Casamento No Tempo De Jesus
Artigo: Casamento No Tempo De Jesus. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rogerteg • 6/11/2014 • 1.615 Palavras (7 Páginas) • 551 Visualizações
Uma festa de casamento:
- Não sabemos o nome dos noivos. O que sabemos é que havia uma festa de casamento num lugarejo pobre e esquecido da Galiléia, chamado Caná. O nome significa “lugar de canas”. Caná está situada na parte montanhosa da Galiléia, aí os rebeldes se escondiam para combater o regime dominador que imperava em Jerusalém. Os noivos são pobres, pois se fossem ricos, provavelmente, não faltaria o vinho. Quem aparece em primeiro plano é a mãe de Jesus. O evangelista João não fala seu nome: - “Maria”, como faz os outros evangelistas, mas utiliza outros dois termos, tais como: “a mãe de Jesus” e “mulher”. Ela abre o cenário desta narrativa. Ela abre o caminho para que Jesus possa realizar o primeiro milagre. Ela impede o vexame que os noivos iriam passar. O evangelista João diz que Jesus e seus discípulos foram convidados para esta festa, porém não diz o mesmo de Maria, pelo contrário; afirma que “a mãe de Jesus estava lá”.
Jesus e os discípulos são convidados:
- No tempo de Jesus, a festa de casamento perdurava uma semana inteira. Era preciso prever as refeições, bem como o vinho, para todos estes dias. É possível também que por parte dos noivos havia algum parentesco com a família de Maria, por isso, que ela já estava lá. Além do mais, de Nazaré à Caná não é tão longe. São apenas uns 10 km. Mas, João faz questão de dizer que “Jesus e seus discípulos foram convidados”. Não sabemos se todos os doze estavam presentes. Jesus aceitou este convite e se faz presente. Não vai sozinho. O grupo está com ele. Todos devem presenciar o seu primeiro milagre. João Batista pertencia ao “período do jejum” e ao tempo da preparação. Enquanto que Jesus inaugura o tempo novo do “casamento de Deus” com a humanidade. Jesus se apresenta como o noivo numa festa de casamento (Mt 25,1-13).
A percepção de uma mãe: - A alegria dos noivos era grande. Tudo estava completo. A presença de Jesus e Maria dava um tom diferente àquela festa. Mas logo depois, Maria percebeu algo diferente que preocupava os serventes. Não tinha mais vinho. Sem vinho não haveria mais festa. Isto significa que os convidados iriam embora antes do prazo previsto. Quando terminava o vinho, era costume oferecer aos convidados, um suco de uva, amargo e sem sabor. Quem já estava embriagado, nem percebia mais a diferença. Era chamado o “vinho pior”. Porém, para a maioria dos convidados seria uma decepção. Para as famílias dos noivos, motivo de vergonha. – O que fazer agora? – Onde encontrar vinho de boa qualidade naquele momento da festa? Tudo indicava que aquela festa terminaria num grande fracasso. Da alegria se passaria à tristeza e reclamações dos convidados.
Uma mãe que se dirige ao Filho:
- No evangelho de João encontramos sete milagres realizados por Jesus. São os sete “sinais” da vida e da plenitude. Maria aparece somente neste primeiro. Nos outros seis, ela deixa Jesus agir. Não aparece em cena e, se aparece, está nos bastidores. Em todo o evangelho de João, Maria fala somente duas vezes e justamente nesta festa de casamento. Ela vai ao encontro de Jesus. Não pede nada. Apenas apresenta o fato. Faz uma afirmação plena de fé, que parece mais um pedido confiante do que comunicar o que se passa na festa. Jesus fica sabendo o que está acontecendo. Um pequeno diálogo se estabelece entre os dois. A necessidade é urgente. O problema precisa de uma solução imediata. O verbo está no presente. - “Eles não têm vinho”.
A novidade das novidades:
- Maria não se dirige ao chefe de cerimônias, que era o responsável de preparar tudo para o casamento e prever vinho para todos os dias de festa. Dele não há nada que esperar. Pois ele representa ainda a antiga aliança. Só Jesus pode resolver a questão embaraçosa. O vinho era o elemento indispensável nas núpcias, era o sinal da alegria, simbolizando o amor entre os esposos. Na pessoa de Jesus, Deus estabelece a nova aliança de amor com o seu povo. Os participantes da festa não conheciam o verdadeiro vinho, aquele que Jesus daria gratuitamente. É só por meio de Jesus que obterão o vinho novo, que se opõe ao vinho velho, que é a “lei dos judeus”, já ultrapassada. Jesus muda a água destinada à purificação dos judeus. Esta água desaparece para dar lugar ao vinho novo. Eis a novidade das novidades. Os ritos judaicos que já não têm nenhum valor para a liberdade do povo devem desaparecer. Jesus chegou nesta festa de casamento de uma forma discreta, se misturando com os demais convidados. A atenção dos convidados, voltada para os noivos, aos poucos, se volta para a pessoa de Jesus. A presença de Jesus vai pôr em movimento a cena e a festa pode assim continuar. Todos podem permanecer na festa.
A hora de Deus:
- Pela primeira vez aparece aqui o tema da “hora”. Este tema perpassa todo o evangelho de João. Aqui a “hora” é ainda misteriosa. Esta “hora” acontecerá plenamente na paixão e glorificação de Jesus na cruz. Então o vinho da salvação e a água da purificação jorrarão de seu coração aberto, traspassado pela lança. Lá no calvário a mãe de Jesus estará novamente presente, juntamente com as outras mulheres e o discípulo amado, João, o sacerdote da nova aliança. Eles se tornam as testemunhas da “hora máxima de Deus”. Porém, neste momento, Maria já não diz nenhuma palavra. Mesmo recebendo João, como “filho”, faz um silêncio pleno, profundo e contemplativo. É nesta hora que nasce a Igreja, a partir da sombra da cruz. É nesta hora que Maria escuta a mesma palavra que tinha escutado nas bodas de Caná: - “mulher”; isto é, mãe de toda a humanidade e mãe de todos nós: - “Eis aí o teu filho”. Ela se torna assim, a nova Eva. É o momento da recuperação do Gênesis e do paraíso perdido. Maria se torna agora a mãe da Igreja nascente,
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