Estrutura nacional e regional
Projeto de pesquisa: Estrutura nacional e regional. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Kristy218 • 9/11/2014 • Projeto de pesquisa • 5.958 Palavras (24 Páginas) • 389 Visualizações
Introdução
Os citrinos são hoje, sem dúvida, o sector mais importante da agricultura
algarvia, representando esta região cerca de 71% da área total de citrinos do
Continente. A sua origem em Portugal advém de tempos ligados à gloriosa
época dos descobrimentos, onde navegadores portugueses trouxeram da
China as melhores variedades cultivadas de citrinos. O seu desenvolvimento
em escala no país teve início em fins do século XVIII, tendo o Algarve se
tornado na principal região produtora de citrinos apenas em meados do século
XX.
Atualmente, à semelhança de muitos outros sectores agrícolas, também a
citricultura se depara com alguns problemas, entre os quais destacamos:
aspetos relacionados com certificações do material vegetativo, a estruturas das
propriedades, a idade dos produtores, a baixa produtividade, a organização e
cooperação empresarial, a qualidade dos produtos, a dificuldade de penetração
nos mercados externos, etc.
Este documento surge assim numa tentativa de entender e perceber, do ponto
de vista económico, um pouco da história da citricultura portuguesa, a sua mais
recente evolução e a atual situação que se vive no sector em Portugal, mais
concretamente na região do Algarve. Pretende assim responder às principais
questões: “Como se chegou até aqui?”, “Em que ponto se encontra o sector
neste preciso momento?” e “Que perspetivas existem para o sector no futuro?”
Numa altura em que a economia portuguesa atravessa uma das suas maiores
crises, surge a necessidade de perceber e valorizar aquilo que de melhor existe
no país. Os tradicionais citrinos do Algarve são, certamente, algo de que este
país se deve orgulhar. A sua acreditada qualidade e reputação em
características organoléticas, tais como o bom saber e aroma agradável, é, não
só reconhecida a nível nacional, como também internacionalmente,
principalmente por parte de países Europeus.
A análise do sector foi baseada em dados concretos e estatísticos das
principais entidades portuguesas creditadas, tais como o Instituto Nacional de
Estatística, PorData, Banco de Portugal e Gabinete de Planeamento e
Políticas.
Para efeitos de sistematização, o presente trabalho encontra-se decomposto
em quatro partes:
Parte I – Enquadramento nacional e regional da citricultura portuguesa;
Parte II – Dados Técnico-Económicos do sector;
Parte III – Análise teórica do sector em relação à sua mais recende
evolução e atualidade;
Parte IV – Análise SWOT ao sector, procurando descobrir os seus
pontos-chave.
1. Enquadramento nacional e regional
De acordo com o referenciado pelos autores do livro “Os Citrinos” (1977) –
Amaral e Duarte – os citrinos são oriundos das regiões tropicais e subtropicais
do continente Asiático e do Arquipélago Malaio. Segundo relatos de
navegadores da época dos descobrimentos, a laranja doce foi adotada por
Portugal a partir do oriente, mais propriamente através de portugueses que
trouxeram da China as suas melhores variedades cultivadas e as divulgaram
no nosso país. Os primeiros pomares foram instalados nas lezírias do Tejo e
Sado, Madeira, Açores e Brasil.
Existem alguns historiadores que referem já existir exportações de citrinos
desde o século XVI, todavia o desenvolvimento da sua cultura em maior escala
iniciou-se nos finais do século XVIII, inícios do século XIX, tanto nos Açores,
como em Portugal Continental, especialmente nas Regiões de Setúbal,
Coimbra, Amares e Vale de Besteiros.
Só mais tarde, a partir de meados do século XX (sobretudo a partir da década
de 60), o Algarve surge como a principal região produtora no quadro da
citricultura nacional. O crescimento que se verificou na região a partir dessa
altura, deveu-se sobretudo à entrada em funcionamento do Perímetro de Rega
de Silves, Lagoa e Portimão e aos incentivos financeiros da CEE, que foram
concedidos aos produtores a partir da década de 80.
Gráfico 1 - Área de citrinos em Portugal e no Algarve em 2011 (ha).
Fonte: INE, Estatística da produção vegetal, 2012
Para além disso, as novas tecnologias, a expansão do sistema de rega
localizada e o aumento do poder de compra da população tiveram também um
contributo bastante positivo na expansão deste sector.
Atualmente em Portugal a área ocupada por esta cultura estima-se que seja de
19.596 ha, dos quais 13.827 ha se localizam no Algarve. Esta região
representa assim a maioria da área total
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