A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL: DE "VARGAS" A "LULA"
Artigos Científicos: A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL: DE "VARGAS" A "LULA". Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: quedimabeatriz • 13/5/2014 • 3.163 Palavras (13 Páginas) • 601 Visualizações
RESUMO: Este artigo tem por objetivo resgatar a construção histórica
do processo de organização política do Serviço Social no Brasil, desde
seu surgimento na “Era Vargas”, junto ao Bloco Católico, sob influência
européia, através da Igreja e do tecnicismo norte-americano. A profissão
estava fortemente vinculada às classes dominantes, considerando,
portanto, que sua organização política era insipiente e inoperante,
contribuindo assim para a lógica da produção e reprodução do capital.
Este cenário permanece inalterado até o marco de 1979, o III CBAS –
Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, em São Paulo, conhecido
como o “congresso da virada”, quando a categoria passa a se colocar
numa outra perspectiva, como demonstração de resistência à ditadura
militar instaurada no Brasil pelo grande capital em 1964, culminando na
ruptura com o conservadorismo. Destaque para a elaboração do novo
currículo acadêmico, em 1982, cujo foco central é a categoria trabalho,
possibilitando então a vinculação desses profissionais com a classe
trabalhadora, considerando ainda, a estreita relação da categoria com o
PT. Após a Constituição Federal de 1988, conhecida como “Constituição
Cidadã”, cumpre ressaltar como marco histórico a elaboração do projeto
ético-político, isto é, o Código de Ética de 1993, que regulamenta o
exercício profissional e as Diretrizes Curriculares para a formação
acadêmica, que se mostra incompatível com o governo federal do PT no
período pós 2003.
· PALAVRAS-CHAVE: Serviço Social; Organização Política; Projeto Ético-
Político; PT.
Introdução
Inicialmente é importante ressaltar que para apreender o
processo de organização política do Serviço Social no Brasil, é
fundamental resgatar a respectiva contextualização histórica na
qual a profissão surgiu e se consolidou ao longo de sua trajetória.
Para tanto, torna-se imprescindível considerar a dinâmica social
moderna em sua complexidade, contemplando um conjunto de
* Graduada e Mestre em Serviço Social – Programa de Pós-Graduação em Serviço
Social – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis – SC –
Brasil, é pesquisadora do Núcleo de Estudos do Trabalho e Gênero – NETeG –
UFSC e Profª do Curso de Serviço Social da UNISUL – Universidade do Sul de
Santa Catarina, em Tubarão-SC. E-mail: cruzeirobel@hotmail.com.
Serviço Social & Realidade, Franca, 16(268 2): 267-282, 2007
mediações que se articulam a partir da pluralidade de interesses
privados e forças múltiplas que se contrapõem.
Neste sentido, é igualmente importante destacar que este
artigo busca resgatar a construção histórica do processo de
organização política da categoria profissional no Brasil, desde seu
surgimento na “Era Vargas” junto ao Bloco Católico, sofrendo
influência européia através da Igreja e do tecnicismo norteamericano.
Posteriormente reage a estas influências, a partir de
1965, com os Seminários do CBCISS, dando início ao movimento
de reconceituação.
Podemos considerar que até então a organização política da
categoria foi insipiente e inoperante, estando fortemente vinculada
às classes dominantes, tendo como marco o CBAS da “Virada”, em
1979, que culmina na ruptura com o conservadorismo. Em 1982
temos a elaboração do novo currículo acadêmico e em 1996 as
novas Matrizes Curriculares, fortemente ancoradas na defesa dos
direitos sociais preconizados pela Constituição Federal de 1988, a
“Constituição Cidadã”, que culminou na elaboração do projeto
ético-político, isto é, o Código de Ética de 1993, que regulamenta o
exercício profissional e as Diretrizes Curriculares para a formação
acadêmica.
Cumpre ressaltar, ainda, a estreita relação dos avanços da
categoria e o PT nos anos 80 e 90, embasado nas afinidades e
“bandeiras de luta” em comuns, num contexto de
redemocratização do país, depois de 20 anos de ditadura militar
instaurada em 1964. Entretanto, após assumir o governo federal
em 2002, o PT sob a administração do “Lula”, adota políticas
neoliberais, dando prosseguimento às reformas neoliberais
iniciadas no governo anterior, além das constantes situações de
corrupção, quebra de decoro, compra e venda de votos na Câmera
e Senado Federal, que marcam seu governo, contrariando
totalmente o seu discurso e suas promessas feitas em campanha
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