Havaianas (Case De Sucesso)
Artigo: Havaianas (Case De Sucesso). Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: PaigeB • 27/5/2014 • 1.596 Palavras (7 Páginas) • 716 Visualizações
Case Havaianas
Elas estão nas prateleiras de lojas de departamentos chiques como Saks Fifth Avenue e
Bergdorf Goodman, em Nova York, e Galleries Lafayette, em Paris. Ocupam espaço em
vitrines da badalada Via Spiga, em Milão, dividindo a cena com as marcas Dior e Prada. No
ano passado, foram as sandálias escolhidas pelo estilista francês Jean-Paul Gaultier para
calçar as modelos que desfilaram sua coleção de verão. Personalizadas, chegam a custar
100 libras (quase 500 reais) em algumas modernas lojas inglesas. As brasileiríssimas
Havaianas, lançadas pela São Paulo Alpargatas em 1962, são a bola da vez na cena fashion
internacional. O chinelo de borracha que já foi considerado “coisa de pobre” no Brasil, hoje
enfeita pezinhos milionários, como as das atrizes Julia Roberts e Sandra Bullock, e os das
top models Naomi Campbell e Kate Moss. As Havaianas de hoje – como as de antigamente
– não soltam as tiras e não têm cheiro. A diferença é que, agora, elas vendem pra dedéu lá
fora.
Nos últimos anos, a receita gerada pela exportação do produto – um aparentemente
simples chinelo de borracha – praticamente quadruplicou. A expectativa da Alpargatas é
que neste ano sejam vendidos 5 milhões de pares no mercado internacional. Tal volume
ainda é pequeno quando comparado à produção total da empresa – em 2002 foram
fabricados mais de 130 milhões de pares de calçados, sendo 115 milhões de Havaianas. Em
2001, as vendas do produto no varejo atingiram 600 milhões de reais. (A Alpargata também é dona das marcas Rainha, Topper, Mizuno e Timberland). No entanto, a curva
ascendente do produto indica para o carioca Fernando Tigre, presidente da empresa, que
um grande desafio poderá ser cumprido. “Até o final de 2004, 15% do nosso faturamento
deverá vir das exportações”, diz ele.
Para chegar lá, montanhas de pares de Havaianas terão de ser vendidos. No ano passado,
apenas 3% do faturamento da empresa foi gerado com exportações. “Seria uma meta fácil
se o presidente não fosse tão cabeça-dura”, diz Tigre, sobre ele mesmo. “Quero exportar
uma marca e não um produto”. Calcule quantos bens de consumo fabricados no Brasil têm
sua marca reconhecida no exterior e você terá uma dimensão do desafio imposto por
Tigre.
O trabalho de construção de uma marca internacional ganhou fôlego em janeiro de 2001,
com a contratação de executiva paulista Angela Tamiko Hirata para o cargo de diretora de
comércio exterior. “Até então, nossa estratégia de exportação era oportunista, e a pessoa que cuidava da área nem falava inglês”, afirma Tigre. Filha de japoneses, Angela havia pisado na Alpargatas dois anos antes para trabalhar como consultora de mercado externo.
Para fazer a Havaianas brilhar lá fora, ela lançou mão de duas competências pessoais. A
primeira delas, a fluência em quatro idiomas – além do japonês, herdado dos pais, Angela
fala inglês, espanhol e italiano. A outra, a experiência com exportação de calçados. De 1989
a 1997, ela foi a responsável por abrir o mercado asiático para a gaúcha Azaléia, a maior
fabricante brasileira de calçados femininos e de tênis. “A percepção do mercado
internacional nessa época era de que o sapato brasileiro não tinha muita qualidade”, diz.
“Foi aí que aprendi o valor que uma marca pode ter”. Angela não carrega nenhum dos
estereótipos dos executivos ligados ao mundo da moda. Aos 59 anos, fala baixo – mas
firme –, veste roupas discretas, quase apagadas, e mantém o cabelo cortado no clássico
estilo chanel. Mas foi sob o seu comando que as exportações das antes prosaicas sandálias
de borracha deslancharam. Quando Angela assumiu o cargo, a Alpargatas exportava para
15 países, a maioria deles na América Latina. Atualmente comandando uma equipe de 15
pessoas, ela faz os produtos da Alpargatas chegar a 52 mercados espalhados pelo mundo.
Uma de suas primeiras medidas para chegar a esses destinos foi reorganizar a rede de
distribuidores. Na Europa, por exemplo, a mudança foi drástica. Até 2001, a Alpargatas
tinha um distribuidor em Portugal, encarregado de repassar os produtos também para a
França e para a Itália. Não funcionava. “O revendedor não pensava na marca, e sim no
volume”, diz Angela. A solução foi afastá-lo do negócio e buscar parceiros mais afinados
com o novo posicionamento.
O mesmo aconteceu nos Estados Unidos. Depois de uma discussão com um distribuidor
que insistia em levar as Havaianas para a rede varejista Wal-Mart – para ganhar escala – Angela percebeu que era preciso encontrar um novo representante. A escolhida para
substituí-lo foi a americana Kerry Sengstaken, então assessora de imprensa de Alpargatas
nos Estados Unidos. Dona da Stylewest, empresa de relações públicas da Califórnia
especializada em moda surfe e praia, Kerry conhecera as Havaianas três anos antes,
durante uma feira californiana de produtos
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