A Inflação no Brasil
Por: jocelynflores • 27/9/2023 • Trabalho acadêmico • 2.839 Palavras (12 Páginas) • 70 Visualizações
INTRODUÇÃO
A inflação, de acordo com o economista Amaury Patrick Gremaud, é definida como um aumento generalizado e contínuo dos preços. Dessa forma, adjacente ao desemprego, a inflação compõe os problemas ditos fundamentais da macroeconomia, visto que ela implica na diminuição do poder de compra da população. Nesse sentido, é preciso que estratégias sejam aplicadas para controlar essa situação, que serão abordadas durante o presente trabalho.
Em primeiro plano, é importante ressaltar que o aumento persistente dos preços é apenas a consequência da inflação, e não a sua causa. A origem da inflação está na expansão monetária, isto é, o aumento da quantidade de dinheiro em circulação. Sob essa lógica, a partir do momento em que a emissão de moeda ou/e expansão de crédito cresce em proporção maior do que a do crescimento da produção de bens e serviços do país, há a desvalorização da moeda. Portanto, a inflação é de responsabilidade do emissor da moeda. Nesse contexto, no que tange ao Brasil, o responsável é o governo federal, que mantém o monopólio da atividade por meio do Banco Central, em exercício do ART. 164 da Constituição Federal de 1988.
TIPOS DE INFLAÇÃO
Outrossim, a questão da expansão monetária afeta diretamente nos tipos básicos de inflação: inflação de demanda e inflação de custos.
Segundo Gremaud, a inflação da demanda deve-se à existência de excesso de demanda em relação à produção disponível. A partir dessa análise, o aumento generalizado e contínuo de preços - a inflação - surgiria em ocorrência do aumento da demanda não acompanhado pela oferta: No objetivo de se estabelecer um equilíbrio entre oferta e demanda, os preços tendem a subir, em virtude da relativa rigidez da oferta a curto prazo. Sendo assim, é ressaltado pelo autor que é mais provável que esse tipo de inflação apareça quanto maior for o grau de utilização da capacidade produtiva da economia, isto é, quanto mais próximo estiver-se do pleno emprego.
Esse excesso de demanda pode ser ocasionado por expansão monetária decorrente do déficit público não financiado por poupança privada (colocação de títulos do governo junto ao público). Nesse caso, os indivíduos vêem seus saldos monetários aumentar e, com isso, vão ampliar a demanda. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO, 2007, p. 118).
É importante destacar que o aumento do estoque de moeda gera aumento no nível geral de preços, que só se tomará um processo inflacionário caso o processo de emissão monetária continue. Sendo assim, o combate à inflação de demanda implica eliminar o déficit público, de modo a estancar a emissão monetária. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO, 2007, p. 118).
A inflação também pode aparecer quando fica mais caro produzir um produto ou oferecer um serviço em decorrência da elevação dos custos das empresas passados para os preços, denominada de inflação de custos - ou inflação de oferta. De acordo com Gremaud, várias podem ser as pressões de custo
I. aumento no preço das matérias-primas e de insumos básicos decorrentes de quebra de safra agrícola, por exemplo, ou desvalorização cambial que aumenta o preço da matéria-prima importada;
II. aumentos salariais, via negociações ou política governamental, sem estarem ancorados em aumentos de produtividade do trabalhador;
III. elevações nas taxas de juros etc.
INFLAÇÃO NO BRASIL
O Brasil utiliza alguns índices diferentes como o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que medem variação de preços ao consumidor; ou o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), medindo a variação de preços ao produtor. Eles diferem em escopo e podem ser apropriados para determinado propósito e não tanto para outro, o que já justifica a existência de uma variedade. Além disso, o processo inflacionário entre os anos 70 e meados de 90 reforçou a necessidade de se contar com maior variedade de índices. Por um lado, a inflação alta e volátil fez com que a evolução dos diferentes preços diferisse ainda mais entre si, levando à necessidade de índices de preços mais específicos. Por outro, a inflação alta e volátil também tornou necessário um acompanhamento mais frequente da evolução dos preços. Isso se refletiu na criação do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), derivado do já existente Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), distinguindo-se pelo período de coleta de dados que cada um é feito. (Banco Central, 2021)
No caso brasileiro, o país possui uma relação cíclica com a inflação que vem desde muito tempo e que, em alguns momentos, se agrava, especialmente como aconteceu nos anos 80 e 90, quando houve diversas acelerações inflacionárias acompanhadas de planos econômicos que surgiram para contornar os altos níveis atingidos. Serão detalhados alguns períodos de destaque da inflação na história brasileira.
OS CHOQUES DO PETRÓLEO
A década de 1970 foi marcada pelos choques do petróleo, em 1973 e 1979, com profundos impactos sobre a economia mundial, inclusive a brasileira. A elevação no preço dos produtos importados causava a elevação dos produtos internos e o crescimento da inflação, a cada novo choque de preços, a inflação se acomodava em um patamar maior. Aliado a isso, alguns fatores internos contribuíram para esse aumento:
I- Sucessivos choques agrícolas, provocando aumento de preços na agricultura;
II- Gastos públicos para financiara substituição de importações na área de energia;
III- Aumento da dívida externa agravado pelo aumento das taxas de juro internacionais;
IV- Desvalorização cambial elevada, exemplificada pelas várias trocas da moeda oficial, no período;
Influencias externas como os choques do petróleo, fatores internos e o elevado grau de indexação – reajuste nos preços dos produtos de acordo com a variação nos índices oficiais – impulsionavam mais o crescimento inflacionário, que saltou de 19.3%, em 1970, para 77,2%, em 1979.
A HIPERINFLAÇÃO E O PLANO REAL
Nesse contexto de descontrole
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