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Plano Rea

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Por:   •  9/3/2014  •  3.579 Palavras (15 Páginas)  •  800 Visualizações

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3 A POLÍTICA MONETÁRIA DO PERÍODO E OS RESULTADO DO PLANO REAL

3.1 A POLÍTICA MONETÁRIA ADOTADA DURANTE O PLANO REAL

A política monetária durante o processo de implantação e depois, durante a fase de estabilização da economia pode ser dividida em duas fases, a primeira com relação à rápida e acelerada remonetização da economia e pressões de demanda e a segunda, baseada em uma forte política de retração de crédito.

Como destaca Carvalho (1996, p. 44), a remonetização rápida e intensa da economia é inevitável quando se estabilizam os preços após um período de inflação muito alta. Isto se dá, pois quando os preços são altos, a demanda por moeda tende a cair abruptamente e, quando há uma estabilização e recupera-se a confiança, a tendência é de rápida e forte recuperação de demanda pela moeda.

Ainda conforme Carvalho (1996, p. 45-47), este processo não se trata efetivamente do problema, pois, por ele, pode-se perceber que a confiança do público na estabilização existe e, permite ao governo, retomar a emissão de moeda em vez de elevar a dívida pública ou utilizar dinheiro de capital estrangeiro. Contudo, o problema é se essa retomada pela demanda de moeda induz a um excesso de demanda por bens e serviços, o que gera pressões inflacionárias e movimentos especulativos.

Para controlar isso, conforme Carvalho (1996, p. 48), haviam dois candidatos a controlar esse efeito. O primeiro, como se espera, era a taxa de juros. Porém, há um obstáculo na definição da taxa, que deveria definir um nível suficiente de juro nominal para viabilizar o efeito esperado pois o risco de errar por excesso poderia causar um efeito recessivo na economia ou até mesmo deflacionário. O outro instrumento tratava-se do controle da expansão do crédito, impondo aos bancos alíquotas maiores de depósitos compulsórios conforme evoluíssem os depósitos a vista. Contudo, uma restrição muito grande poderia acarretar problemas aos bancos, reduzindo seus ganhos e consequentemente repassando os custos aos clientes. Ambos foram vistos em planos anteriores ao Real.

Por isso, como mostra Carvalho (1996, p. 54), conter o intenso ritmo de monetização era o grande objetivo da primeira fase do Plano Real. Para isso,

Os instrumentos utilizados tanto foram o controle da expansão do crédito e os juros altos, e o ponto de apoio básico residiu na sólida posição cambial, fortemente questionada no início de 1995 pelos reflexos da crise mexicana, mas logo recomposto em maio-junho, com a volta dos capitais externos. (CARVALHO, 1995, p. 54)

Comparando o então plano de FHC a seus precedentes, como mostra Carvalho (1995, p. 55), a grande vantagem deste era um quadro externo muito favorável. Nesse contexto, a estratégia de possibilitar a estabilização nas possibilidades abertas pelo setor externo foi muito importante, pois conseguiu sustentar a inflação em níveis baixos com queda do desemprego e crescimento econômico. Como o autor cita, parte da sustentação do Plano Real se deu na âncora cambial, que permitiu a travessia nos primeiros meses, época em que a demanda poderia ter trazido a inflação de volta.

Nesse contexto, ainda segundo Carvalho (1995, p. 55-56), o aumento das importação era visto como essencial para coibir a elevação dos preços domésticos, além de contribuir positivamente para a modernização da economia e a elevação da produtividade sistêmica, que eram “elementos básicos do novo modelo de desenvolvimento pretendido”. (CARVALHO, 1995, p. 56)

Como mostra Carvalho (1996, p. 56), a reação das importações foi rápida, tanto que após diversos anos de superávits na balança comercial, foram registrados déficits no segundo semestre de 1994, com o ritmo de atividade atingindo taxas mensais anualizadas de 10%, sendo este pico o desdobramento previsível do crescimento da demanda que se seguiu à queda da inflação. Contudo, o que não se esperava era a crise mexicana, que reduziu em 25% as reservas internacionais.

Para conter esse avanço, ainda segundo Carvalho (1996, p. 57), a equipe econômica do plano elevou rapidamente suas taxas de juros, a fim de atrair capital externo e frear o ritmo de atividade doméstico, por meio de um grande pacote de restrição ao crédito. Com isso, viu-se taxas de crescimento negativas do Produto Interno Bruto (PIB) e uma forte crise bancária, culminada pela elevação da inadimplência.

Contudo, conforme evidenciado por Carvalho (1996, p. 57), em maio o volume de reservas cambiais voltou a crescer e o BC apenas enfrentou um movimento especulativo forte, pois:

A posição externa era sólida o bastante para desestimular movimentações este tipo e, apesar do clima de incerteza que acompanhou as dificuldades do México e da Argentina nos primeiros meses do ano, parcela crescente dos agentes econômicos acreditava que seria possível recuperar o fluxo voluntário de recursos externos para o Brasil em alguns meses, o que acabou se consolidando. (CARVALHO, 1996, p. 57)

Com isso, como mostra Carvalho (1996, p. 57), a política monetária do Plano Real concentrou-se na administração dos juros e no controle da expansão do crédito, “deixando a moeda como variável dependente”. (CARVALHO, 1996, p. 57)

Conforme demonstrado por Carvalho (1996, p. 57-60), as metas anunciadas no começo do programa visavam criar condições para a estabilização econômica. Contudo, muito rapidamente essas metas foram esquecidas, o que não despertou muito interesse da população, pois, após anos de inflação alta e intenso processo de substituição de moeda, era difícil definir uma estimativa da demanda pela moeda convencional na economia brasileira. Além disso,os altos recolhimentos compulsórios e os juros altos prejudicavam as previsões quanto as evoluções dos agregados monetários, sendo que tal efeito pode ser dividido em quatro fases.

Segundo Carvalho (1996, p. 61), a primeira delas, foi a cobertura do forte aumento de demanda por moeda com resgates de títulos públicos, fazendo com que a remonetização praticamente se concluísse, em dezembro de 1994. A segunda fase, que começara logo após o término da primeira, foi o período crítico para a questão cambial, pois a perda de reservas contribuiu para a redução da base monetária em montante superior ao desejado. Com isso, ficava claro que o ciclo de remonetização havia acabado.

Ainda segundo Carvalho (1996, p. 62), a terceira etapa foi a reversão da perda de reservas internacionais, ainda de forma indefinida, mas acontecendo. Neste momento, o Tesouro mostrava resultados contracionistas, deixando espaço para resgates de títulos públicos. Por fim, na quarta fase, correspondente ao segundo semestre de 1995, ocorreu

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