Análise Semiótica sobre o filme Cisne Negro
Por: juliarmachado • 21/5/2018 • Relatório de pesquisa • 725 Palavras (3 Páginas) • 972 Visualizações
Falarei sobre o filme “Cisne Negro”, dirigido por Darren Aronofsky e que conta a história de uma bailarina Nina (Natalie Portman) em NYC que dedica sua vida à dança, e espera que neste ano seja a mais nova atração principal do espetáculo de ballet russo “O Lago dos Cisnes”. O diretor da companhia Thomas (Vicent Cassel) traz uma releitura desta obra com a ideia de uma personagem principal, chamada Rainha Cisne, esperando que ela tenha a capacidade de mostrar tanto o lado perfeito do Cisne Branco quanto o lado poderoso e sensual do Cisne Negro. Enquanto a eterna bailarina da companhia Beth (Winona Ryder) se aposenta – forçadamente – Nina é a escolhida para o papel principal. Entretanto uma nova bailarina surge, a Lily (Mila Kunis), e as duas vivem uma amizade conflituosa. Nina ao treinar para o espetáculo e desvendar todo o lado sombrio para viver o Cisne Negro começa a entrar em conflito consigo mesma e acaba prejudicando seu equilíbrio psicológico e destruindo sua sanidade na busca da perfeição.
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Ao assistir o filme, é instantânea a sensação de desconforto que traz ao ver toda a caracterização do “eu” que a Nina se dá e sua busca incessável pela perfeição. O mundo do ballet é cruel em diversos níveis. Quanto maior a tensão, maior a companhia, maior o cargo que desempenhará no espetáculo, maior o conflito interno, e o filme mostra isso muito bem. É um drama psicológico e retrata um universo perturbador da bailarina que se vê sendo transformada de Cisne Branco para o Cisne Negro.
A trama mostra uma reflexão de uma dupla personalidade e toda a sua volta. Como ela administra a situação e como todos a impulsionam a algo. Primeiro ela tem um conflito em ser querer sempre chegar à perfeição pura, sem se soltar, sem se deixar sentir o momento, apenas pela técnica. De repente, ao ter a oportunidade de ser a bailarina principal e ouvir do seu professor que devia trabalhar mentalmente e fisicamente esse lado sensitivo, poderoso, sensual, ela se depara com um muro entre a perfeição doce e a malícia. Ao longo do filme, percebemos como ela tenta se descobrir, não apenas no seu corpo, mas também ao impor sua voz, tendo uma mãe muito protetora que está sempre colocando limites e conseguindo quebrar isso dizendo não, “eu posso”.
Nina dentro de toda essa descoberta tem conflitos mentais com a sua personalidade exterior. Ela se vê sendo transformada aos poucos no Cisne Negro, se vê brigando consigo mesma para mostrar que consegue sim fazer os dois papéis sozinha, também se vê sendo perseguida, pois antes de ser a principal ela almejava ser a Beth em cada ponto de sua carreira, buscando a tal perfeição.
Dentro do olhar da atriz conseguimos enxergar que ela consegue o grande feito de incorporar a Rainha dos Cisnes, trazendo a transformação do espelho em realidade. E por fim, dentro da história do ballet, o Cisne Branco se mata, pois o seu amor se apaixonou pela pessoa errada (Cisne Negro), e a forma de concretizar a perfeição é morrendo de verdade. Portanto, Nina termina o espetáculo dizendo que conseguiu interpretar com perfeição o espetáculo porque ela foi até as últimas consequências.
Este é um longa que traz enormes reflexões, pessoalmente para mim que fiz ballet durante anos da minha vida e sei que o ambiente tem uma história por traz. Assisti ao filme nos cinemas quando foi lançado em 2010, com a minha turma de ballet, e todas saímos reflexivas por mostrar tão a fundo um universo doloroso. Lembro claramente do choque de todas com a transformação da Nina no Cisne Negro, quando ela tira das costas uma pena, é como se todas tivessem sentido uma coceira nas próprias costas. É uma quebra de autocontrole quase constante, e mostra a importância, mas também os problemas das regras e da repetição dos exercícios, é uma força e recarga colocada em cima da personagem que mostra a normalidade de quebrar a unha por se esforçar além da conta.
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