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SENNETT, ROBERT – A CORROSÃO DO CARÁTER

Por:   •  2/3/2017  •  Dissertação  •  1.206 Palavras (5 Páginas)  •  466 Visualizações

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SENNETT, ROBERT – A CORROSÃO DO CARÁTER

 

Cap. 1 – Deriva

Neste capítulo inicial o autor nos traz um diálogo sobre o tempo e como ele era no passado e como é atualmente. Tal situação nos é mostrada por meio de uma história sobre um entrevistado de um trabalho anterior e sua família. Há um paralelo entre o estilo de vida de Enrico, o entrevistado, e seu filho, Rico. O primeiro, um trabalhador da década de 70, que pertenceu a uma geração onde a noção de tempo era linear, previsível e sem muitas variações, buscou condições para dar uma estrutura melhor à sua família, principalmente em relação à educação universitária de seus filhos; O segundo, um trabalhador da época atual, que aparentemente alcançou as expectativas que o pai tinha nele, entretanto, vive uma época onde há o receio de perder o controle da própria vida, e o seu medo de perder o controle relaciona-se diretamente com o controle do tempo, que nesse momento atual é regido pela quebra da rotina, curto prazo e menos burocracia.

O autor informa que a principal importância para Rico era a família. Assim como o pai ele tem que o trabalho é um serviço em prol da família, contudo, Rico tinha, além do conflito: tempo para o trabalho e tempo para a família, a preocupação de que não ofereceria aos filhos os valores necessários para que agissem de forma ética, ilustrando tal situação, o autor nos traz a seguinte frase: “As qualidades do bom trabalho não são as mesmas do bom caráter”.

Temos nas páginas seguintes um modelo de mercado diferente da época de Enrico, o “capitalismo faminto” que tem como lema “Não há longo prazo”, o mercado precisa que tudo seja realizado de forma cada vez mais rápida para assim poder atender os desejos dos consumidores em tempo record, pois, devido à era da computação, qualquer informação, serviço ou produto está a um click de distância, assim como as pessoas. O lema “Não há longo prazo”acaba passando para a vida pessoal dos indivíduos, os relacionamentos tornam-se superficiais e impessoais, de acordo com o autor "as formas passageiras de associação são mais úteis às pessoas que as ligações de longo prazo, e em parte que  fortes laços sociais como a lealdade deixaram de ser atraentes". Uma questão que o texto traz é como evitar que as relações familiares entrem nesse modelo, e como resposta temos que deve-se manter as virtudes de longo prazo.

Ao longo do capítulo e no seu final vemos que a mudança no tempo acarreta numa mudança do caráter, sendo que este último absorve a cultura do curto prazo e aceita a fragmentação como algo corriqueiro. Esse novo jeito de viver causa um sentimento descrito pelo autor como “deriva”, a falta de perspectiva presente ou futura. E Rico teme passar aos filhos o sentimento de deriva, principalmente na parte emocional e ética.

 

Cap. 2 – Rotina

Como o próprio título sugere, tal capítulo tem como tema central a rotina. A sociedade atual, de acordo com o autor, revolta-se contra o tempo rotineiro, burocrático, que pode paralisar o trabalho, o governo e outras instituições. Contudo, ele afirma que no capitalismo industrial, a rotina não era tida como um completo mal, mas era vista de duas perspectivas, uma frutífera e positiva e a outra destrutiva. A primeira perspectiva foi observada por Diderot, e em seu ponto de vista, a rotina no trabalho não era degradante, mas sim igual a de qualquer outra forma de aprendizagem, o autor ainda afirmava que a rotina estava em constante evolução, já que ao fazer um trabalho repetidamente, descobre-se como acelerar sua produção de modo igualmente ou mais eficiente; A segunda foi observada por Smith, e para ele a rotina era degradante, com o estabelecimento dessa, as pessoas perdem o controle sobre seus próprios esforços e a falta de controle sobre o tempo de trabalho significa morte espiritual. E para o autor o desenvolvimento do caráter só pode ser alcançado com a fuga da rotina.

 Sennett, após nos mostrar os dois lados da rotina, ressalta que “uma grande transformação que começa na época de Diderot; ali, a casa separava-se do local de trabalho. Até meados do século dezoito, a família atuava como o centro físico da economia”, e Daniel Defert, antropólogo, afirma que “reinava uma inseparável combinação de abrigo e subordinação à vontade do amo”, tal sistema foi chamado de economia domus. A “grande transformação” iniciada na época de Diderot foi uma nova ordem de trabalho, liberada do domus. Os trabalhadores não morariam mais onde realizavam suas atividades e rotina de trabalho. Smith concorda que essa separação de local de trabalho com local de moradia foi benéfica aos indivíduos, entretanto, no desenvolver do capítulo, vemos sua discordância com Diderot sobre inúmeros pontos da rotina. Um dos pontos é sobre o trabalhador industrial, a comparação de Diderot, de ator com o trabalhador, é incabível, já que este último não controla seu trabalho e rotina, a natureza repetitiva de seu trabalho o adormece. Por isso, e diversos outros motivos, a rotina industrial ameaça degradar o caráter humano.

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