Resumo Capítulo Jesus de Nazare – Cardeal Joseph Ratzinger
Por: Ferreira Barcelos • 15/7/2020 • Resenha • 1.560 Palavras (7 Páginas) • 238 Visualizações
Resumo Capítulo 6 Jesus de Nazare – Cardeal Joseph Ratzinger
Os discípulos
No começo do seu ministério Jesus escolheu doze homens que o acompanhassem em suas viagens, Jesus foi constituindo uma família ao longo de sua caminhada, mais o crescimento desta ‘família’ não é feito a partir da genealogia, mas da comunhão com Ele, por isso, Jesus escolhe um núcleo mais íntimo de pessoas, a seleção dos Doze foi de grande responsabilidade.
“Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolo” (Lc 6.12-13), de inicio este núcleo não era designado do grupo dos Apóstolos, mas era conhecido pelos Doze, só que foi restringido a estes Doze o título dos Apóstolos, acabando por ser sinonimo, durante a vida de Jesus encontramos que antes das grandes decisões Ele sobe ao monte, que designa lugar de comunhão com Deus, para a escolha dos doze pois eles continuariam a representá-lo depois de haver Ele voltado para o céu, então através dos doze, remontamos ao próprio Cristo, a igreja começou a construir-se quando alguns pescadores da Galileia encontraram Jesus, deixaram-se conquistar pelo seu olhar, pela sua voz, pelo seu convite caloroso e forte: "Vinde comigo e farei de vós pescadores de homens" (Mc 1, 17; Mt 4, 19).
Jesus subiu depois a um monte, chamou os que Ele queria e foram ter com Ele. Estabeleceu doze para estarem com Ele e para os enviar a pregar, com o poder de expulsar demónios. Estabeleceu estes doze: Simão, ao qual pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão; André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o Cananeu, e Judas Iscariote, que o entregou”, que Jesus subiu ao monte para rezar , por isso, o chamamento dos Doze é acontecimento que parte da oração e da relação íntima de Jesus com o Pai, focando assim a necessidade de pedir a Deus o envio de operários para a messe ( Mt 9,38).
O chamamento dos discípulos tem toda uma carga teológica, porque “é um acontecimento de eleição, uma decisão da vontade do Senhor ancorada, por sua vez, na sua (Jesus Cristo) união de vontade com o Pai”. O termo utilizado pelo evangelista para a escolha dos Apóstolos é ‘elegeu/fez’ Doze, segundo Bento XVI “o evangelista retoma a terminologia do Antigo Testamento para indicar a investidura do sacerdócio”, indicando os Doze para o ministério sacerdotal. No entanto, Jesus também chamou cada um por seu nome, recordando assim os profetas de Israel que eram chamados pelo nome.
Por isso, o chamamento dos Doze tem uma dupla vertente sacerdotal e profética ,em relação ao número doze, também se encontra sentido, porque era o número dos filhos de Jacob e que representava as doze tribos de Israel, por isso este número é a esperança para Israel que esperava ser restabelecida, é também um número cósmico, porque “exprime a universalidade do povo de Deus que está a renascer” abrangendo todo o tempo: passado, presente e futuro a imagem de Jesus na história dos Doze Apóstolos é representativa de Jacob, que teve o sonho da porta do céu que é Cristo Jesus, “o «Filho do Homem», o fundador do Israel definitivo”Jesus ao instituir os Doze tem o objetivo de os enviar, de serem testemunhas, que convivessem com Ele no dia-dia, porque para conhecer e estar em comunhão com Jesus é preciso viver e andar com Ele, e isto que testemunha Pedro no Livro dos Atos: “durante todo o tempo em que o Jesus viveu no meio de nós” (At 1,21
A etimologia da palavra ‘Apóstolo’ provém de enviados de Jesus, por isso eram eles os primeiros a levar Boa Nova às ovelhas perdidas de Israel. Por isso, os Doze deviam transparecer a vivência com o Mestre quando eram enviados a evangelizar em nome de Jesus. Qual era o objetivo dos discípulos serem enviados?
Segundo Marcos era para pregar e expulsar demonios. Mateus, por seu turno, ainda acrescenta que era para curar enfermidades, no entanto, a primeira tarefa dos discípulos era o anúncio da Palavra de Deus, da mensagem de Jesus, do Evangelho , ao nunciar do reino de Deus é o querer criar e reunir a nova família de Deus , oor isso, o grande objetivo era que os ouvintes se encontrassem com Jesus Cristo, a Palavra de Deus viva no nosso meio, na época de Jesus considerava-se que o mundo vivia dominado pelas forças do mal, por isso se pedia que os pregadores exorcizassem tais forças, daí a necessidade de discernir a vida no Espírito Santo. Bento XVI cita Henri de Lubac ao considerar que “o mundo antigo (…) viveu a irrupção da fé cristã como libertação do medo dos demónios, medo este que, apesar do cepticismo e do iluminismo, tudo dominava”
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Nos nossos dias encontra-se o mesmo fenómeno só que os elementos positivos foram cristianizados. Paulo teve que pregar o Deus uno e trino (cf. 1 Cor 8,4-6) para conseguir purificar o mundo. Ainda noutra passagem (cf. 6,10-12) Paulo aborda a questão de uma luta com o mal em algo superior, não sendo a carne e o sangue que perturba o Homem, por isso a necessidade da vivência com Senhor na oração. Mateus refere que os Apóstolos também curavam enfermidades e doenças, esta atividade é a essência do cristianismo por causa da cura e da redenção, a questão da cura não está em fazer magia, mas em indicar o verdadeiro Deus, levar as pessoas para o que é bom. E tudo parte da manifestação do reino de Deus, da soberania do Senhor, as curas servem para dar rumo ao caminho em direção a Deus. Bento XVI foca que “as curas milagrosas são um elemento subordinado no conjunto da acões de Jesus e dos seus discipulos, onde está em jogo a realidade mais profunda, ou seja, o «reino de Deus», que Deus Se torne Senhor em nós e no mundo inteiro,tanto o exorcizar como o curar são meios para aumentar a fé em Deus, estabelecendo assim a Razão de Deus que é projetada a partir do seu Amor.
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