Resumo Crítico: O Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro
Por: Lucas12462939 • 2/4/2019 • Resenha • 1.509 Palavras (7 Páginas) • 579 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DISCENTE: Lucas Eduardo Fernandes de Castro
DOCENTE: Profa. Dra. Regina Laisner
DISCIPLINA: Formação Política e Econômica do Brasil
CURSO: Relações Internacionais - 1º Ano (Noturno)
Resumo Crítico: O Povo Brasileiro de Darcy Ribeiro – Capítulos 1 ao 5 – Parte III
Darcy Ribeiro tenta explicar a formação do brasileiro através de teorias com bases históricas. Existe uma preocupação em entender como o país chegou em desigualdades sociais tão grandes, pois apesar da urbanização que leva o Brasil a se enxergar como uma só etnia, as diferenças não deixam de estar presentes.
A população brasileira é composta por indígenas, europeus e negros. Quando os europeus acharam o Brasil, sua cultura se chocou com a dos índios (também conhecidos como ibirapitangas), os viam como inocentes que não tinham evoluído o suficiente para produzir riquezas. Com a descoberta das riquezas da Mata Atlântica, os europeus utilizaram os indígenas como mão-de-obra para conseguir o que queriam, sendo o pau-brasil a principal matéria-prima desejada.
A partir desse ponto, se deu início uma forma de miscigenação opressora. Os indígenas que se tornavam dependentes das mercadorias vendidas pelos europeus ofereciam uma mulher da aldeia para se casar com um daqueles homens. Entretanto, os filhos e filhas gerados por estes casais não eram reconhecidos nem por europeus nem por indígenas. Esses seriam os pioneiros na formação do povo brasileiro.
Essa forma de colonização poderia ser feita por qualquer europeu que chegasse na costa, para o descontentamento dos portugueses. Diante disso, começaram uma colonização de povoamento por toda a extensão litorânea, do nordeste ao sudeste. Os mestiços gerados receberam o nome de mamelucos pela agressividade com que escravizavam os seus descendentes (indígenas).
A cultura dessas duas etnias também entraram em choque. Quando os portugueses chegaram aqui existiam cinco milhões de índios com culturas diversas. Depois de um longo período de tempo eles já não somavam nem dois milhões e quase oitocentas etnias desapareceram. Hoje, é claro, o número se tornou ainda menor, menos de trezentos mil habitantes indígenas no país.
Com a peregrinação dos paulistas para Minas Gerais, o caminho do Brasil Colônia mudou para sempre. A indústria açucareira perdeu espaço para a mineração. A mão-de-obra obra escrava era a principal forma de produção, ou seja, o progresso só foi possível graças aos milhões de negros escravizados.
Os maiores negócios do mundo eram o açúcar e o mercantilismo. Mas a maior despesa dos portugueses era a compra de escravos. As expedições para a África foram feitas aos montes, negros que muitas vezes possuíam diferentes culturas eram jogados no navio negreiro, com mais da metade morrendo durante a travessia ou por meio da brutalidade com que eram recebidos na chegada. Obviamente que com esse grande número de negros trazidos, milhões conseguiram se incorporar ao país.
Os portugueses não ensinavam português aos negros, temendo que o idioma fosse auxílio para uma possível fuga. Contudo, eles conseguiram aprender através da observação ou do capataz, caso fosse um pouco mais flexível. A língua portuguesa brasileira como conhecemos hoje foi difundida pelos negros que se concentravam nos engenhos na extração de ouro.
É evidente que em meio os escravos existiam as mulheres e meninas que eram vendidas pelo dobro do preço devido a demanda dos senhores de engenho. Elas eram exploradas tanto no trabalho quanto sexualmente, gerando filhos mestiços que só saberiam o que eram quando o brasileiro fosse definido.
Assim surgiu as diretrizes do povo brasileiro. Segundo Darcy, essa mistura de etnias fez surgir uma nova gente, não só mestiça na pele, mas no espírito também. Infelizmente, ao contrário do que se pode pensar, os fatos não resultaram em um povo feliz e multiétnico. Ele não se sente confortável em dizer que existe uma uniformidade entre os brasileiros, pois existem três fatores importantes: o econômico, o ecológico e a imigração.
A urbanização e os meios de comunicação ajudaram a definir uma “única” cultura, mas não apagaram as diferenças entre os indivíduos. O brasileiro se comporta como se fosse parte de uma mesma etnia, de um só povo.
Darcy ainda destaca que as piores características na alma da população brasileira são a racista e a classista, pois leva a autoridade a acreditar que pode machucar os pobres que estão em suas mãos.
Ao definir as características inicias do território brasileiro, ele ressalta como as relações sociais dos portugueses se chocaram com as dos indígenas, pois vinham de uma sociedade baseada na luta de classes, enquanto os índios tinham um modo igualitário de viver. Também não é possível deixar de mencionar como a Igreja Católica teve uma influência enorme na formação social e cultural no Brasil. O objetivo dos jesuítas era transformar os índios e os negros em religiosos, mas não foram bem sucedidos. A religião só se estabeleceu com as mestiças (filhas de negros e índios) que não se contentavam com as religiões de suas ancestralidades.
Os portugueses eram motivados pela revolução mercantil e ainda usavam como argumento a necessidade de expandir a cristandade católica para o novo mundo. Não demorou muito para que os indígenas vissem os colonizadores não mais como deuses bondosos, mas sim como vigaristas exploradores. Assim é possível destacar as duas visões de mundo que se encontravam. Os portugueses viam aquela área como uma oportunidade de exploração e dinheiro, enquanto os índios viam como um presente dos deuses.
Para Darcy o Brasil foi feito a partir do esvaziamento da cultura dos seus indivíduos. O índio foi obrigado a entrar no molde de vida dos europeus, os negros foram tirados de suas terras e esvaziados completamente da suas culturas e até mesmo o europeu teve um certo esvaziamento. O povo brasileiro foi moldado por intermédio desses acontecimentos, com todas essas culturas se fundindo em uma só.
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