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Resenha - Para Que Serve a Espiritualidade

Por:   •  5/3/2019  •  Resenha  •  2.698 Palavras (11 Páginas)  •  281 Visualizações

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Resenha: Para que serve a Espiritualidade?, de Harold Segura Carmona.

Fernando S. Wernek

SEGURA CARMONA, Harold. Para que serve a espiritualidade? Viçosa, MG: Ultimato, 2010,144p.

Uma espiritualidade com compromisso

Pelo fato das igrejas evangélicas conhecerem pouco sobre a temática da espiritualidade, em seu compromisso e a forma como praticamos esta, e também devido a uma carente base teologia para produzir conteúdo teológico bíblico, que muitas vezes não passam de obras com abordagens fantasiosas ou de dicas para alcançar a espiritualidade desejável. Harold Segura nos direciona para o que se pode chamar de uma espiritualidade de compromisso, ou seja, uma espiritualidade que se distingue entre o reino de Deus (a vontade de Deus) e o governo do “homem” (religiosidade superficial ou descontextualizada e ritualismo religioso).

Harold Segura Carmona é um teólogo colombiano com doutorado em teologia pela universidade nacional de costa rica e doutor em Letras e Artes pela universidade javeriana puj sede Bogota. Ele é pastor evangélico e educador. Ex-reitor do Seminário Teológico Batista Internacional de Cali, na Colômbia, é membro do comitê diretor da Fraternidade Teológica Latino-Americana e autor de vários livros como "Em direção a uma espiritualidade evangélica comprometida" (2002), "Além da utopia, Liderança servo e espiritualidade cristã"  (2009), "Eu não ando com Jesus: Meditações para um discipulado integral" (2012),  "Ser igreja na era do vazio" (2011), "Teologia com crianças enfrentam uma perspectiva teológica da infância" (2015), entre outros.

Esta obra, Para que serve a espiritualidade?, é dividida em seis partes: (1) A espiritualidade na perspectiva do reino (pp. 9-29); (2) A encarnação: mistério e modelo (pp. 29-48); (3) Uma igreja para os outros (pp. 49-66); (4) Precisa-se de profetas: o papel do cristão na sociedade (pp. 67-86); (5) Por uma teologia dos direitos humanos (pp. 87-104); e (6) Justiça, oração e missão: dimensões da espiritualidade (pp. 105-112) finalizando com dois apêndice, com indicações literárias do autor (pp. 113-134). Todas as partes do livro contem breves insights que constrói as ideias de cada capítulo.

Para que serve a espiritualidade? é uma obra que conduz seu leitor a  auto reflexão, de sua própria espiritualidade, e se esta coerente para com os conceitos bíblicos, e seguindo um propósito coerente. O autor aborda a espiritualidade na perspectiva do reino; o mistério e o modela que a encarnação de Cristo propõe ao cristão; o real papel da igreja, que deve existir para os outros, e não para ser um fim em si mesma; o real profeta que a sociedade precisa; para buscar a construção dos direitos humanos; assim buscando questões básicas da dimensões da espiritualidade como justiça, oração e missão.

No primeiro capítulo, Segura nos leva a pensar sobre a questão “o que anda mal? Qual esta sendo o papel do cristão em sua realidade. Isso nos faz refletir sobre se estamos buscando o comprimento do propósito de Deus, e seu reino, para vida humana. Uma espiritualidade coerente com a vida e ensinamentos de Jesus Cristo. No entanto, para isso acontecer, o autor nos propõe reconsidera outros eixos que exercem autoridade normativa. Para então enfim, podermos moldar nossa maneira de seguir a Jesus. (a) Em primeiro, reconsiderar a espiritualidade institucionalizada, ou seja, a igreja como norma suprema. Isso pode levar a uma ação sem senso de direção e conquistas que necessariamente não condiz com o propósito do Reino, pois a igreja não é um fim em si mesmo, mas um instrumento a serviço do reino. (b) a busca exclusiva pela espiritualidade do extraordinário, ou seja, pela experiência com o mistério, milagres, sinais e maravilhas etc. Isto leva ao místico sem ética, uma emoção sem missão, uma especulação sem expectativas. (c) uma espiritualidade desconectada, isso é, o individualismo, que leva a uma vida sem conexão com o mundo exterior e com a missão de Deus no mundo. (d) uma espiritualidade sem estresse, ou seja, que busca somente e egoistamente a satisfação própria que prega um evangelho que promete satisfação das necessidades pessoais, garantia de saúde, felicidade e até prosperidade econômica. Devemos seguir a Cristo baseado no modelo do mestre, e não nas nossas expectativas.

O autor propõem analisar três modelos do reino pra viver uma espiritualidade cristã. Pois o reino é uma causa, mas ao mesmo tempo é um modelo. O primeiro modelo é a espiritualidade integral, que busca reconhecer e viver o senhorio de Deus sobre toda a vida e sobre toda a sua criação. O segundo modelo é a espiritualidade pluriforme, que não deve ser globalizada, padronizada, pois a diversos fatores que condicionam a espiritualidade: como o contexto social, a idade, maturidade, entre outros. O terceiro modelo é a espiritualidade radical, com comprometimento, pois no reino não á lugar para uma religiosidade superficial e medíocre. A afirmação “te falta alma”, que o autor leva-nos a refletir que a espiritualidade, sob a perspectiva do reino não pode reduzir-se ao comprimento das exigências da igreja, nem a um acúmulo de experiências espirituais extraordinárias, nem ao cultivo de uma vida interior desconectada do mundo exterior e da missão de Deus, nem satisfação egoísta das necessidades psicológicas ou á buscar por autorrealização humana. Mas, deve ser integral, pluriforme e radical.

No segundo capítulo, Segura começa trazendo a historia do cristianismo no primeiro século que aborda a doutrina da encarnação assim levando a uma cristologia do discipulado. Segundo ele “se crer em Jesus é seguir seus passos, viver de sua graça e unir-se à sua causa”, a encarnação é, então, o princípio que fundamenta essa crença e marca o modelo. O Deus que se encarnou é o Senhor a quem servimos e adoramos; sua encarnação assegura nossa salvação e nos mostra a maneira como ele quer que o sigamos. Para o autor “a missão encarnacional está relacionada á nossa identificação com o mundo a que pertencemos e com o compromisso com a sociedade e a cultura nas quais fomos chamados a dar testemunho do Ressuscitado”. Assim ele encerra este capitulo falando sobre o principio encarnação que é um convite à vida compassiva, comprometida e obediente. Não é uma técnica, uma teoria, ou uma especulação teológica. Muito menos uma estratégia que assegura o êxito, è antes de tudo, um convite para seguir a Jesus Cristo com Senhor e Mestre, em meio ás circunstâncias mais concretas desta vida.

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