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Principios Democraticos Da Educação No Brasil

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Por:   •  6/10/2014  •  Projeto de pesquisa  •  1.859 Palavras (8 Páginas)  •  257 Visualizações

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A MEMÓRIA PANTANEIRA NO CURSO DO RIO PARAGUAI

Regina Márcia Naves Alves

O autor toma por objetivo neste texto, oriundo de sua tese de doutorado sobre pesca e turismo no Pantanal, fazer um levantamento do patrimônio histórico e cultural da região através de vestígios arqueológicos e históricos existentes às margens do rio Paraguai. Estes vestígios referem-se às ruínas de saladeiros ou charqueadas, casas-grandes, sítios arqueológicos indígenas e de outras presenças humanas na região. Visa também avaliar o modelo atual de turismo e o seu patrimônio histórico e cultural, o turismo cultural e seu potencial de construção de memória e de identidade.

Em linhas gerais, o trabalho elenca quatro grandes assuntos, como: identidade, memória, o Pantanal mato-grossense e o turismo.

Inicia sua temática discorrendo aspectos como, “Viagem ao futuro do pretérito”, expressão que toma de empréstimo de Marc Augé e que usa para definir o sentido do relato experimentado tanto por viajantes quanto por turistas e também por antropólogos. Neste sentido, destaca a viagem de um grupo de pesquisadores, por cerca de 1.200 quilômetros do rio Paraguai, cuja expedição tinha por objetivo verificar a degradação das margens do rio, assim como os danos causados à mata. Visava verificar também os efeitos da “vida fluvial” e os impactos da atividade turística sobre a economia e a vida local. Destaca que em dado momento a equipe não mais discernia suas dimensões de pesquisadores e de turistas. Considera deste modo, a “mercantilização” dos espaços e da cultura, ou seja, o turismo como empreendimento, inversão ritual e distanciamento do cotidiano. Observa também que há um “mal-estar” na academia em relação à associação da prática sociológica com a do turista, que acabaria experimentando as mesmas “vertigens” e “tentações” do contexto do turismo. O “sentido final” dessas práticas e das viagens seria o retorno às recordações e a memória, o relato, a narrativa, as anotações. São justamente essas práticas que são objetos deste estudo, conforme afirma o autor.

Em outro aspecto, “Turista como experiência possível de incremento da memória e da identidade social” o autor destaca a vocação turística do Pantanal mato-grossense associada à pesca esportiva. Os estabelecimentos se voltam para esta atividade, em detrimento dos atrativos históricos ou naturais da região. Entretanto, no início da década de 1990, percebe-se o esgotamento da atividade, refletindo-se em projetos de novas modalidades de turismo numa região que passou a ter queda nas visitas de turistas, assim como perdas econômicas, de trabalho e de renda.

O turismo poderia ser instrumento, de acordo com o autor, de inserção da população no mercado de trabalho através do que chama de “turismo cultural”, que também contribuiria para a afirmação da identidade regional e para a recuperação do patrimônio arquitetônico e arqueológico.

Em “A história e o patrimônio do rio Paraguai”, Banducci elenca alguns exemplos e destaca o estímulo à memória social, tornando-a pública “através da revitalização do patrimônio cultural” e do “turismo histórico e cultural”, seria “premente e factível na planície pantaneira quando se conhece a demanda da população por iniciativas dessa natureza e o valor e amplitude do patrimônio existente”.

Entre vários exemplos destaca a fazenda Jacobina, nas cercanias de Cárceres (MS), como um dos lugares que pode ser tomado como um dos “marcos do processo de ocupação do extremo oeste brasileiro”. Ressalta, que “uma política adequada do patrimônio deve estar atenta para recuperar e valorizar manifestações dessas culturas”.

No relato “As contradições do presente”, o autor descreve as viagens no barco, normalmente ligadas às práticas de pesca, associadas às agressões à natureza, à proteção aos pescadores, às festas, à prostituição, entre outros e assinala que o turismo reproduz mecanismos de exclusão social. Entretanto, no contexto pantaneiro, o turismo se configura como alternativa importante de emprego e renda de muitas famílias da região. Mas ele também destaca outro aspecto, que o turismo não está relacionado necessariamente à inserção social e valorização da mão de obra, pois os trabalhadores não têm formação escolar e especialização para o mercado turístico, normalmente tem baixa remuneração, chegando a fomentar atividades insalubres e perigosas, constituindo uma exploração do trabalho excludente. O aspecto agravante, neste setor, é o do fluxo decrescente de turistas, que tende a desencadear um processo de redução salarial e da oferta de empregos, obrigando a muitos trabalhadores a retornarem às suas cidades pantaneiras, sem perspectivas de emprego.

Em “As ameaças vindas de fora do Pantanal” os problemas estruturais que dificultam o desenvolvimento do turismo no Pantanal, ressalta a exploração desordenada das áreas para a pesca esportiva e a pesca profissional, além das lavouras de soja, áreas de pastagens, assoreamento dos rios, poluição por agrotóxicos. Além destes, a hidrovia Paraguai-Paraná e as indústrias de extração mineral de Corumbá contribuem para completar este quadro de comprometimento dos sítios arqueológicos, que ao longo do rio Paraguai, chega ao número de mais de 100 sítios, retratando, em alguns casos, populações ceramistas não encontradas em nenhuma outra região do Brasil.

E em “O futuro do turismo no rio Paraguai” considera que há duas perspectivas que permitem acessar a memória, a experiência histórica local e as referências da identidade regional, que são a literatura, através dos relatos dos cronistas e pesquisadores que visitaram a região pantaneira, e uma viagem pelo espaço, “tal como se encontra no presente”.Para ele, a viagem (“vivenciada através dos registros do passado”) e o turismo (como um relato futuro) podem ser elementos “afirmadores de identidade”, reforçando e reproduzindo “impressões, sentimentos e conhecimentos de grupos nativos”.

Sendo assim o “fazer turístico” deve ser uma “experiência de inclusão”, dando oportunidades a todos os trabalhadores envolvidos nos processos, estimulando as populações nativas a vivenciar seu passado, “seus valores e costumes” e desencadeando nos grupos locais o reconhecimento de si e a abertura para o diálogo com o outro.

Enfim, o artigo expõe os dois lados da moeda chamada turismo: a sua pior faceta, quando é voltada ao lucro sob qualquer custo, visando apenas o momento presente; e sua face nobre, com o qual o termo turismo encontra sentido verdadeiro: quando se torna um propósito

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