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Roteiro de Aula Prática Neuroanatomia

Por:   •  22/11/2020  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.740 Palavras (7 Páginas)  •  392 Visualizações

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Roteiro de aula prática

Neuroanatomia

[pic 1]

O cérebro é um órgão nobre presente em todos os vertebrados (localizada dentro da caixa craniana). Nos invertebrados a organização do sistema nervoso inicia nos cnidários, e após o surgimento dos animais de simetria bilateral já é possível encontrar o sistema nervoso centralizado, como exemplo as planárias. Segundo Roberto Lent (2011) não se sabe ao certo a quantidade de neurônios existentes no encéfalo humano, mas acredita-se que o valor esteja entre 100 bilhões, sendo sua maioria presente no cerebelo!  A proteção desse órgão vital é dada pelas seguintes estruturas, a saber; crânio, meninges, líquido cefalorraquidiano e isolado da corrente sanguínea pela barreira hematoencefálica.

A partir do final de século XIX, começou-se a descobrir que o córtex cerebral não era uma estrutura homogênea, mas funcionalmente dividido em diversas áreas citoarquiteturais, que foram finalmente numeradas por Brodmann de 1 a 52. Cada uma dessas áreas possui uma função determinada, que pode ser perdida na decorrência de uma lesão localizada em alguma dessas regiões.  É claro que você não precisa saber todas as 52 áreas!!! Vamos dividi-las em áreas; lobo frontal, parietal, temporal, occipital.

  1. Classificação do Sistema nervoso central

[pic 2]

Obs. Esta figura não mostra a medula e retina

  1. Divisão em lobos (frontal, parietal, occipital e temporal)
  2. Divisão em pólos (frontal, occipital e temporal)
  3. Divisão em faces (lateral, medial e inferior)
  4. Sulcos e giros
  5. Principais sulcos (sulco central, lateral e parieto-occiptal)

Lobo frontal

Face Súperolateral:

Apresenta três sulcos:

  • O sulco pré-central 
  • O sulco frontal superior 
  • O sulco frontal inferior 

Apresentam quatro giros:

  • O giro pré-central
  • O giro frontal superior (área pré-motora)
  • O giro frontal médio (área pré-motora)
  • O giro frontal inferior (orbital, triangular e apercular)

Hemisferio esquerdo – giro frontal inferior = giro Broca

Face Medial:

Corte: Plano sagital mediano

  • O sulco do corpo caloso
  • O sulco do cíngulo
  • O sulco paracentral (lóbulo paracentral)
  • O giro do cíngulo

Face Inferior:

  • O sulco olfatório
  • O giro reto
  • O bulbo olfatório
  • O tracto olfatório
  • As estrias olfatória lateral e medial
  • O trígono olfatório
  • Substância perfurada anterior

Funções do lobo frontal

  1. Centro primário motor –Giro pré-central - movimentos voluntários.
  2. Área de Broca – Fala
  3. Córtex pré-frontal – Todo o restante lobo frontal (que não é giro pré-central). Relacionado com a personalidade.

Caso clinico

Paciente (JP), 55 anos, solteiro, médico, foi encaminhado para avaliação neuropsicológica por seu médico para investigação de sequelas cognitivas de traumatismo cranioencefalico (TCE) sofrido há nove anos em acidente automobilístico, quando dirigia alcoolizado. Submeteu-se a neurocirurgia naquela ocasião, em estado comatoso, para correção de fratura de crânio e retirada de tecido necrosado e hematoma, tendo permanecido no CTI por cerca de 20 dias. As únicas sequelas referidas foram perda de olfato e pequena diminuição do campo visual esquerdo. O paciente, com histórico de abuso de álcool, após o acidente não voltou a beber, mas fazia uso eventual de cannabis e, muito esporadicamente, de cocaína (algo que já ocorria anteriormente). Seus familiares relataram mudanças marcantes de comportamento no que se refere às relações interpessoais, ao desempenho profissional e à auto-regulação do afeto, das emoções e da motivação. Anteriormente tido como extrovertido, inteligente e interessado em leituras sobre os assuntos mais diversos, após o evento sua conversa perdeu a graça, ficou mais chata, e demonstrava alguma dificuldade em “perceber que não estava agradando” ao interlocutor. JP tornou-se também menos fluente nas conversações. Por vezes comportava-se de modo pueril, implicando e brigando com os sobrinhos pequenos, por motivos banais. Passou a causar pequenas batidas com o carro (dirigindo ou manobrando) por imperícia e descuido. Apresentava aumento da irritabilidade e temperamento eventualmente explosivo, ambos inéditos. JP interrompeu suas atividades profissionais aos poucos (ao longo dos primeiros anos após o TCE) e perdeu a iniciativa para atividades sociais, tendo também se tornado menos participativo nas ocasiões em que aceitava convites que lhe eram feitos. Seu pai relatava que sua motivação para a atividade sexual havia diminuído de modo significativo (era considerada intensa até o acidente), comentando que o paciente deixou de ser “charmoso” e “interessante para as mulheres”, uma de suas características mais marcantes. Ainda segundo o relato do pai, a capacidade de tomar a iniciativa e abordar mulheres e de conduzir a conversa de modo hábil e sedutor no ambiente social praticamente desapareceram. Segundo o relato de familiares, JP era considerado como um “Dom Juan”, face à sua enorme habilidade em seduzir o sexo oposto desde a adolescência, o que era descrito como um incrível “charme”. Também se tornou descuidado com a própria aparência (antes impecável), ganhou peso, passando a andar malvestido e de chinelas, embora com os hábitos de higiene preservados. Passou a masturbar-se com grande frequência (privadamente) e a colecionar revistas pornográficas, que constituíam comportamentos inéditos na vida do paciente. O próprio paciente referia não se importar com a aparência (que julgava adequada quando questionado) ou com a falta de atividade laborativa ou social. Quando o pai referia, na sua presença, a perda de habilidades, limitava-se a sorrir e dizer que “estavam inventando coisas”. Não havia relato espontâneo de sintomas cognitivos importantes. Num questionário para queixas cognitivas e comportamentais, o paciente referiu apenas dificuldades para manter-se por muito tempo numa atividade sem perder a concentração, além de estar algo mais repetitivo que o habitual e apresentar dificuldades na tomada de decisões. Este resultado contrastava de modo significativo com o grau de comprometimento funcional apresentado, indicando perda de insight. Referiu ter se submetido à psicoterapia após o TCE, sem resultados.

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