RESENHA WALLERSTEIN E MARX
Por: Cassiana Vieira • 14/4/2016 • Resenha • 1.273 Palavras (6 Páginas) • 529 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
TURMA RI 2012
Cassiana Santana Vieira
Immanuel Wallerstein e a crise estrutural do capitalismo.
O autor
Immanuel Maurice Wallerstein (Nova Iorque, 28 de Setembro de 1930) é um sociólogo estadunidense, mais conhecido pela sua contribuição fundadora para a teoria do sistema-mundo. Seus comentários bimensais sobre questões globais são distribuídos pela Agence Global para publicações como Le Monde diplomatique e The Nation.1 No Brasil, seus artigos são publicados na revista Fórum e na revista virtual Outras Palavras.
Immanuel Wallerstein e a crise estrutural do capitalismo.
Há séculos temos presenciado o surgimento de teorias contemporâneas relacionadas à política, economia, sociologia que são embasadas, em sua maioria, pelas teorias clássicas, redefinindo-as ou criticando-as. No que se refere às Relações Internacionais, observa-se a predominância de análises teóricas do mainstream, que seria basicamente o conjunto das perspectivas realistas e liberais. Entretanto, os estudos da disciplina tem fornecido espaço às novas análises, como provindas do marxismo, que ganham importância na reflexão da realidade atual.
A abordagem marxista, apesar de não ambicionar ser indispensável à disciplina de Relações Internacionais porque não via no Estado a mesma relevância estrutural vista por liberais e realistas, contribuiu significativamente para formulação de análises contemporâneas importantes, entre elas a teoria do Sistema-Mundo de Immanuel Wallerstein, que trata da teoria do Sistema-Mundo.
Apesar de muitos acreditarem que é mínima, ou inexistente, a contribuição do marxismo para o estudo das Relações Internacionais, Wallerstein e outros pensadores como Samir Amin, perceberam que apesar de muito atrelado ao campo econômico, as relações de mercado descritas na célebre obra de Karl Marx, O Manifesto Comunista (1848), se projetam atualmente no cenário mundial e que, essas forças transpassam os Estados e se constituem amplamente no seio global. Ao analisar os princípios marxistas de mais-valia, burguesia e proletariado e o caos iminente do capitalismo, Wallerstein os relaciona e os adapta à fase atual do ciclo capitalista e insere, nessa visão, sua teoria do Sistema-Mundo. Suas premissas teóricas básicas trazem o sistema mundial, que seria uma estrutura única integrada econômica e politicamente, que segue as regras capitalistas de acumulação e dominação, classifica-o como Economia Mundial capitalista. A importância da temporalidade, para podermos avaliar a evolução do mesmo. A autonomização indevida dos campos sociais, políticos e econômicos que, segundo suas palavras: “Há uma interpendência entre as esferas e operamos nela”. E por fim, a afirmação de que nenhum sistema dura para sempre.
O sistema internacional está inserido nessa perspectiva Segundo Wallerstein, em uma entrevista concedida ao repórter Jorge Pontual do jornal brasileiro Globo News, o momento presente é caracterizado, dentro do ciclo do sistema-mundo, uma crise estrutural do capitalismo. Para explicar tal afirmativa, inicia delineando sua tese desde a formação desse sistema, uma fase compreendida como “vida normal” que seriam os duzentos primeiros anos relativos ao desenvolvimento político e econômico, elevando a efetividade do sistema que nesse período se expande expressivamente, a ponto de quase atingir todo o globo. O teórico, para ilustrar, indica um mapa cronológico que remete ao surgimento do sistema-mundo e sua fase de “vida normal”, seriam os anos que sucedem as Grandes Navegações, a partir do século XV. Passados esses anos, temos a crise estrutural capitalista que, para ele, estamos vivenciando atualmente. Esse ponto, articulado sucintamente nessa pesquisa, refere-se ao maior dos objetivos de Wallerstein, tentar explicar as razões da desigualdade e o subdesenvolvimento. Para tal, retoma as bases marxistas que enfatizam o desenvolvimento das forças de produção, exercidas desigualmente, como responsáveis pela diferença de classes. Essas forças de produção, baseadas na divisão nacional de trabalho, acabam por ser administradas essencialmente pela burguesia, que trabalha na permanência dessas estruturas.
Para demonstrar a relação entre esse raciocínio clássico marxista e a atualidade, Wallerstein identifica os burgueses como os países do centro, que acumularam riqueza e puderam desfrutar, através de medidas econômicas aprimoradas, de seu desenvolvimento tecnológico. O proletariado vem a ser as nações periféricas que servem como produtoras de matéria-prima e suas medidas capitalistas servem apenas para a subsistência. Com essa análise, o autor define as causas da desigualdade e da dominação capitalista no Sistema-Mundo: o intercâmbio desigual de forças de produção, a hegemonia dos países centrais e as medidas adotadas pelas grandes empresas. A tão falada disputa de classes cede lugar à disputa de Estados.
A partir desse ponto, o teórico marxista chega às consequências desse caos capitalista, que se instala a partir de 1968. Uma das razões mais notórias do declínio é definida pela forma que os capitalistas ganham dinheiro, que está caindo em colapso. Os lucros não são tão atraentes como antes, exemplifica-se com a especulação, caminho comum para se obter lucros, que tem se limitado e os burgueses, centristas ficam sem alternativas, isso se torna um dos motivos primordiais para a degradação do sistema. Isso provoca insegurança social e financeira.
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