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Princípios da interpretação bíblica

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Por:   •  23/4/2014  •  Tese  •  1.578 Palavras (7 Páginas)  •  891 Visualizações

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Resenha de: "Princípios de Interpretação Bíblica", por Louis Berkhof

BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. 3 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. 142 p.

Autor da resenha:

Hélio Sales[1]

Louis Berkhof (1873-1957) foi um dos teólogos de linha reformada mais influentes do Século XX. Sua obra completa possui mais de vinte volumes, sendo sua magnum opus o livro originalmente lançado com o título Reformed Dogmatics e em edições posteriormente ganhou o título Systematic Theology[2] que ainda hoje é utilizado em muitos seminários de linha reformada.

No livro Princípios de Interpretação Bíblica, Berkhof trata de Hermenêutica Sacra[3]. O livro é dividido em três partes maiores que são divididas em sete capítulos. Essa resenha não tratará de cada capítulo especificamente, mas das três partes maiores do livro.

Na primeira parte ele faz um resumo da história dos princípios de interpretação bíblica começando pelos judeus dos primeiro século e seguindo até às escolas de interpretação da linha histórico-crítico[4] atuais. Muita coisa aconteceu em dois mil anos de Cristianismo. Vários movimentos através desses dois milênios surgiram e desapareceram. Ainda que se tenham alguns movimentos bem distintos um do outro, como, por exemplo, o monasticismo e o protestantismo, todos circulam ao redor das Escrituras. Imagine vários círculos concêntricos onde no centro está Bíblia; quem está mais próximo do centro está mais próximo da verdade, e à medida que os movimentos se afastam da verdade, o círculo deles vai aumentando cada vez mais, se afastando, assim, das Escrituras. Há ainda aqueles que não possuem as Escrituras no centro, se afastando de uma maneira radical dela e se apartando da verdade; esses são os movimentos heréticos. Berkhof abrange de uma maneira bem direta e objetiva uma grande quantidade dos ramos hermenêuticos que surgiram na história do Cristianismo. Sua capacidade de síntese é marcante. Ele descreve de uma maneira simples, porém não simplista, esses movimentos destacando suas principais características. Para alguns, ele não somente faz isso, mas também dá ao leitor uma análise crítica de certos pontos de determinados movimentos mostrando as desvantagens e erros cometidos pelo método hermenêutico analisado.

Na segunda parte do livro ele trata da concepção correta da Bíblia, descrevendo as características “que determinam, em parte, os princípios que serão aplicados a sua interpretação” (p.12). Essa parte, sem dúvida, é o ponto alto do livro. Alguém já disse que toda heresia parte da má interpretação das Escrituras e isso acontece porque muitas vezes não há uma concepção correta do objeto da Hermenêutica Sacra. Berkhof demonstra de uma maneira brilhante algumas características desse livro único. Sua demonstração da inspiração da Bíblia[5] é feita de uma maneira que só um teólogo sistemático do porte dele poderia fazer. Ainda que haja provas arqueológicas e históricas para a inspiração das Escrituras[6], ele concentra-se nas evidências internas de inspiração. O autor não segue precisamente essa ordem, mas ele trata da inspiração do Antigo Testamento, como um todo, bem como do Novo Testamento. Após isso ele vai se tonando cada vez mais especifico em sua análise até chegar a grande verdade da inspiração verbal das Escrituras, ou seja, não somente as ideias são revelação de Deus, mas até mesmo as palavras escolhidas pelos redatores do texto sagrado foram dirigidas pelo Espírito Santo. Tendo estabelecido isso, Berkhof faz uma explanação das peculiaridades do texto e da história bíblica. Assuntos como a unidade e diversidade das Escrituras, a unidade de sentido, o estilo e a relação do intérprete com o Texto Sagrado são tratadas de maneira magnífica. Berkhof demonstra uma grande afinidade com a Bíblia. Ainda que sua explanação não seja de maneira exaustiva, sua abordagem é abrangente e possui um grande poder de persuasão.

A terceira e última parte do livro, Berkhof discute os três principais pontos em relação à interpretação bíblica, a saber, a gramatical, a histórica e a interpretação teológica. Sendo essa a principal parte do livro, cada ponto citado ganhou um capítulo específico. Aqui ele explica várias ferramentas que podem ser utilizadas nessas tarefas. Dessa vez Berkhof mostra que além de sua intimidade com o texto bíblico ele possui uma grande experiência com o laborioso trabalho de interpretação. As observações feitas e exemplos dados provêm de alguém com bastante experiência de estudos profundos e laboriosos nas Escrituras.

No capítulo de interpretação gramatical o autor não dialoga com as recentes tendências sobre os problemas de significado levantados pelas hermenêuticas atuais, mas é pressuposto dele que há significado no texto e que este pode ser encontrado. O que Berkhof faz, então, é auxiliar o intérprete a achar o significado do texto. Ele mostra ao leitor que a interpretação gramatical está radicalmente ligada ao tipo de literatura do texto. Muitos livros das Escrituras estão cheias de figuras de linguagem como ironia, alegorias, símile, parábola, entre outras. Ele aborda várias delas mostrando exemplos e referências textuais, porém o leitor precisará recorrer a leituras auxiliares, como gramáticas das línguas originais, se quiser se aprofundar de uma maneira mais substancial nelas.

No capítulo de interpretação histórica Berkhof lembra ao leitor um detalhe muito importante que muitas vezes é esquecido ou ignorado. A revelação de Deus foi dada em um determinado período histórico. Sendo assim, é importante conhecer alguns detalhes importantes que ajudarão na interpretação correta do texto. A importância do conhecimento histórico refere-se não somente ao contexto político e social do período em que o livro foi escrito, mas há outros detalhes também muito importantes para o intérprete observar. Ele cita, por exemplo, que o intérprete deve notar que é importante saber quem é o autor do livro, as circunstâncias em que ele estava quando escreveu, para quem o autor está escrevendo, quem está falando em determinadas passagens, onde os personagens dessa história estão. Entender a religião, principalmente dos judeus, é de extrema valia para o intérprete. Berkhof decorre sobre cada um desses tópicos de maneira muito precisa. O objetivo dele não é escrever sobre cada uma dessas questões, mas como o intérprete deve usá-las e atentar para

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