Análise Lapsus Semiótica
Por: Amanda Mesquita • 7/4/2019 • Projeto de pesquisa • 455 Palavras (2 Páginas) • 188 Visualizações
Análise Lapsus (A Freira) - Juan Pablo Zaramella
A animação conta a história de humor católico sobre uma freira devota e simpática que resolve explorar o lado sombrio de um universo imaginário onde o preto e branco interagem com sua fé.
O que significa Lapsus? Sigmund Freud descreve o fenômeno em seu livro A psicopatologia da vida cotidiana, de 1901, como ato falho. Através do ato falho o desejo do inconsciente é realizado. Por isto pode ser inferido que nenhum gesto, pensamento ou palavra acontece acidentalmente. Os atos falhos são diferentes do erro comum. Freud evidenciou que o ato falho era como sintoma, constituição de compromisso entre o intuito consciente da pessoa e o reprimido.
Partindo deste ponto, temos através de uma convenção social segundo a religião católica neste caso, que vivemos em um universo dual, onde há o bem e o mau, o que leva a existência de um “lado sombrio/escuro” em cada um sendo este habitado por algo misterioso e desafiador, contrapondo um “lado de luz/branco” onde só há virtudes. Considerando a cor uma linguagem sígnica é importante fazer uso da semiótica para entender a interpretação resultante da interação entre esses elementos. A cor em seu isolamento, já é um signo em si e cada cor tem seu significado de acordo com a cultura que está inserida e o contexto de quem observa. Segundo Gimbel, em A energia criativa das cores, de 1995, o branco sugere a pureza em sua forma extrema, isolando qualquer intrusão. Já o preto sugere o temor, suspeita, curiosidade, memória emocional e um certo grau de perigo.
No vídeo analisado, o autor faz uso de sinais de apoio de linguagem. A função destes sinais é sublinhar a expressão da personagem e mostrar suas reações emocionais. No nosso exemplo de animação Lapsus, Zaramella usa esses recursos para enfatizar a surpresa e o espanto da freira,representando uma série de linhas que flutuam na cabeça dela.
O autor faz uso de símbolos como a cruz e as mãos em oração sendo utilizadas para simbolizar a religião cristã dentro do contexto narrativo. A mulher com o corpo bem delineado e seios fartos sendo representados pelos olhos redondos da personagem, que logo em seguida os tampa e volta para a sombra, nos traz a alusão do quão o feminino e sexualidade são escondidos e reprimidos dentro da religiosidade.
E por fim, o criador de Lapsus deixa sugerido com o lado sombrio caindo sobre a freira que não há separação entre esta dualidade, elas coexistem. O bem e o mau, o branco e o preto estão um dentro do outro.
Referências Bibliográficas
FREUD, Sigmund. A psicopatologia da vida cotidiana (1901). Editora Imago, 1996.
GIMBEL, Theo. A energia criativa através das cores. São Paulo. Editora Pensamento, 1995.
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