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O Imperialismo Belga no Congo

Por:   •  23/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.518 Palavras (7 Páginas)  •  368 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG

CARLOS EDUARDO ALVES FERREIRA

IMPERIALISMO BELGA NO CONGO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

BELO HORIZONTE

2019


Introdução

 Este trabalho acadêmico visa conceituar de maneira sucinta os principais fatores ocorridos no período de dominação belga na região do Congo durante o final do século XIX e início do século XX. Além disso, busca analisar de forma objetiva as consequências sociais, culturais e econômicas que atingem a República Democrática do Congo desde o início dessa época sangrenta até os dias atuais, marcando mais um episódio infeliz e injusto ocasionado pela Partilha da África.

Conferência de Berlim e a justificativa belga

A Conferência de Berlim foi convocada por Otto von Bismarck- Estadista mais importante da Alemanha no séc. XIX- com o objetivo de estabelecer critérios internacionais para a divisão de terras africanas com o propósito de evitar conflitos entre as grandes potências europeias.

 Além disso, na assembleia surgiu o” Ato Geral da Conferência de Berlim”, responsável pelo esqueleto da colonização. Dentre as medidas estabelecidas, destacam-se o princípio da ocupação efetiva e o fim da escravidão pelas potências islâmicas e africanas. A primeira providência tinha o objetivo de afirmar que nenhum território poderia ser reivindicado antes de ser administrado pelo poder colonial. Já a segunda, tem o propósito de “fachada humanitária” para conseguir apoio mundial.

 Através das medidas formuladas, a Bélgica comandada por Leopoldo II definiu o território congolês como propriedade da potência europeia, com a justificativa de levar progresso para o país africano, baseado em razões filantrópicas- leia-se racismo - e humanitárias.

 Com o propósito claramente econômico, o Império Belga enriqueceu através da mineração, colheita do látex e obrigatoriedade do pagamento de impostos dos colonos. Dessa forma, as empresas privadas foram eliminadas visando o favorecimento estatal, o confisco de terras dos nativos, e consequentemente, o monopólio do Estado sob os produtos

Rei Leopoldo II  

Leopoldo Luís Filipe Maria Vítor (Bruxelas, 9 de abril de 1835 — Laeken, 17 de dezembro de 1909) tornou-se o segundo rei da Bélgica em 1865, ano em que já era casado com Maria Henriqueta, princesa austríaca. Inicialmente, o rei governava de maneira competente e relativamente justa - temendo as revoluções que ameaçavam acontecer em seu país, e que mais tarde, ocasionou da democratização do mesmo.

Porém, a sua determinação expansionista fez com que Leo mudasse sua postura imperialista, acreditando que a quantidade de recursos que uma nação poderia extrair de suas colônias era diretamente proporcional à sua grandeza. Dessa forma, o desejo de expansão tornou-se obsessão, e o rei belga após fracassar na possessão das Filipinas, voltou sua atenção para o Congo e suas riquezas hídricas, minerais e territoriais – tendo em vista que a região é 76 vezes maior do que a Bélgica.

Sendo assim, Leopoldo criou em 1876 a Associação Internacional Africana, com o discurso de ajuda humanitária, visando a catequização e a industrialização. Entretanto, o monarca tinha o real propósito de reunir recursos e explorar todo o território.  Com o auxílio de exploradores e pesquisadores, o rei conseguiu abrir caminho pela selva congolesa e preparar o espaço para a chegada de seus homens, consequentemente, nomeando a região como “Estado Livre do Congo”, e dessa forma, sendo reconhecido pela Conferência de Berlim como propriedade belga. Com o falso discurso de progressismo e conversão religiosa, o processo imperialista acarretou em milhares de congoleses mortos, trabalho escravo, mineração, caça de animais – principalmente elefantes pelo marfim e hipopótamos por sua pele grossa – e desmatamento para a extração de borracha.

Exploração cruel e sanguinária

Após o Congo se transformar em propriedade pessoal do Rei Leopoldo II, o monarca fez alianças com poderosos da região e guerreou contra os nativos que contrariassem seus desejos imperialistas. Eventualmente, obteve o controle interno do território.

Ademais, Leopoldo formulou um grupo de mercenários responsável por garantir que suas ordens fossem garantidas e respeitadas na colônia. Além disso, Leo ignorou a divisão feita por tribos de origens diferentes e estabeleceu sua própria divisão através de distritos administrados por líderes escolhidos por ele, e que tinham o “sangue ditatorial” como requisito principal para o cargo. Cada distrito era responsável por um determinado tipo de recurso, como marfim ou ouro, látex ou diamante, etc., e esses administradores tinham retribuições em cima dos lucros como pagamento de seu trabalho. Sendo assim, esses “gerentes” eram motivados a explorar cada centímetro do Congo e a mão de obra de sua população.

Dessa forma, os congoleses foram obrigados a trabalhar até atingirem a exaustão, na maioria dos casos, essa exaustão terminava em morte por desnutrição ou suicídio. Esse serviço era feito na selva, em plantações e mineradoras, sendo que, para abrir caminho para o expansionismo Leo ordenou uma “varredura” em inúmeras tribos da região. Os nativos também tinha uma “cota de produção”, e aqueles que não alcançassem os objetivos estabelecidos eram castigados de forma desumana: amputação de mãos e pés, além de que, se o nativo fugisse, seus filhos e esposas eram quem sofriam as penalizações.

Estimativas de perda

Não há um número exato de congoleses no ano de 1885 (início do processo imperialista), mas há a estimativa de que cerca de 20 milhões de pessoas viviam na região nessa época. Um censo de 1924 indicou que existiam cerca de 10 milhões de habitantes no mesmo território, ou seja, o imperialismo belga matou metade da população em cerca de 20/30 anos. Para termos de comparação, dados sobre o Holocausto colocam cerca de 6 milhões de judeus mortos durante o período da Segunda Guerra Mundial, sendo assim, Leopoldo foi responsável por quase o dobro de mortes.

Imperialismo sem fim

Após o mundo tomar conhecimento da crueldade de Leopoldo II no Congo, o monarca foi obrigado a ceder sua “propriedade privada” ao governo belga. Após várias mudanças estruturais, o Estado Livre do Congo passou a se chamar Congo Belga. Ademais, o sistema de cotas de produção através do assassinato foi proibido.

Contudo, apesar do fim do imperialismo, o lucro obtido pela retirada de recursos continuou sendo enviado à Bélgica, além dos castigos através da mutilação e até mesmo estupro coletivo continuarem até a nação africana conquistar sua independência em 1971.

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