POLÍTICA ENTRE AS NAÇÕES DE HANS MORGENTHAU E VINTE ANOS DE CRISE – 1919-1939
Por: Marcelly Cunha • 23/5/2018 • Resenha • 1.207 Palavras (5 Páginas) • 405 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DISCENTES: Marcelly Cunha Alves R.A.: 151220344
DOCENTE: Prof. Fernanda Mello Sant’Anna
DISCIPLINA: Teoria das Relações Internacionais I
CURSO: Relações Internacionais – 2º ano (Vespertino)
RESUMO DOS TEXTOS “POLÍTICA ENTRE AS NAÇÕES” DE HANS MORGENTHAU E “VINTE ANOS DE CRISE – 1919-1939” DE EDWARD. H. CARR
Dentro da obra “Política entre As Nações”, Morgenthau inicia o quinto capítulo já esclarecendo sua finalidade: demonstrar uma teoria que explique a política internacional, com a exigência de que tal teoria deve ser elaborada e testada sobre um viés de natureza empírica e pragmática, mas não abstrata. Logo após o estabelecimento de seu objetivo, a questão primordial levantada pelo autor é a de se os elementos dessa teoria são capazes de interpretar a realidade coerentemente dentro de sua proposta de avaliação. Assim, em sua tese, Hans sugere que o realismo, uma escola de pensamento que prega, através da racionalidade, o uso de teorias como um método de verificação de fatos, é a via que mais se preocupa com a questão teórica e, portanto, decide discorrer ao longo do capítulo sobre os elementos da escola realista com um foco no seu caráter político.
Enumerando conceitos que se destacam em meio tanto do realismo, quanto da teoria política, Morgenthau exalta os papeis do interesse, do poder, dos motivos e predileções ideológicas dentro do âmbito político, a diferença entre política internacional e relações internacionais e, por fim, o papel da prudência. Através da história tem-se a certeza de que os interesses políticos, majoritariamente associados ao poder, determinam grande parte da atuação no cenário internacional, mas os motivos e posicionamentos ideológicos do representante governamental não podem ser a única orientação de um observador que busca compreender a atuação de seu governante, já que o desejo do ator e seu desempenho no cenário político externo nem sempre condizem. “O realismo político [...] exige de fato uma distinção muito nítida entre o desejável e o possível - entre o que é desejável em qualquer lugar e a qualquer tempo, e o que é exequível sob certas condições de tempo e de lugar.” (MORGENTHAU, 2003, p. 9-10).
Continuando em seu texto, o autor trata com destaque a questão do distanciamento entre as relações internacionais e a política internacional. A primeira ainda considera o sistema internacional anárquico, enquanto a segunda, através de um estudo realístico, enxerga a desigualdade presente nesse sistema com a supremacia das potências hegemônicas. Ao abordar a questão moral, Morgenthau afirma que Estado e indivíduo têm o direito de avaliar a prática política de acordo com princípios morais e, portanto, “a prudência - a avaliação das consequências decorrentes de ações políticas alternativas - representa a virtude suprema na política” (MORGENTHAU, 2003, p. 20).
No final do capítulo, o autor apresenta conclusões contundentes destacando que o interesse também está presente nos estudos realizados sobre a política, principalmente quando se trata da internacional, e que, por exemplo, ao realizar sua reflexão dentro de um enfoque estadunidense, acaba preterindo os problemas dos Estados Unidos em relação aos outros países. Outra conclusão de Hans é a de que o maior objetivo das nações atualmente é a manutenção da paz, sendo esta mantida por meios ineficazes que não garantirão uma harmonia eterna entre os Estados.
Passando a análise para um capítulo do texto “Vinte Anos de Crise” de Edward Hallet Carr, observa-se que há uma semelhança do autor agora abordado com o anterior, Mogenthau: ambos tratam da visão realista no âmbito da política internacional. Carr inicia o capítulo “A Crítica Realista” expondo a finalidade de seu texto: o histórico conflito entre teoria e prática política, em outras palavras a contenda entre utopia e realidade, além de apontar Maquiavel como o primeiro realista político de destaque já que um dos princípios pregados por ele dava a entender que “a teoria não cria (como presumem os utópicos) a prática, mas sim a prática é quem cria a teoria” (CARR, 2001, p. 86). A tese de Hans, ao não se distanciar do objetivo de sua obra, fica explícita já que o foco de seu texto é demonstrar os embasamentos das críticas feitas ao modelo utópico pelo modelo realista.
Os conceitos mais enfatizados pelo autor neste capítulo envolvem a questão da utopia sendo contraposta e condenada pelo realismo, a doutrina da harmonia de interesses usada como justificativa da concessão de privilégios aos privilegiados, o poder como definição da moral e a proposta da manutenção da paz como disfarce para continuidade das estruturas de controle de poder. O primeiro conceito discutido procura demonstrar que teoria para os realistas é posterior ao experimento que teoriza, diferentemente daquilo que os utópicos acreditam como uma abstração que frequentemente cria teorias sem muitas conexão com os fatos. . Fica clara que a missão dos realistas é “derrubar toda a estrutura de papelão do pensamento utópico, expondo toda a fragilidade do material de que é feito” (CARR, 2001, p. 99). A crença utópica fomentou a doutrina da harmonia de interesses que, ao invés de beneficiar a todos com sua proposta harmônica, restringiu os privilégios e fez com o que os beneficiados acreditassem ou não se importassem que todos usufruíssem dos mesmos bens. Essa visão não se aplica somente a indivíduos, mas também às nações que justificam sua supremacia e a crença de que aquilo que é ideal para elas também é ideal para os outros Estados, e assim é visualizada a questão de poder como produtor da moral.
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