Conectando indústria e consumidor: desafi os do varejo brasileiro no mercado global
Trabalho acadêmico: Conectando indústria e consumidor: desafi os do varejo brasileiro no mercado global. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jeanboges • 29/10/2013 • Trabalho acadêmico • 8.842 Palavras (36 Páginas) • 600 Visualizações
Conectando indústria e consumidor: desafi os do
varejo brasileiro no mercado global
Silvia Maria Guidolin
Ana Cristina Rodrigues da Costa
Bernardo Furtado Nunes*
Resumo
É no comércio varejista que o consumidor chancela o valor dos bens
produzidos pela indústria. O contato direto com os consumidores constitui
seu maior ativo, pois possibilita a identifi cação das preferências do mercado,
traduzindo tais demandas para a indústria e, por consequência, impulsionando
vendas ou indicando pressões competitivas para mudanças.
O principal objetivo deste artigo é discutir como a importância do varejo
na economia vai além da sua signifi cativa participação no valor adicionado
e no volume de emprego da economia, seja exercendo papel relevante na
coordenação de cadeias de valor, incentivando a qualidade e a competitividade
dos fornecedores, seja criando novas formas de relacionamento com
*Respectivamente, economista, gerente e estagiário do Departamento de Bens de Consumo, Comércio
e Serviços da Área Industrial do BNDES. Os autores agradecem a contribuição do Instituto para o
Desenvolvimento do Varejo – IDV e do grupo GS&MD – Gouvêa de Souza, bem como os comentários
de Carlos Eduardo Castello Branco, Patrícia Zendron, Victor Jose Ligneu Schultz e Érico Rial Pinto
da Rocha.
Comércio e Serviços
BNDES Setorial 30, p. 3 – 61
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4 o consumidor, estimulando o desenvolvimento de novos canais de venda.
Além disso, à medida que se internacionaliza, pode criar espaços privilegiados
para a exportação de produtos e marcas nacionais, como fazem grandes
varejistas globais.
Assim, por seus efeitos encadeadores, os desafi os do varejo são relevantes
oportunidades para o desenvolvimento da economia brasileira.
Introdução
A aceleração da competitividade global torna o momento da venda da
mercadoria cada vez mais importante para as empresas, principalmente
porque é quando se vê que o consumidor está chancelando o valor de determinado
produto. De fato, o objetivo da produção deve ser projetar produtos
e serviços para satisfazer os consumidores, a fi m de melhorar seus resultados
e buscar o aumento da competitividade da organização.
Conforme Solomon (2008), em um contexto no qual a sociedade evolui
de uma cultura de massa, em que muitos consumidores compartilham as
mesmas preferências, para uma cultura diversa, em que temos um número
de opções quase infi nito, mais do que nunca é importante identifi car distintos
segmentos de mercado e desenvolver mensagens e produtos especializados
para esses grupos. Portanto, o maior ativo do varejo é o monitoramento
constante do comportamento do consumidor, o que possibilitou o aumento
de sua relevância no cenário econômico nas últimas décadas [Souza (2007)].
O foco deste trabalho será o estudo do comércio varejista brasileiro, que
chamaremos de varejo, tendo em vista sua importância como elo fi nal da
cadeia de valor dos produtos, bem como os desafi os a serem enfrentados
para o seu desenvolvimento em um mercado globalizado. No varejo ocorre o
momento no qual o consumidor entra em contato com os bens fi nais produzidos
pela indústria e marca o encerramento de um ciclo iniciado no projeto
de produtos e serviços. Assim, esse ciclo tem seu início com o consumidor
e nele termina [Slack et al. (2009)].
O varejo faz parte das atividades de comércio, que responde por cerca
de 10% do PIB brasileiro. Compreendem-se por atividades do varejo as
vendas de produtos, preferencialmente em pequenos lotes, ao consumidor
fi nal, para uso pessoal e não comercial, cujos estabelecimentos podem ser
especializados, como postos de combustíveis, farmácias, lojas de móveis,
| Comércio e Serviços
tecidos, roupas ou sapatos; ou não especializados, como hipermercados/ 5
supermercados e lojas de departamentos.
Com a ampliação da oferta de linhas para o setor de comércio em meados
dos anos 1990, o BNDES passou a elaborar alguns estudos importantes
para a compreensão da dinâmica do varejo no Brasil. Os artigos de Santos e
Costa (1996; 1997) e Santos e Gimenez (1999) fornecem um panorama do
varejo num momento de forte reestruturação do setor, enquanto o trabalho
de Saab e Gimenez (2000a) contribui com uma descrição dos segmentos do
varejo. Entre os segmentos já analisados, destaca-se o varejo de alimentos,
como em Saab (2000) e Saab e Gimenez (2000b), enquanto o segmento de
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