos, em certa medida, para poder econômico.

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