Fichamento - Política Externa do Regime Militar
Por: David Zanon • 27/9/2019 • Resenha • 1.067 Palavras (5 Páginas) • 252 Visualizações
Fichamento (Aula 10) – David de O. Zanon
“O Itamaraty e as conjunturas interna e externa anteriores e posteriores ao golpe de 1964”
Géssica Fernanda do Carmo (UNICAMP, 2018)
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- Dois primeiros governos do regime militar: Castelo Branco, Costa e Silva
- Esforços pela consolidação e legitimação do regime interna e externamente
2.1) Panoramas pré-golpe de 1964
- Recessão após Plano de Metas; economia nacional abalada
- Inflação crescente, déficit fiscal, baixa produtividade
- Ordem internacional bipolar consolidada
- Divisão do mundo em zonas de influência
- Crescente preocupação dos EUA com os rumos políticos no Brasil
- 1961 – Posse de João Goulart
- Ministros militares assumem interinamente em nome da “Segurança Nacional”
- Cisão dentro das Forças Armadas: grupos contra e a favor da posse
- Apoio da opinião pública a Goulart
- Comissão no Congresso sobre os termos da posse
- Negação do veto à posse; recomendação da adoção do parlamentarismo
- Manifesto de deputados ligava Goulart a forças comunistas internacionais
- Início do Governo
- Reafirmação de Jango contra o comunismo e a favor do regime democrático
- Fomentação à campanha das Reformas de Base
- Com o fracasso do Plano de Metas, iniciaram-se restrições a outros planos
- Plano Trienal (Celso Furtado & San Tiago Dantas)
- 9-10/1963 – Surgimento de revoltas militares
- Buscavam derrubar Jango e assumir o poder
- Ala majoritária ‘moderada’ conteve conspirações de revoltosos
- Descarte da intervenção enquanto Jango continuasse com o jogo democrático
- 13/3/1964 – Comício da Central do Brasil
- Acusações de ligação comunista já haviam ganhado força e proliferado
- Goulart faz comício atacando publicamente princípio da propriedade privada
- Preocupação crescente de credores estrangeiros (Fracasso do Plano Trienal)
- Momento oportuno para execução do golpe
- Internamente:
- Descrença da população geral com a economia
- Receio da classe média de uma tomada de rumos socialistas
- Externamente:
- Temor dos EUA em perder zona de influência importante na América Latina
- Áudios de Lyndon B. dando “sinal verde” para possível intervenção
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2.2) Panoramas pós-golpe de 1964
- 4/1964 – Posse de Castelo Branco
- Justificação da “Revolução” em nome da ordem nacional
- Busca de legitimação e mais amplo apoio popular (propaganda anticomunista)
- Influência da Doutrina de Segurança Nacional
- Prioridade da segurança externa sobre desenvolvimento econômico
- Criação de órgãos para manutenção e estabilidade do regime
- CSR: Comando Supremo da Revolução
- Espécie de Estado-maior liderado primeiramente por Costa e Silva
- Papeis de “consolidar a vitória da revolução”; “assegurar seus objetivos”
- Promulgação de Atos Institucionais (CSR)
- (1964) AI-1: Permissão a militares para perseguir aqueles contrários ao novo governo (‘Operação Limpeza’), Criação do SNI
- (1965) AI-2: Extinção de partidos políticos, sistema bipartidário (Arena / MDB)
- (1966) AI-3: Eleições indiretas de governadores, prefeitos de capitais indicados
- (1967) AI-4: Nova constituinte, Lei de Imprensa e Lei de Segurança Nacional
- Política do governo de expansão das telecomunicações
- Visava poder controla-las posteriormente; ascensão da Rede Globo como propagandista ideológica do regime
- PAEG: Plano de Ação Econômica do Governo (64 - 66)
- Resposta à instabilidade econômica: combate gradual à inflação
- Deixou herança positiva ao Milagre Econômico (69 – 73)
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2.3) O Itamaraty
- Origem do Itamaraty
- 11/3/1808: Decreto institui “Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra”
- Surgimento da atividade diplomática no Brasil
- Ligação da secretaria com militares; possível explicação para relações cordiais
- Após a Independência (1822), secretaria se desvincula do Reino
- Fundação do Itamaraty moderno
- Barão do Rio Branco: chanceler de 1902 a 1912
- Considerado o patrono da diplomacia brasileira
- Grande importância na demarcação de fronteiras nacionais
- Corpo diplomático ainda composto de selecionados das elites ligadas ao Estado
- Estado Novo: Criação do DASP, encarregado da seleção de servidores públicos
- Busca por heterogeneização de diplomatas e outros servidores
- 1945: Criação do IRBr, instituto oficial de formação para diplomatas
2.3.1) O Itamaraty antes do golpe de 1964
- Jânio – Jango: mudanças em curso na política externa
- Adoção da PEI: postura independente frente a ordem bipolar mundial
- San Tiago Dantas foi o principal articulador da PEI no MRE
- Aproximação com América Latina
- Adoção de postura política parecida pelo governo argentino
- Planos de ação coordenados multilateralmente
- Pan-americanismo como meio de desenvolvimento econômico
- Reconhecimento da necessidade de coexistência com Cuba
- Defesa de um pacto de neutralidade, contrariando as vontades dos EUA
- Princípio da autodeterminação dos povos defendido pela PEI
- Atuação intensa em fóruns regionais e globais
- Priorização das ações na ONU em conjunto com países latino-americanos
- Críticas à linha de ação da OEA, vista como imperialista e pró-EUA
- Manutenção de relação moderada com os EUA
- Começa a se comprometer devido às políticas adotadas por Jango
- EUA passa a intervir no contexto da política interna brasileira
2.3.2) Os chanceleres do regime militar
- Vasco Leitão da Cunha, o protetor do Itamaraty
- Atuou como ministro interino em 1961, nomeado chanceler em 1964
- Considerado um diplomata conservador alinhado ao novo regime
- Devoção forte à instituição diplomática, buscou fazer sua ampla defesa
- Juracy Magalhães, se é bom para os EUA, é bom para o Brasil
- Carreira política e militar, ex-embaixador em Washington
- Reconhecido por sua importância na reaproximação com os EUA
- Considerava identidade comum de interesses, mas não buscava alinhamento absoluto com os norte-americanos
- Magalhães Pinto, diplomacia da prosperidade
- Político consolidado em Minas Gerais; envolvimento com a UDN
- Participação ativa nas conspirações do golpe em 1964
- Proximidade com Costa e Silva, um dos subscritores do AI-5
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2.4) Efeitos gerais do golpe na organização diplomática e na política externa durante o governo de Castelo Branco
- Vasco Leitão da Cunha (1964 – 1966)
- Alinhado inteiramente às ideias de Castelo Branco
- Atuação no desmantelamento da PEI: guinada na política externa
- Bipolaridade: vista como realidade determinante das ações objetivas
- Opção estratégica dos militares pelo Ocidente
- Rompimento das relações com Cuba
- Divisão da atuação diplomática em três círculos concêntricos:
- América do Sul
- Continente Americano
- Mundo-além
- Manutenção da relação com países socialistas, com a exceção de Cuba
- Porém, afastados em relação ao período anterior
- Preocupação com instalação de regimes hostis em fronteiras (Costa Africana Ocidental)
- Esforço multilateral de Castelo Branco pela diversificação de parceiros comerciais
- Busca por protagonismo na luta do terceiro mundo dentro da ONU
- Ampliação da rede de relacionamentos e acordos comerciais (Ásia e África)
- Retomada gradual dos princípios estabelecidos pela PEI
- Estreitamento amplo na relação Brasil – EUA
- Luta contra o ‘inimigo comum’ do comunismo
- Parceiro comercial estratégico devido à localização e influência
- Algumas divergências: tratado de não-proliferação nuclear; não-rompimento de relações com a URSS e Europa Oriental
- Basicamente, a política externa de Castelo Branco se caracterizou por um rompimento súbito com o governo anterior, seguido de gradual retomada de alguns princípios da PEI
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