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A Complexidade da Interdependência às Luzes do Documentário "Industria Americana"

Por:   •  7/11/2020  •  Dissertação  •  932 Palavras (4 Páginas)  •  237 Visualizações

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A Complexidade da Interdependência às Luzes do Documentário

“Indústria Americana”

        Em um mundo moderno e interdependente, a boa convivência e a compreensão de diferentes culturas seriam a chave para o aprendizado em direção a eficiência, no entanto, como medimos eficiência em ambos lados do globo?

A cultura oriental possui prioridades difíceis de serem assimiladas pela cultura ocidental e o mesmo ocorre do outro lado, com orientais incapazes de entender o que realmente prezam os ocidentais para obterem qualidade de vida e um bom ambiente de trabalho na cadeia de produção. O documentário “Indústria Americana” caminha entre das infinitas possibilidades – boas e não tão boas assim – existentes durante a união dessas ideias de produtividade laboral.

O filme conta a história do choque de cultura entre duas das maiores potências do sistema internacional: os Estados Unidos da América recebendo, em 2015, uma fábrica Chinesa no estado de Ohio. Anteriormente, nesse mesmo local, funcionava uma das fábricas da General Motors (produtora de automóveis) que durante a crise de 2008 teve que encerrar suas atividades deixando 2.000 pessoas desempregadas.

Para atingir um tom mais real e até mesmo dramático, a trama reserva momentos para mostrar a realidade de algumas dessas pessoas que perderam seu padrão de vida classe média com o fechamento da indústria norte-americana e encontraram na abertura da indústria chinesa, uma oportunidade de ascender socialmente ou ao menos, de voltarem a ter sua independência.

A multinacional que investe no território estadunidense é a Fuyao (produtora de vidros para automóveis), que pretende inserir uma cadeia de produção chinesa com funcionários americanos. Para isso, especialistas chineses da área passam dois anos morando nos EUA sem benefícios extras ou ajustes salariais, sem contato com suas famílias e encarregados de transformar mentes ocidentais em orientais através de valores baseados na cultura de crescimento econômico chinesa atrelado ao trabalho.

O presidente da multinacional estrangeira que entende que o objetivo da vida é o trabalho, faz visitas mensais na fábrica durante sua construção e após sua abertura, recebendo de seus colaboradores chineses feedbacks negativos sobre os funcionários americanos – tachados como lentos, preguiçosos e ineficientes – e a partir desses momentos é que conseguimos enxergar como ainda necessitamos de profissionais capacitados para prestarem bons serviços diante do desenvolvimento transcultural, que entendam o que é diplomacia coorporativa e como utilizá-la a favor do crescimento do lucro da companhia.

Segurança operacional, bons salários, reconhecimento pessoal e principalmente jornadas justas de trabalho são temas que separam colaboradores chineses e funcionários americanos. O que é nada além do normal para os nativos, é entendido pelos estrangeiros como exigências que vão além da percepção de quem já é grato o suficiente por ter um trabalho que exija menos de 12 horas de jornada.

Ter dinheiro, tecnologia e modo de produção chinesa dentro dos EUA causa desconforto nos americanos e percepção de ingratidão nos chineses que pretendem operar na América da mesma maneira que operam na China, mantendo seu padrão de X produtos fabricados dentro do menor período de tempo possível com condições de trabalho consideradas insalubres e completamente diferente do constituído no “American Way of Life”.

A produção que foi vencedora do Oscar de Melhor Documentário em 2020 nos traz luzes para enxergar a complexidade do neoliberalismo interdependente onde os nativos estão à mercê dos imigrantes. É possível ter a noção de uma recolonização dentro de uma empresa sem apoio e voz do sindicato, em que os chineses que comentam sobre a possibilidade de obrigar turnos de horas extras devido a seu formato de pensamento “comunista” de produção – não perder dinheiro como nação –, se deparam com os trabalhadores americanos que pensam somente em quanto irão ganhar no final do mês.

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