Sobre o sacrifício de animais em cultos afro brasileiros
Por: Bàbá Ẹfun Anderson Ti Ògún • 6/4/2015 • Artigo • 424 Palavras (2 Páginas) • 336 Visualizações
"Eu não me identifico com coisas que eu acho que já deveriam ter evoluído. Quando matam os bichinhos, com cantigas, aquela faca enterrando devagarinho, esses bichos só podem dar força negativa, porque estão sofrendo. E eu vou colocar coisa negativa para o meu orixá? Não." Pai Agenor, uma lenda no candomblé
"Querem acabar com abate animal de liturgia religiosa? Então que comecemos pelo bacalhau de Páscoa, pato do Círio, pelo peru de ação de graças, pelo chester e o pernil de Natal. Pode ser?" Desconheço o autor da frase
► A umbanda NÃO pratica o sacrifício de animais!
► Como vocês veem, esse é um assunto polêmico até mesmo dentro do próprio candomblé. O sacrifício de animais no culto ao orixá se dá mais como forma de agradecermos pelo alimento que posteriormente saciará a fome de todos da comunidade. Acredita-se que, por meio da gratidão, tanto ao animal sacrificado quanto ao orixá que nos permitiu alimentarmos, e das rezas feitas antes do abate, teremos sempre uma mesa farta. Eis a diferença entre comprarmos frango no supermercado e fazermos, com nossas próprias mãos, seu sacrifício. O ejé (sangue) do animal representa vida, por isso quando o derramamos aos orixás estamos agradecendo pela vida do animal e, consequentemente, pela nossa. Se trata de tradição, afinal, as divindades africanas não tomam ejé. Cada orixá tem seus animais específicos, pois todos nos provêem algum tipo de alimento. Crê-se, também, que o ejé seja mágico e purificador, portanto, é de suma importância recorrermos a esse elemento natural durante obrigações.
Leia mais sobre as obrigações no candomblé: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1412086705772943&set=a.1394448090870138.1073741831.100009148819224&type=1
Somente o pai ou mãe de santo possuem autoridade para a prática do sacrifício, no mais algum filho com o cargo apropriado, conhecido, popularmente, como "mão de corte".
O abatimento acontece de forma rápida, fazendo com que o animal em questão não sofra. Quase todos os bichos que se encontram nas pratileiras dos supermercados podem vir a ser sacrificados em um terreiro de candomblé, com excessão dos animais de grande porte.
É bom ressaltar que...
NÃO SE SACRIFICA ANIMAIS DOMESTICÁVEIS NO CULTO AO ORIXÁ!
Existem MUITAS casas de axé que, hoje em dia, não praticam a matança de animais. Os zeladores dizem substituir o ejé por ewé (folha) e diferentes combinações de ervas, alcançando, com isso, o mesmo resultado obtido na forma de culto descrita anteriormente.
#Curiosidades:
Antigamente, na África, por exemplo, cachorros selvagens (diferentes dos domésticos) eram abatidos e servidos de alimento. Algumas cantigas de Ògún (Ogum), em dialeto africano, falam sobre isso.
Texto de Bàbá Ẹfun Anderson Ti Ògún, escrito com base nos ensinamentos herdados dos mais velhos.
Tenham um excelente dia! Asé...
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