Tribos de Consumo - Drag Queens
Por: gitellini • 9/10/2016 • Trabalho acadêmico • 4.494 Palavras (18 Páginas) • 574 Visualizações
Profa. Bianca Leite Dramali
Alunos: Alessandra Cardoso, Daniel Lima, Everton di Lima, Giovanni Tellini, Maria Alice Nunes, Tatiana Souza e Tatiane Martins
Trabalho de conclusão da disciplina de Pesquisa de Mercado e Comportamento do Consumidor
TRIBOS DE CONSUMO: AS DRAG QUEENS
Universidade Estácio de Sá
Rio de Janeiro – 2015
QUEM SÃO ELAS?
No princípio eram as saias, depois vieram maquiagens, plumas, saltos e nunca mais a cultura seria a mesma. A nossa tribo objeto de pesquisa são as Drag Queens, um movimento de contra que vai muito além da aparência, serviu de apoio para discussões sociais e até hoje segue quebrado paradigmas da sociedade.
Podemos definir como Drag Queen a personalização de uma figura feminina, através de maquiagens, roupas, acessórios e outros elementos, de forma tão exagerada que chega a extrapolar a construção social de “feminino”. Embora essa manifestação esteja associada, muitas vezes, a eventos, performances e shows, o real objetivo do movimento é dar voz a classes oprimidas, de maneira leve, divertida e irreverente.
Ao contrário do que muitos imaginam, tanto homens quanto mulheres podem ser drag queens, contanto que a personagem montada possua características do gênero feminino. Além disso, esse movimento não está necessariamente relacionado a orientações sexuais, muito menos à transgeneridade, embora a maioria de deus adeptos faça parte da comunidade LBGT+.
E essa conversa sobre drag queen é muito antiga. No século XVIII as mulheres não podiam atuar, então os homens despiam as calças e se vestiam delas! E a etimologia “Drag Queen” tem diversas teorias, uma é exatamente sobre as saias usadas no teatro antigo, conhecidas como Drag. Outra seria uma espécie de sigla da expressão “DRESSED AS A GIRL” (vestido como uma garota). Há, também, uma teoria que sugere ser uma abreviação de “Dragon Queen” (Rainha Dragão).
O movimento começou a ganhar força, corpo e glitter nos anos 80, em clubes urbanos de cidades como Nova Iorque e Inglaterra. No Brasil, no início dos anos 90, já existiam Drag Queens de renome como Márcia Pantera, Dimmy Kier (que participou do reality show Big Brother Brasil) e outras.
A mídia, a música e o cinema são referências fortemente ligadas ao trabalho das Drags. Carmem Miranda, por exemplo, é um ícone. Com seus apetrechos, pérolas e roupas coloridas serve de inspiração para muitos trabalhos. Em 1994 um filme marcou a presença dessa tribo no cinema mundial, o australiano “Priscilla – Rainha do Deserto” levou prêmios como Oscar, Bafta e Globo de Ouro. E mais, a consagração para o grande público das Drags como um referencial. O hino máximo “I Will Survive” foi entoado e eternizado no longa.
No dia 16 de julho é comemorado o Dia Internacional da Drag Queen, estabelecido em 2008, pelo designer britânico Adam Stewart. Na década de 80 e 90, a atriz Elke Maravilha e a Drag Isabelita dos Patins já estavam na televisão quebrando paradigmas e apresentando um universo bastante singular. Porém, hoje há uma legião delas que ficaram famosas e entraram para o mundo das celebridades nacionais. São elas: Silvetty Montilla, Tiffany Bradshaw, Deema Love, que impressionou com sua voz os jurados no “The Voice Brasil”, a famosa Dimmy Keer, que participou como Dicésar, do Big Brother Brasil 10 e Marcia Pantera, que já foi musa do estilista Alexandre Herchcovitch.
Seja pelo culto e homenagem à mulher ou pela militância em prol do respeito mútuo – entre gêneros, indivíduos diderentes orientações sexuais e outros aspectos – a tribo das Drags ainda tem muito a colorir na nossa sociedade. O fato é que felizmente elas são cada dia mais aceitas e admiradas, mesmo em ambientes considerados mais conservadores como as cerimônias religiosas. Quem nunca foi recepcionado por uma Drag Queen em um casamento?
A TRIBO DE CONSUMO
Com certeza, essa tribo gosta muito de consumir, e marcas não faltam para compor seu visual. Maquiagem, roupas, sapatos, perucas, plumas, gliter, paetê, tecidos escandalosos e muitos outros acessórios são necessários para a criação dos figurinos das Drags, cuja maior referência sempre foi o mercado de luxo e artistas do jet set internacional.
Recentemente, o conceito de Drag tem ganhado uma nova leitura, desmitificando a ideia de que quanto mais feminina, mais bonita. Atualmente, elas trazem um toque de surrealismo, conhecido como drag traminal, uma mistura de alienígena, que transita pela androginia, com referência em outras espécies. As novas Drags, para mostrar toda essa diversidade, trazem visuais livres, que podem ser de animais, plantas, objetos, ou seja, o que elas quiserem... até mesmo um ar mais diabólico, com barba e chifres. Uma das referências dessa nova transformação e que ajudou a introduzir esse estilo cartunesco foi a cantora Lady Gaga.
Toda Drag tem uma diva dentro de si, porém, seu papel na sociedade extrapola o campo da estética e da diversão, alcançando outros terrenos, como política, cultura e moda. Atualmente, o discurso da tribo é contra a homofobia e qualquer tipo de desigualdade. Seus integrantes propagam a ideia de gênero ser uma opção, assim, qualquer um pode desconstruí-lo, ou até mesmo anulá-lo. Para elas não existe a necessidade de sermos homens ou mulheres e o nosso corpo não pode mais atuar como um fator limitante. De maneira geral, elas acreditam que somos todos livres e existência de regras está sempre relacionada à opressão.
A POPULARIZAÇÃO DAS DRAGS
Sem dúvida, foi a internet que deu sua maior contribuição para popularizar ainda mais o movimento. Através de blogs, vlogs, canais no Snapchat, transmissões ao vivo no Periscope, contas no Instagram e tutoriais de montagem no You Tube, elas possuem uma legião de fãs. Uma das maiores provas da popularidade da Drag Queen é o reality show americano, RuPaul Drag´s Race, exibido no Brasil pela Netflix, outros veículos da internet e também pelo canal pago Multishow. O programa, apresentado pelo ator, cantor e intérprete, RuPaul desde 2009, retrata o cotidiano de uma nova geração de Drag Queen e se tornou um sucesso ao explorar o potencial da estética drag.
Muitos artistas passaram a se identificar com as Drag Queens e se aproximar do seu público que, por sinal, é muito fiel e crítico. Muito mais que criar o laço é dar
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