As Macroambientes Indústria Eventos
Por: Murilo Bonício • 26/3/2020 • Trabalho acadêmico • 6.277 Palavras (26 Páginas) • 173 Visualizações
Introdução
Ambiente Sociocultural
Ascensão das mulheres
Segundo uma pesquisa encomendada pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública e realizada em fevereiro de 2019 pelo Datafolha, 51,6% da população brasileira é formada por mulheres. Cerca de 30 milhões de lares e 34% dos negócios no Brasil são comandados por mulheres, como mostram os dados de um levantamento do IBGE. Tais dados revelam a importância do papel feminino na sociedade atual. Cada vez mais, as mulheres passam a ocupar cargos e assumir funções que antigamente eram exclusivamente masculinos. No entanto, em meio a sociedade brasileira, que ainda luta para deixar de lado os costumes e preconceitos machistas, as mulheres ainda sofrem com uma desigualdade e violência alarmante.
No mesmo estudo do FBSP, citado previamente, constatou-se que nos últimos 12 meses, cerca de 2 milhões de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no país. As violências físicas ou psicológicas foram presenciadas por mais de 42% da população feminina. Assim como aproximadamente 22 milhões (37%) de brasileiras sofreram algum tipo de assédio.
Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), informou que até o ano de 2030, a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro aumentará e se tornará maior que a participação masculina. Neste período, cerca de 64,3% das mulheres consideradas em idade ativa (17 a 70 anos, ) estarão empregadas ou buscando trabalho.
Em meio a um cenário tão agressivo para o público feminino, diversos eventos e exposições têm ganhado notoriedade ao falarem sobre o empoderamento feminino e a importância de uma sociedade que defenda a igualdade de direitos entre ambos os sexos. O “Somos todas por uma” é um projeto que já vem sendo realizado e traz uma prévia do que há de surgir futuramente. Nesse evento, diversos palestrantes (de diversos segmentos, classes sociais e gêneros) são reunidos com o objetivo de trazer autoconhecimento, instruções e assuntos atuais no campo de visão feminino. São oferecidas oficinas de cura espiritual, gestão de sentimentos, autodefesa e mais. Percebe-se, então, que esses tópicos que passaram a ser discutidos país afora, são tendência para o futuro da indústria de eventos no Brasil e devem aumentar em quantidade nos próximos anos.
Veganismo
Segundo a última pesquisa realizada em abril de 2018, pelo IBOPE, 14% dos brasileiros se declaram veganos – se considerada apenas a região Sudeste, este número passa a ser 16%. A estatística mostra um crescimento de 75% em relação a quantidade de brasileiros veganos em 2012. Esse número representa cerca de 30 milhões de cidadãos, sendo uma quantidade maior do que a registrada em países como Austrália e Nova Zelândia. Tais dados revelam uma tendência crescente com a preocupação mais saudável, sustentável e ética. Mesmo sem dados exatos, empresários brasileiros sinalizam que este é um mercado que cresce 40% ao ano.
Dentre as razões que levam as pessoas a mudarem seus hábitos alimentarem, a preocupação com o impacto ambiental negativo que a pecuária pode trazer e as péssimas condições as quais os animais são expostos pela indústria alimentícia se destacam. Conforme os dados divulgados pelo Datafolha, em 2017, 63% dos brasileiros afirma querer reduzir o consumo de carne. Mais de 55% também declarou que consumiria mais produtos veganos se estivessem melhor indicados na embalagem ou se tivessem preço similar aos produtos industrializados. A Allied Market Research, uma empresa de pesquisas de mercado internacional, chegou a publicar que espera-se que o mercado das alternativas à carne registre um crescimento anual de 7,7% entre 2018 e 2025, passando a obter uma receita de aproximadamente 7,5 bilhões de dólares em 2025.
Visto isto, diversas empresas pelo mundo a fora começaram a investir nesse mercado promissor e a indústria de eventos não está de fora. Num cenário futuro no qual grande parte da população será vegana – ao menos, se a tendência de crescimento notada entre 2012 e 2018 se mantiver – eventos que abordem o tema serão cada vez mais frequentes. Este é o caso do Arraiá Vegano, realizado este ano no Museu de Arte da Bahia, que propunha juntar a tradição das festas juninas brasileiras com a tendência vegana e vegetariana que se espalha pelo país. Eventos deste tipo tendem a estarem cada vez mais presentes no futuro do Brasil.
Millennials
A maneira como percebemos e interagimos com tudo a nossa volta é influenciada por diversos fatores, tais quais: nossa criação, valores e poder aquisitivo. É comum que os indivíduos sociais compartilhem uma visão de mundo similar a daqueles que cresceram e se desenvolveram em condições parecidas.
Há bastante tempo, a ideia de gerações induz escolhas de vários publicitários, nos mais diversos segmentos. Na indústria de eventos, muitos organizadores também se preocupam com a crescente importância de uma geração que ainda intriga a sociedade: os millennials.
Também chamada de Geração Y, os millennials são constituídos por todos aqueles que nasceram entre o início dos anos 80 e final dos anos 90 e que hoje representam cerca de um quarto da população mundial. Segundo estudos realizados pela empresa de pesquisa de mercado Nielsen, até o final de 2025, espera-se que essa geração corresponda a 75% da força de trabalho e se tornará o maior e mais influente grupo de consumidores.
Para o mercado de eventos, a ascensão de uma geração que é frequentemente caracterizada como um público autocentrado, hiperconectado e preso em uma bolha digital é algo que pode preocupar. Porém, deixando os estereótipos de lado e fazendo uma análise mais profunda sobre o assunto, percebe-se que essa geração utiliza a tecnologia como instrumento para melhorar o mundo constantemente. E isso diz muito sobre sua relação com os eventos.
Enquanto os Baby-Boomers e a Geração X – gerações anteriores – participavam de feiras, congressos e festivais para acessarem conteúdos e pessoas que dificilmente poderiam ser acessados por outros meios, os millennials encaram esses mesmos eventos como experiências complementares – que expande a visão do mundo o qual eles já têm acesso. Essa, portanto, não é uma geração que perdeu o interesse em eventos, somente mudou suas prioridades em relação a eles. Essa geração não teve a necessidade de se adaptar a nenhuma inovação e, por essa razão, são consumidores e usuários mais frequentes. Por conta de terem nascido em tempos de grandes avanços da tecnologia, hoje, são dependentes dela para diversas ações como: estudar, comprar e se comunicar.
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