Cidadania, Desequilíbrio e Percepção da Natureza

Cidadania, desequilíbrio e percepção da natureza

É de sumula importância rever conceitos culturalmente introduzidos na sociedade, para que possamos ter o entendimento do meio natural brasileiro e de como criar maneiras de preservação da natureza.

• Segundo o geógrafo sino-americano Yi Fu-Tuan “meio ambiente natural e visão de mundo estão estreitamente ligados“.

A industrialização, modernização agrícola, crescimento populacional e urbanização, compuseram os principais pontos de pressão e de conscientização humana sobre a problemática ambiental global.

A palavra “deserto”, que tem um significado nítido no meio ambiental, é muito utilizado no vocabulário brasileiro para referenciar o sertão do Brasil, no entanto não tem relação alguma com a realidade geográfica brasileira. Explica-se esse entendimento cultura de assimilar essa palavra a um local sem relação alguma ao fator cultura pré-estabelecido pelas mídias no imaginário social.

Esse conceitos absolutamente incorretos, induzem a reações nem sempre adequadas aos problemas ambientais localizados. Essa deseducação é evidente em vários aspectos do cotidiano em razão dos modelos culturais originários dos países desenvolvidos os quais alienam a percepção da realidade.

Por exemplo podemos citar, a utilização dos animais marcantes no imaginário infantil, onde esses animais sempre serão próprios de países do Norte e não de animais típicos da fauna nacional. O problema não está na utilização inadequada da imagem dos animais e sim na deseducação ambiental cuja iconografia familiariza o público no reconhecimento de uma natureza que simplesmente não existe no nosso território, tendo como consequência a anestesia da opinião pública quanto aos problemas ambientais realmente existentes no dia-a-dia.

No Brasil existe esse paradoxo, pois mesmo o Brasil sendo detentor de 23% da biodiversidade mundial, ele recorre a fauna de outros territórios para iniciar medidas de proteção da própria fauna. Esse problema tem impactos gigantes, visto que dezenas de espécies nativas, muitas vezes não são “merecedoras” de atenção e de proteção por parte da imprensa e de movimentos ecológicos.

Outro ponto que deve ser abordado é dominação a respeito da utilização da imagem da natureza na indústria cultural, onde o mesmo constrói a natureza como algo sempre belo e bonito e não a partir da percepção nas atitudes assumidas pelos cidadãos, onde as ações do homem destrói o meio ambiente.

Nessa mesma perspectiva notamos a supervalorização das paisagens, visto que só há iniciativa de preservação para aqueles ecossistemas ditos como “belos”, um exemplo é a valorização da Mata Atlântica e as florestas pluviais e a desvalorização do Pantanal ou Sertão.

Os principais problemas ambientais da realidade brasileira proliferam no espaço urbano do mundo moderno, tendo como palco as grandes cidades e as grandes aglomerações de pessoas. Esses fatores deveriam ser o centro das preocupações das sociedades. No entanto está relacionado diretamente no funcionamento desse ecossistema artificial, cuja manutenção é quase sempre esquecida pela sociedade.

Nota-se que, o que está em extinção não é somente espécies e paisagens naturais e sim a consciência cidadã que ocupam a vida cotidiana da maioria dos humanos.