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O Antigo Oriente Próximo e a Literatura Judaica

Por:   •  20/6/2023  •  Projeto de pesquisa  •  2.325 Palavras (10 Páginas)  •  68 Visualizações

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Euriovaldo Matheus Guerra Rossi

O Antigo Oriente Próximo e a literatura judaica

Introdução

        Na presente obra iremos observar o pensamento, religião, modo de pensar e agir do mundo antigo. Notaremos também algumas semelhanças nas literaturas se comparadas ao Antigo Testamento.

        Israel se situava vizinho do Antigo Oriente, e esses povos eram mais antigos do que eles, sua cultura, religião, literatura, eram mais antigas. Naturalmente esses povos exerceram influência sobre a literatura do Antigo Testamento. Existem semelhanças e diferenças, mas a principal diferença é a de que as Escrituras Sagradas são inspiradas.

        Notaremos a sociedade politeísta do mundo antigo, como seus deuses eram falhos. Os deuses muitas vezes eram criados, e os mesmos criavam outros deuses. Cada deus tinha uma função no cosmos, na sociedade ou em fenômenos da natureza. Os deuses tinham emoções e personalidades humanas.

        O objetivo que se propõe aqui, é o de singularizar as Escrituras Sagradas assim como o Deus que as inspirou. Seus autores receberam inspiração de Javé para escrever. Deus se revelou à humanidade através das Escrituras, e foram essas mesmas que se cumpriram na revelação total de Deus na pessoa de Jesus Cristo. O próprio Deus que falou através dos autores, dos profetas, encarnou em um homem já pré-determinado para revelar toda a plenitude de sua divindade. Essa é a diferença principal, mesmo com semelhanças e influências que podem ter ocorrido em relação aos povos do Antigo Oriente Próximo. Alguns textos serão colocados aqui como exemplo, mas o foco não vão ser os textos, mas englobar os pensamentos e práticas que permeavam estes povos. Chegaremos à conclusão de que, tanto o antigo como o Novo Testamento tem singularidades, pois o Antigo Testamento culminou na pessoa e obra de Cristo.

        1. Exemplos de textos do mundo antigo.

Gilgamesh e a árvore hulupu.

        Naquele dia, naquele dia longínquo,

Naquela noite, naquela noite distante,

Naquele ano, naquele ano remoto,

Neste dia de antanho, quando o que era necessário apareceu

Neste dia de antanho, quando o que era necessário foi feito com cuidado, como convinha; quando o pão foi consumido nas casas da região,

Quando se atiçou o fogo nos fornos,

Quando o céu distanciou-se da terra,

Quando a terra afastou-se do céu,

Quando o nome da humanidade foi estabelecido;

Quando o deus An dominou o céu,

Quando o Deus Enlil dominou a terra,

E ofereceu-a como dote no país à deusa Ereshkigal,

Quando ele foi embarcado,

Quando o pai foi embarcado para o país,

Quando Enki foi embarcado para o país.

Poema Babilônico da criação

        Quando no alto o céu não se nomeava ainda

e embaixo a terra não recebera nome, foi Apsu, o iniciante que os gerou,

a causal Tiamat que a todos deu a luz; como suas águas se confundiam,

nenhuma morada divina fora construída, nenhum canavial tinha ainda aparecido.

Quando nenhum dos deuses começara a existir, e coisa alguma tivesse recebido nome, nenhum destino fora determinado,

Em seu seio então foram criados.

        Estes são dois exemplos de textos de criação, como o de Gênesis nas Sagradas Escrituras. O interessante é que para as civilizações do mundo antigo, um nome era dado e então o objeto ou deus viria à existência. Notemos como no texto Gilgamesh e a árvore hulupu, isso ocorre: “Quando o nome da humanidade foi estabelecido”. No contexto, o nome da humanidade sendo estabelecido, entende-se que foi criada, a humanidade foi criada. Notemos também que o mesmo ocorre no poema babilônico da criação: “Quando no alto o céu não se nomeava ainda e embaixo a terra não recebera nome, foi Apsu, o iniciante que os gerou” vejamos também : “Quando nenhum dos deuses começara a existir, e coisa alguma tivesse recebido nome, nenhum destino fora determinado, em seu seio então foram criados.”

        Apesar deste texto ser mais óbvio e esclarecedor em relação à criação, vemos também inerente a questão do se dar o nome.         Existem inúmeros textos que se assemelham em suas formas literárias, assuntos já antes abordados pelo mundo antigo. Os estudiosos usam tais textos em uma metodologia de comparação, ler os textos bíblicos à partir de seu verdadeiro contexto histórico, e isso pode ajudar muito na forma de se interpretar alguns textos.

1.1Gêneros Textuais do Antigo Oriente Próximo

        Existem vários tipos de gêneros textuais no Antigo Oriente Próximo, gêneros que se assemelham e também são iguais aos do Antigo Testamento. Esses textos eram predominantes no mundo antigo e também na Palestina pré-clássica. Os autores dos livros bíblicos emprestaram o estilo e alguns tipos de práticas do mundo ao redor do seu contexto.

        Vale ressaltar também que os gêneros não são obrigatoriamente uma classificação de textos exigida, pois são discutíveis. Algumas classificações sugeridas poderemos ver a seguir:

Mitos

        As pessoas entendem por mito algumas narrativas fabulosas que fogem da realidade e pensamento crítico humano, em tais textos, os deuses são as personagens principais. Exemplificando que a maioria das pessoas não acreditam em “deuses”, estas narrativas são mitológicas. Por outro lado, no antigo Testamento, muitas pessoas acreditam que Javé existe, e por isso, ficaria inviável classificar os textos veterotestamentários no mesmo patamar da mitologia do Antigo Oriente Próximo.

        No mundo antigo, para estes povos, os deuses eram reais e exemplificavam o cosmos, a força da natureza, os valores morais e as normas para a vida em sociedade. Jan Assmann fez uma declaração sobre o Egito que vale para toda a sociedade do Antigo Oriente Próximo: “O tema do mito não era a essência das divindades, mas, sim, a essência da realidade.” Diz ainda: Os mitos instituem e delimitam a área em que é possível influenciar as experiências humanas. As histórias a respeito das divindades visam a lançar luz sobre a estrutura que dá sentido à realidade. Os mitos estão sempre situados no passado e sempre se referem ao presente. O que dizem sobre o passado visa esclarecer o presente.”

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