ESCATOLOGIA E SEUS FUNDAMENTOS: UMA REFLEXÃO ESPECULATIVA SOBRE O ARMAGEDOM

ESCATOLOGIA E SEUS FUNDAMENTOS: UMA REFLEXÃO ESPECULATIVA SOBRE O ARMAGEDOM

SILVA JÚNIOR, Alfredo pereira da

RU: 2379934

RESUMO

Este artigo, balizado por bibliografia especializada, tem por escopo analisar a passagem bíblica que trata sobre a “Guerra do Armagedom” e a influência do tema na sociedade. Em época de pandemia global como a do Coronavírus (COVID-19), o imaginário da população, desde os mais céticos até os mais religiosos, tende a reproduzir aquelas cenas terríveis da guerra entre o bem e o mal, como o narrado no livro do apocalipse. Anjos e bestas, selos, taças, e tantos outros símbolos que foram usados neste livro, sempre causaram uma grande angústia e confusão no imaginário da humanidade, além da maneira como esta interpreta o assunto. O conteúdo do livro do Apocalipse é tão rico e complexo, que a teologia dispensou uma área própria para seu estudo e, é o que na teologia sistemática chamamos de Escatologia. De forma resumida, escatologia significa o estudo do final dos tempos. Sendo assim, para dar embasamento ao proposto pelo artigo, nos posicionaremos sobre alguns pontos de vista o que se refere ao milênio e ao método de interpretação do livro do Apocalipse. Porém o objetivo principal deste artigo, é refletir sobre as consequências que uma ideia errônea sobre a Guerra do Armagedom e a incerteza de ser considerado digno no dia do juízo final ou, sobre estar em conformidade com os requisitos para alcançar o céu, influencia no cotidiano do cristão e da sociedade em geral.

Palavras-chave: Armagedom. Escatologia. Influência.

 

1. INTRODUÇÃO

O termo Armagedom é empregado uma única vez na bíblia, mais especificamente no livro do Apocalipse 16.16., e segundo o dicionário da Bíblia de Almeida (Kaschel, Werner, 2005, p.27), Armagedom significa [Montanha de Megido] “Um campo de batalha profético, onde os reis da terra se reunirão para uma batalha no grande dia do Deus Todo poderoso”. Portanto o exemplo demonstra que, por ser um local onde ocorreram várias batalhas relevantes para o povo de Israel no decorrer de sua história, quando tal referência era usada já transmitia instantaneamente no imaginário daquele povo a ideia de guerras. Por isso que o apóstolo João usou essa figura de linguagem no livro do Apocalipse, por ter certeza de que ao se referir àquele local, os cristãos conseguiriam entender o objetivo da mensagem que estava sendo transmitida.

A humanidade vem resistindo há diversas guerras e catástrofes naturais, e tais eventos só não causaram a extinção da raça humana, por não ser esta a vontade de seu Criador. Pois quando o homem percebeu que era possível se aproveitar de seu próximo, seja o usurpando ou o escravizando em detrimento de suas aspirações pessoais, é que a raça humana e toda natureza criada sofre dores e expecta pela esperança da redenção. O mundo experimenta terrorismos, armas nucleares, crescimento desordenado, pobreza e fome, contaminação ambiental, poluição, problemas com água potável, crises financeiras, epidemias, aquecimento global, entre outros problemas há muito tempo. Diante disto é quase impossível acreditar que mais uma guerra ou catástrofe seja capaz de aniquilar a raça humana como nos moldes de algumas interpretações do livro do Apocalipse ou na forma como o fato é reproduzido por muitas produções cinematográficas. Seja uma terceira guerra mundial, em que a humanidade seria exterminada, após um conflito nuclear entre as superpotências mundiais, quiçá super vírus que transformariam os seres humanos em zumbis. 

Dessa forma, a batalha final entre o bem e o mal já acontece desde que Jesus Cristo passou a ensinar, qual era a vontade de Deus para a humanidade e que a revelação dada para o apóstolo João desta guerra, se dá em alguns momentos de forma alegórica, sendo simbólico seus personagens para descrever sua visão. Porém os efeitos para a raça humana, seja ela literal ou alegórica, pouco se diferencia de uma guerra física e real, pois o alvo objeto de tal batalha é a mente humana e esta guerra se dá principalmente através de influências. Influencias benignas e malignas. Onde tais influências, serão capazes de tornar o ser humano livre ou escravo. Vivo ou morto, bom ou mau.

E para dar azo a linha de raciocínio desta pesquisa, há que se discorrer sobre alguns pontos de vista trabalhados pela Escatologia, tal como o milênio e os métodos de interpretação do livro do apocalipse. Sendo assim, pensar sob essa ótica, poderá ajudar de alguma forma nesta inevitável guerra individual onde cada ser humano irá travar sua própria “Batalha do Armagedom”.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta é uma pesquisa qualitativa, elaborada sob referencial bibliográfico de diversos autores com expertise na temática, onde foi considerado a discussão que tratam o assunto tanto em livros, como em entrevistas e artigos científicos. Não só na área da ciência teológica, mas também nas outras ciências que tem o ser humano como objeto de estudo tais como, a filosofia, sociologia e a psicologia.

Devido à complexidade do tema e as diversas correntes doutrinárias que o tratam, será necessária uma breve explanação sobre os principais métodos de interpretações do livro do apocalipse existentes e o milênio escatológico, necessários para fundamentar o artigo, não se aprofundando às ramificações de algumas destas correntes de interpretações, pois não é objetivo criar mais um manual de escatologia. Porém, se faz necessário formalizar um posicionamento quanto ao que se pretende desenvolver, para que não haja incoerência naquilo em que o artigo propõe.

É necessário ter-se em mente, que a forma de interpretação do livro do apocalipse, são metodologias escatológicas, ou seja, correntes doutrinárias. Diferente dos métodos de interpretações hermenêuticos, que procuram sistematizar a forma como se deve interpretar toda a bíblia. Sendo assim, procuraremos ser o mais imparcial possível, usando o método de interpretação Alegórico, quando assim houver a necessidade e o método Histórico-Gramatical ou Literal da mesma forma, sempre interpretando o contexto geral.

2.1 MILÊNIO

O estudo escatológico que trata de um período de paz para a toda a terra, tem como base o capítulo 20 do livro de apocalipse e é chamado de Milênio. São três correntes que serão analisadas de forma bem abreviada. O Amilenismo, o Pós-milenismo e o Pré-milenismo. Segundo Berkhof (1996, p. 704):

...alguns que esperam um milênio no futuro afirma que o Senhor voltará antes do milênio e, portanto, são chamados premilenistas; ao passo que outros acreditam que a Sua segunda vinda ocorrerá após o milênio, e, daí, são conhecidos como posmilenistas. Numerosos são, porém, os que não creem que a Bíblia autoriza a expectação de um milênio, sendo costume falar deles como amilenistas.