Resenha: Vinte Anos de Crise - 1919-1939
Por: Thamires Lorrany • 20/6/2018 • Resenha • 1.138 Palavras (5 Páginas) • 513 Visualizações
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
ESCOLA DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
PROFESSOR: DANIEL DA CUNDA CORREA DA SILVA
ACADÊMICA: THAMIRES LORRANY NEVES DE MORAIS
RESUMO DOS CAPÍTULOS I E II DO LIVRO 20 ANOS DE CRISE: 1919-1939
REFERÊNCIA:
CARR, E. H. Vinte Anos de Crise: 1919-1939. Brasília: Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, Imprensa Oficial de São Paulo, 2001. Disponível em: <http://funag.gov.br/loja/download/40-Vinte_Anos_de_Crise_-_1919-1939.pdf>. Acesso em: 14 maio 2018.
Edward Carr, em seu livro 20 Anos de Crise 1919-1939, publicado em 2001, mostra o cenário da política internacional antes e depois da Primeira Guerra Mundial, e em sequência como surgiu a ciência da política internacional. A população pouco se importava com conteúdos relacionados à política internacional antes de 1914, não haviam muitas notícias tampouco algum estudo aprofundado, o que tornava um assunto que dizia respeito apenas aos profissionais desta área. Depois dos acontecidos de 1914, surgiu uma desconfiança para com os diplomatas e certas decisões tomadas por tais. Com isso, despertou-se um maior interesse em relação à política internacional, em entender como essas decisões eram tomadas e quais seus embasamentos. Foi percebido que a guerra não era assunto apenas dos soldados que estavam ali, mas sim dos estados envolvidos, daí o surgimento do movimento de popularização da política internacional. Acredita-se que do objetivo e desejo de algo, ou por algo, dá-se a criação de uma ciência. No caso da política internacional, pode-se dizer que o desejo de entender e curar o corpo político inspirou ao interesse do estudo dessa ciência mais detalhadamente, não só pelos especialistas do ramo. Esse interesse popular foi essencial para a ciência política internacional. O autor, Edward Carr, nota que, as ciências físicas têm formulações diferentes das ciências humanas. Enquanto a física é feita de modo que se construa comprovando um objetivo, a humana tem como objetivo o impulso. Ele compara algumas universidades para se ter como conclusão para desenvolvimento de pensamento se faz necessário o objetivo. Carr comenta que na ciência política o objeto de estudo é o comportamento humano, tornando o objetivo de extrema importância para o processo de investigação. Ele também menciona que um julgamento político ou qualquer pensamento se transforma em ação, já que é um posicionamento a respeito de determinada realidade a que se está inserido. Carr também mostra que no começo da ciência política era normal para os pesquisadores utilizar de ideias utópicas para conquistar seus objetivos, porém quando tais ideias desmoronavam fazia-se o uso dos estudos científicos. Para exemplificar isto, o autor usou o alquimista que tentava transformar chumbo em ouro, até perceber que a ideia utópica não funcionava e usar da ciência para então examinar a matéria. Essas ideias irreais acabam levando a erro, entretanto, tem-se a aspiração como princípio de pensamento. Era notável que os socialistas utópicos foram importantes para tornar os homens conscientes de problemas e do dever de enfrenta-los. Após uma guerra terrível, veio a motivação dos estudiosos a criar essa ciência para tentar prevenir que outro desastre como este se repetisse. A vontade de evitar outra guerra foi o determinante para o aprofundamento dos estudos do corpo político internacional. Porém essa meta de não acontecimento de outra guerra catastrófica seria irreal, baseando-se que para uma ideia ser posta em prática não se pensa nos motivos pelos quais não funcionaria mas sim pelo fato de que as consequências seriam gigantescas caso não funcionasse. O autor chega à conclusão de que a utopia é parte da ciência política, que a realização de objetivos depende da realidade presente, fazendo a análise parte oficial do estudo da ciência política. Esse período de entendimento, segundo Carr, é o realismo, onde ele explica que há elementos inalteráveis que devemos compreender e nos adaptar, estudando a sequência de eventos por meio do pensamento. A correta forma de pensar seria quando unimos a análise e a observação, não pensando prematuramente. Mostrando assim que dentro da ciência política deve haver ambos elementos, utopia e realidade. Segundo Carr, uma das diferenças do realista e do utópico é que, para o utópico existe um futuro espontâneo, enquanto para o realista o que comanda são as casualidades, a raiz do passado. Porém para se manter um equilíbrio, pensamento humano em sã consciência precisa estar no meio entre utopia e realidade. O realista se priva de possibilidades de mudar a realidade, por aceitar a sequência dos acontecimentos, enquanto o utópico às vezes não entende a realidade e como esta pode ser transformada. O autor explica, que os utópicos acreditam que a prática política deve se adaptar à teoria política, embora os realistas veem a teoria política como espécies de código da prática política. O processo político não consiste nas crenças apenas dos realistas, ou apenas dos utópicos, mas sim quando se reconhece que a teoria e a prática se interdependem, e que para atingir tais, precisa-se da união de utopia e realidade. De acordo com Carr, os então chamados “intelectuais” são aqueles que pensam mais em conhecimentos, independentemente da prática ou experiência. Enquanto os “burocratas” tem uma abordagem mais empírica, vindo de experiências, não de um raciocínio. Intelectuais são conhecidos por tentar adaptar a prática à teoria pois veem a si mesmo como líderes de ideias. Já os burocratas são homens de ação, que acreditam apenas no que veem, no treinamento burocrático e não no intelectual. Carr argumenta que a rivalidade entre burocratas e intelectuais persistiram por muito tempo, pois os intelectuais condenavam os líderes sindicais, enquanto os burocratas diziam que os burocratas não tinham experiência na prática dos problemas enfrentados. No período entre guerras os intelectuais propuseram que a guerra acontecia por conta do mal controle das relações exteriores, comandando por diplomatas e burocratas, que eram dados como suspeitas. Por outro lado, os burocratas desconfiavam das boas intenções dos intelectuais para com a segurança coletiva. O autor escreve que, mais tarde o que era utopia e realidade, se tornam esquerda e direita, um radical e o outro conservador, respectivamente. Até os dias atuais vê-se a direita relativamente fraca em termos de ideias, enquanto a direita falha em colocar em prática suas próprias teorias. Apesar da esquerda frequentemente aparecer com boas ideias para os seus líderes governamentais, a falta de experiência com a realidade atrapalha para com a realização de tais ideias. Foi sempre conflitante o fato de que a esquerda mesmo passando mais tempo no poder tinha pouca experiência administrativa, e a direita com menos tempo, tinha pouca prática com a teoria. Edward argumenta que a ética utópica não depende da política, e espera que a política se adapte a isto. E já os realistas, não aceitam a lógica se não através de fatos. A utopia depende de uma ordem social, e ética é interligada a política. Eles acreditam que se identifica a realidade apenas aceitando que não há outra forma se não a compreensão da mesma.
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