Relações Internacionais Paralelos Geopolíticos Da Obra Avatar: A Lenda De AANG
Por: zenithz • 18/3/2024 • Artigo • 2.618 Palavras (11 Páginas) • 91 Visualizações
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
PARALELOS GEOPOLÍTICOS DA OBRA AVATAR: A LENDA DE AANG
RIO DE JANEIRO
RESUMO
O objetivo deste artigo é demonstrar, de forma breve e quase lúdica, como conceitos mahanianos e mackinderianos se instalaram dentro da obra de animação Avatar: A Lenda de Aang e regeram, com importância, boa parte da trama que nela existe. Ao mesmo tempo, o artigo visa explicar esse diálogo entre real e fictício, da perspectiva geopolítica, a partir destes conceitos, expondo paralelos entre os fatos históricos e eventos ocorridos na animação. Além de mostrar a possibilidade de introduzir e expôr estes através de diferentes enfoques e ludicididade, de acordo com o público-alvo em questão, o infanto-juvenil.
PALAVRAS-CHAVE
Avatar: A Lenda de Aang; Mackinder; Poder Terrestre; Heartland; Poder Naval; Imperialismo
ABSTRACT
The goal of this article is to demonstrate, briefly and in an entertaining way, how mahanian and mackinderian concepts were used in the animated TV show Avatar: The Last Airbender and their impact on the series plot. Also, this article intends to explain this existing dialogue between the real and the fiction, from a geopolitical perspective, based on these concepts, exposing parallels between historical facts and events from the animation. It also seeks to show the possibility in introducing and exposing these ideas through different approaches, according to the designated audience, in this case, young-adult individuals.
KEYWORDS
Avatar: The Last Airbender; Mackinder; Land Power; Heartland; Sea Power; Imperialism
INTRODUÇÃO
Avatar: A Lenda de Aang é uma obra de animação que tem como contexto um universo fictício no qual o planeta é dividido em quatro nações: Ar, Fogo, Terra e Tribos da Água. Ao assistir a obra, que possui, certamente, teor infantil, pode-se observar algumas características no cenário político do mundo que é apresentado ao espectador, bem como uma breve contextualização do atual momento geopolítico pelo qual o mesmo passa.
Neste universo, existe um indivíduo que é destinado a manter as quatro grandes nações em equilíbrio, com esta missão fadada à repetição ao longo de inúmeras reencarnações, este é denominado o avatar. Ao longo dos séculos anteriores, observou-se um desenvolvimento em particular dda Nação do Fogo, o que abrangia tendências expansionistas e imperialistas, em comparação com o mundo real.
Essa organização política ideal parece reconhecer, inicialmente, que a paz entre as unidades territoriais não seria possível sem a intervenção de uma força maior, externa a elas, que possui capacidade de intervenção, seja diplomática ou violentamente, nos assuntos internos e externos das Nações caso estes ameacem a paz no sistema internacional. A partir disso, podem-se inferir algumas observações que já separam, efetivamente, a realidade da ficção. A presença desta força, o Avatar, que nenhuma nação consegue se sobrepôr à marca uma das principais características do sistema internacional moderno do mundo real, a ausência de uma instituição ou poder similar.
Ao longo da trama, a figura do Avatar é mostrada como alguém que traz soluções para situações delicadas, belicosas, diplomáticas e, amplamente, globas. Nesta primeira inferência sobre como há um contraste entre Estados que podem exercer sua soberania enquanto amparados por essa figura, mas que, na ausência da mesma, é instaurada a anarquia internacional, na medida em que é elaborado na obra a ideia de que, quando a figura de Aang, o último Avatar, desaparece, permitindo que o momento de paz fosse perturbado. Esta escalada de tensões, em parte, é justificada pelo crescimento rápido e significativo da Nação do Fogo, alinhada com ideais imperialistas de seu governante, Sozin, que visava “expandir” a qualidade de vida e prosperidade econômica para o restante do mundo. Sozin, utilizando-se de suas forças armadas realiza diversos ataques e invasões aos territórios do Reino da Terra, entretanto, o avatar existente naquele período, Roku, rapidamente interfere, conseguindo frear às ações do governante.
Retrato do colonialismo e paralelos
Ainda dentro do contexto fictício, pode-se observar que todas as demais Nações foram impactadas com essa expansão da Nação do Fogo, assim como atribuí-se a ela o papel exercido pela Europa, no mundo real, enquanto continente com objetivos expansionistas e motivados por elementos econômicos, políticos e religiosos. É valido apontar que, no aspecto religioso, não houveram muitas causas que embasassem esse objetivo na trama da obra, mas é possivel identificar que foi criada dentro da sociedade e em meios aos cidadãos do Fogo, a ideia de aversão ao Avatar e ao mundo espiritual, que desempenha um papel interessante na jornada de aprendizado e desenvolvimento do indivíduo que exerce a função de Avatar. Assim, entende-se que essa aversão trata-se, simplesmente, de uma narrativa imposta verticalmente, partindo do senhor do fogo Sozin, como forma de propaganda para justificar seus atos.
Ademais, numa breve análise da geografia física do mundo dentro da animação, todo o território da Nação do Fogo, a priori, era insular. Esse fato será posteriormente abordado e relacionado com a perspectiva mahaniana sobre o poder naval e sua utilização pela Grã-Bretanha para o estabelecimento de um dos maiores impérios da história do mundo. Interessantemente, muitas das características de projeção global britânicas podem ser Não obstante, é de conhecimento amplo que nesa rota para o controle naval, a Grã-Bretanha desconsiderou, por diversas razões, a autonomia de povos e comunidades que habitavam regiões de interesse britânico. Nessa jornada, muitos destes foram alvos de extermínio, genocídio e opressão, esta que possuí resquícios até hoje.
Traz-se como primeiro exemplo desse aspecto imperialista, o genocídio intencional de todos os indivíduos da Nação do Ar por parte da Nação do Fogo, que teve como justificativa a tentativa de impedir que um novo avatar, a força moderadora do mundo, ressurgisse. Nos anos que se seguiram após esse evento, toda cultura referente aos povos da Nação do Ar se perderam, e isso marcou o início da projeção global
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