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Psicologia - Religião Cristã

Trabalho Universitário: Psicologia - Religião Cristã. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  28/9/2013  •  8.049 Palavras (33 Páginas)  •  607 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Na atualidade, os cientistas estão compreendendo que a Religião é o fator mais importante para a transformação do ser humano, logo, é instrumento de transformaçao da sociedade. Já é de conhecimento de todos do meio científico e acadêmico que a religiosidade auxilia na cura de doenças e que a oração melhora a situação de pacientes enfermo e eleva a auto-estima das pessoas.

Nós crentes em Jesus e em seus ensinamentos sempre soubemos disso, agora foram preciso mais de dois mil anos para que a ciência chegasse a essa conclusão. Neste trabalho esboçarei a respeito de diversas concepções psicologicas a respeito de inúmeras situações que envolvem fé, questionamento, psicologia e religiosidade, mas o que sei, tenho experimentado e presenciado é que Deus, através de seu filho Jesus tem transformado, curado, libertado e dado vida nova a jovens, adultos e idosos através da prática da fé viva e verdadeira no Pai, no Filho e no Espirito Santo.

A PSICOLOGIA DA RELIGIÃO CRISTÃ

1. Conceito e definição de Psicologia da Religiao

Entende-se por Psicologia da religião o estudo dos fenômenos psicológicos oriundos das experiências que ocorrem no indivíduo na sua prática religiosa e também em virtude de suas crenças. A psicologia da religião vinham aos vultos primitivos e as crencas históricas, a fim de conseguir dados para o seu estudo, organização social, costumes e padrões sociais e culturais

É fato consolidado atualmente, que a religião é uma dimensão muito importante, senão a mais importante, do ser humano, pois está é uma das características que distingue os humanos dos animais. O poder de influência da religião, diz respeito à vida e à morte influenciando todo o ambiente da sociedade. Ela influencia a forma como o homem encara a vida, o mundo e tudo que o cerca, a maneira como se interpreta e vive a sexualidade, a tolerância ou o racismo, a política, a profissão. Pode auxiliar no combate ao uso das drogas e condiciona a educação familiar.

A esse respeito, relato aqui que Jung (1993) menciona a importância da religiosidade para o ser humano, ao afirmar.

"Entre todos os meus doentes na segunda metade da vida, isto é, tendo mais de 35 anos, não houve um só cujo problema mais profundo não fosse constituído pela questão de sua atitude religiosa. Todos, em última instância, estavam doentes por ter perdido aquilo que uma religião viva sempre deu em todos os tempos a seus adeptos, e nenhum curou-se realmente sem recobrar a atitude religiosa que lhe fosse própria. Isto, é claro, não depende absolutamente de adesão a um credo particular ou de tornar-se membro de uma igreja."

A grande maioria das pessoas se consideram religiosas, e ao serem questionadas, responderão que nos momentos importantes de suas vidas a religião, ou o ato religioso esteve presente. Embora na atualidade, ainda encontramos críticos ferrenhos contra a psicologia e a religião, temos pensadores modernos e cientista que defendem a união de ambas.

A tarefa da Psicologia da Religião, no âmbito das Ciências Humanas, é estudar a origem e a natureza da mente religiosa; sendo assim, essa ciência não procura definir o que é a conduta religiosa, e sim por que e como alguns fenômenos religiosos se dão no interno da estrutura psicológica humana.

A Psicologia da Religião, portanto, não se preocupa com o teor filosófico ou teológico do religioso enquanto tal; indaga, isto sim, sobre a estrutura psicológica que está por trás das formas de vivência e experiência religiosa.

2. História da Psicologia da Religião

A Psicologia da Religião é oriunda da Psicologia Geral, tendo um desenvolvimento a partir do momento em que se começa a analisar o comportamento humano religioso. A partir desse entendimento, podemos relatar que a Psicologia da Religião é tão antiga quanto a própria humanidade, pois verificamos que os grande lideres mundiais de tempos remotos faziam análises sistemáticas do comportamento humano tendo por base a busca de explicações espirituais e sentimentais.

Caminhamos por toda a história do homem e encontraremos inúmeros pensadores que sempre buscaram explicações que conciliassem as sensações emocionais e o poder transcendental. Porém, apenas em 1731 foi que Edwalds pregou sobre o Deus glorificado na dependência do homem. Este considerava a insuficiência da razão na revelação religiosa. Após este pensador, veio Fechner que acreditava ser o espírito e a carne uma só coisa. Em seguida, mais precisamente em 1881 apareceu Harvard que expôs os seus estudos empírico sobre a conversão religiosa.

Estes foram autores importantes para que a Psicologia da Religião ganhasse espaço, mas foi com Edwin D. em 1893 que se iniciou o primeiro livro completo sobre Psicologia da Religião. Neste livro desenvolveu-se um estudo puramente empírico quanto às causas e condições da evolução religiosa, nos indivíduos. os dados consistem, largamente, de autobiografias escritas em resposta a uma série de indagações.

3. O Fenômeno religioso

Quero relatar aqui que as teorias que serão apresentadas a respeito do fenômeno religioso, não expressa concisamente o que acredito ser um “fenômeno religioso”. Acredito sim que Jesus cristo enviou o seu Espírito Santo e que todos devem ter a experiência religiosa única com Deus, ou seja devem ser batizados no Espírito Santo, mas, como o trabalho aqui apresentado é de cunho cientifico e imparcial relato aqui as opiniões de autores da área da psicologia.

Acreditar numa ordem superior e que o bem supremo consiste em ajustar-se harmoniosamente a ela é a definição do pensador William James para a ancestral e intuitiva percepção religiosa do homem, que tem uma necessidade essencial de compreender a realidade que o cerca, o porquê do mundo e seu lugar dentro dele.

As concepções míticas e os ritos mágicos das sociedades primitivas expressavam já essa íntima convicção na existência de forças superiores que dão sentido à natureza e alimentam o propósito de estabelecer algum tipo de comunicação com tais forças. À medida que o homem adquiria conhecimentos mais amplos sobre o mundo em que vivia, esses vagos poderes sobrenaturais começaram a ser representados por meio de contornos mais precisos e surgiram assim as religiões organizadas, que partilhavam com os cultos primitivos o reconhecimento de uma natureza superior e a dependência do homem em relação a ela.

A partir de perspectivas diferentes, o teólogo se ocupa dos princípios e dogmas de uma religião em particular, o filósofo se interessa pelo fato religioso em sua essência e como atividade humana, e o historiador das religiões estuda fundamentalmente aquelas formas externas em suas transformações e cristalizações. Todos esses enfoques, no fim, são determinantes de âmbitos complementares da religião, que se pode definir em termos gerais como o conjunto de relações entre os homens e um ser ou potência superior, ao qual, por atribuir-se a ele caráter divino e sagrado, se rende culto individual ou coletivo.

A Religião se caracteriza por uma concepção de universo na qual se nega que o mundo dos sentidos seja suficiente e adequado, reconhecendo uma realidade transcendente. O principal atributo do sobrenatural é o Poder, seguido de perto pelo Maravilhoso. O sobrenatural pode ser relacionado a objetos ou a fenômenos.

Devemos entender que ciência e fé não são opostas, mesmo que a História tenha registrado antagonismos exteriorizados até com violência. Cada uma delas age num plano, e a comparação entre realidades tão diferentes não faz sentido. Fé não é fanatismo, que se traduz na perversão da fé, fruto talvez da limitação humana que nos foi imposta pelo pecado original. É preciso considerar também que o fanatismo não é uma atitude exclusiva nos que crêem no sobrenatural.

O Fenômeno Religioso é explicitamente verificado em todas as épocas e lugares, as pessoas necessitam de um ser superior, para servir-lhes de consolo diante dos embates do mundo que muitas vezes deixam-nas aflitas e sem direção, naquele momento em que tudo parece não ter sentido, no exato momento em que a razão já não explica mais a nossa realidade, gemina a fé, a crença e a esperança num amanhã glorioso circundado pelo gosto da vitória.

A religião solidifica nossa crença, amadurece nossa relação com o transcendente, nos leva a uma realidade metafísica para aposteriori compreendermos nossa realidade física e humanamente limitada. Somos limitados! Mas, nossas ações tornam-se ilimitadas quando deixamos frutos de nossa existência, quando as pessoas captam em nos valores, e, agregam esses valores dando novo sentido ao seu existir.

Nossos valores serão sempre renovados com o contato religioso, quando se adere a uma religião não pode ser uma decisão precipitada, mas uma convicção a ser seguida, uma vez que a maior de toda as religiões o Cristianismo se solidificam baseados no valor da dignidade humana! Assim devemos conduzir nossa vida respeitando em primeiro lugar nossa vida e fazer dela um testemunho vivo da presença do sagrado.

Com tal conceito quero relatar que o trabalho aqui exposto a respeito do que é considerado fenômeno religioso, é apresentado aqui tendo por base os estudos de Carl Gustav Jung um dos maiores psiquiatras do mundo. Fundador da escola analítica de Psicologia. Segundo o mesmo, durante o desenvolvimento do homem, ocorreria simultaneamente um desenvolvimento de suas potencialidades impulsionado por forças inconscientes, sendo que o homem seria capaz de se conscientizar desse desenvolvimento e influenciá-lo. Assim, no "confronto do inconsciente com o consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização de um indivíduo específico e inteiro". Essa confrontação foi chamada de processo de individuação. Seria esse processo que permitiria que a personalidade se completasse, quando consciente e inconsciente se ordenariam em torno do Self - o centro da personalidade total.

Jung sempre viu o inconsciente em constante trabalho, revolvendo conteúdos, agrupando-os e reagrupando-os, sofrendo mudanças e provocando-as, influenciando o Ego e sendo influenciado por ele. Os seus conteúdos seriam suscetíveis de metamorfoses, o que se poderia acompanhar através dos sonhos (nos casos individuais) e nas transformações dos símbolos religiosos na vida social (coletiva). Foi através do estudo das evoluções individuais e coletivas e da simbologia alquimista que Jung chegou ao conceito tido como básico em sua psicologia: o processo de individuação (realização de Si-mesmo, individualidade e unidade).

No âmago da psique se encontraria o arquétipo de Deus (arquétipo do Self ou do Si-mesmo). O confronto com o luminoso poderia ser forte a ponto de causar a desintegração do Ego. E seria como defesa a essa situação que o homem realizaria os rituais. Estes serviriam de anteparo entre o divino e o humano; entre a imagem de Deus presente no inconsciente e o Ego. Jung acreditava que as religiões e seus rituais serviam como forma de proteção ao Ego no confronto com o inconsciente, sendo que a união entre os opostos consciente e inconsciente seria promovida pelos símbolos religiosos, que impediriam o aniquilamento do Ego.

O inconsciente coletivo seria uma área na qual estariam presentes possibilidades herdadas da experiência passada da humanidade. Tais imagens seriam gravadas pela repetição de reações subjetivas, vividas e revividas pela humanidade e constituiriam a matriz dos símbolos que se expressam nos sonhos, nos mitos, nos contos de fadas e nas obras individuais. Deve-se ressaltar que tais imagens primordiais herdadas seriam as formas mais antigas e universais da imaginação humana.

O conceito de inconsciente coletivo permitiu que Jung tentasse resolver duas questões que considerava relevantes: a) explicar a semelhança entre conteúdos simbólicos individuais e temas místicos recorrentes ao longo da história da humanidade, pois "indubitavelmente, todo o simbolismo arcaico usualmente encontrado nas fantasias e sonhos representa fatores coletivos"; b) integrar a História como um elemento formador da psique individual.

À semelhança de Deus, o inconsciente tem dois aspectos: um é bom, favorável e benfazejo, o outro é mau, malévolo e nefasto. O inconsciente é a fonte imediata de nossas experiências religiosas. A natureza psíquica de toda experiência não significa que as realidades transcendentais sejam também psíquicas. A física não considera que a realidade transcendental, representada por seu modelo psíquico, também seja psíquica. Ela chama isso de matéria; da mesma forma a psicologia não atribui sua própria natureza psíquica às suas imagens ou arquétipos.

Ela os denomina "psicóides" e está convencida de que representam realidades transcendentais. Ela conhece inclusive a "fé simples" como uma espécie de convicção inevitável. Podemos procurá-la em toda parte, mas ela só vem ao nosso encontro quando quer, pois é um Dom do Espírito Santo. Só existe um único espírito divino: uma presença imediata, muitas vezes aterradora e de forma nenhuma sujeita ao nosso arbítrio. Uma experiência desse tipo é sempre numinosa porque une todos os aspectos da totalidade.

Todas as religiões originem-se de encontros com os fatores do inconsciente, venham eles por sonhos, visões ou êxtases e apresentem-se como deuses, demônios ou espíritos. Afirma, ainda, que Jung reconhecia todos os deuses como possíveis, desde que tenham sido atuantes no psiquismo humano. Isto apesar de as afirmações religiosas não poderem ser universalmente comprováveis. Segundo Jung, ainda, todos os psicólogos que estudem os fenômenos religiosos devem abster-se de considerar como verdadeiro somente o que apresentar-se como um dado físico visto não ser este seu único critério de veracidade. Há, além, verdades psíquicas que não podem ser recusadas, mesmo sendo de difícil explicação. Todas as religiões vêm do mesmo solo: o inconsciente. Não há "revelação", nem deus, nem transcendente; há somente arquétipos, recém-brotados do "mesmo solo materno em que, outrora, se formaram, sem exceção, todos os sistemas filosófico-religiosos."

É o contato com os "mistérios" de cada religião que fala diretamente – simbolicamente – com o nosso inconsciente, satisfazendo nossa religiosidade.

Esses mistérios sempre foram a expressão de uma condição psicológica fundamental. A pessoa externa suas condições psicológicas fundamentais e mais importantes neste rito, nesta magia, ou qualquer nome que possa ter. E o rito é o desempenho cultual desses fatos psicológicos básicos. Isto explica por que não se deveria mudar nada no rito. Um rito deve ser realizado segundo a tradição e, se houver nele qualquer mudança que seja, incorre-se em erro. Não se deve permitir que a razão nele interfira. Não estamos psicologicamente desenvolvidos o suficiente para entender a verdade, a verdade extraordinária dos ritos e dos dogmas. Por isso esses dogmas nunca deveriam ser submetidos a qualquer tipo de crítica.

É possível à psique descobrir em si uma completude perfeita, através de seu sistema de auto-regulação. Mesmo quando gerado por um sagrado exterior, o numinoso, interior ao homem, gera um processo interno de comunhão do fundo originário externo com o Self. Assim, tudo o que alimenta as atitudes religiosas de cada comunidade nada é além de uma supraestrutura, um nível de consciência ou de inconsciente pessoal. Ou seja, não se referem à totalidade da alma, não permitindo, assim, de fato a sua realização. Desta forma, pela análise do numinoso,

Todas as religiões se encontram enquanto possuem uma função psicológica numa dada sociedade e cultura, e enquanto, por conseguinte, emanam da natureza. Seus simbolismos aí aparecem numa dimensão nova: eles traduzem não acontecimentos cósmicos, mas acontecimentos psíquicos. De imanente ao cosmo, o divino torna-se imanente à psique humana

Como função psíquica, a religiosidade poderia ser desenvolvida, cultivada ou aprofundada, como também poderia ser negligenciada, deturpada ou reprimida. Visto que toda função psíquica busca uma forma de expressão, um caminho para dar vazão à sua carga energética poderia encontrar meios diversos para fazê-lo. Desta forma, antigos deuses teriam sido substituídos por outras formas reverenciadas. Esta teoria junguiana ajuda a explicar o fato de Comte ter desenvolvido a Religião da Humanidade e de Teixeira Mendes, Miguel Lemos e tantos outros terem sentido tanta necessidade de reverenciar religiosamente algum ser ou alguma forma, em substituição ao Catolicismo aprendido na infância e abandonado por convicções teóricas

Uma atitude religiosa também pode representar o sentimento; além disso, a devoção religiosa (acrítica) seja à idéias de Deus ou à idéia da matéria pode existir, embora esta atitude possa ser chamada de 'religiosa' apenas quando é absoluta. Assim, o empírico pode ser religioso.

Praticar uma verdadeira religião seria, a partir de uma ou de diversas experiências imediatas que possibilitam a intuição do Self, alcançar uma plenitude que submete-se conscientemente às realidades inconscientes. Mesmo se escolhermos um tipo acabado de símbolo religioso, podemos constatar que os símbolos da divindade correspondem sempre aos do Self, o que pode-se traduzir como uma expressão da idéia e da presença de Deus manifestando a totalidade psíquica através de experiências psicológicas.

Não há contradição entre o ponto de vista psicológico e a visão do crente, nem qualquer intromissão da ciência no campo da metafísica ou da teologia. Todavia, o que pertence à ordem da fé, a crença num Deus, pode também ser vivido como a experienciação de uma instância psíquica que transcende a consciência. Essa interpretação segunda desvela um dos sentidos da prática religiosa: unificação pelo compromisso simbólico, pois, "sem a experiência vivida dos contrários, não seria possível ter a experiência da totalidade e, por isso mesmo, acesso interior às figuras sagradas." Ela decodifica, no aprofundamento progressivo, a obra do processo de individuação que se realiza por meio da auto-regulação da psique, pois a inclinação natural autônoma da alma é o impulso para a totalidade.

As variedades de experiências do divino levam a comparações psicológicas que, por sua vez, podem levantar protestos dos teólogos quanto à autenticidade ou distorção de certas imagens. Às vezes a experiência não existe, ou então é uma abstração conceitual, ou ainda o divino é deslocado para imagens e experiências que via de regra não são consideradas sagradas.

Com freqüência, e isto tem interesse psicológico considerável, o grau de perturbação psicológica de uma pessoa é o fator determinador da distorção ou deslocação correspondente da imagem de Deus. Conseqüentemente, a experiência e também a imagem de Deus aparecem ao psicólogo como continuando a revelar-se dentro e através da alma, sem nenhuma limitação, e para além dos confinamentos de qualquer dogma. Tais imagens e experiências são representações coletivas compartilhadas pela mente de todos nós na sociedade em que vivemos.

4. A Experiência Religiosa

Ao iniciar a respeito do que vem a ser a experiência religiosa dentro da Psicologia da Religião Cristã importe se faz expor o que diz Benkö (1981:14), em seus estudos, “Deus não é objeto de investigação estritamente científica, porém, toda vivência religiosa envolve um ser humano e, como experiência humana, pode ser objeto de investigação científica”.

Toda experiência religiosa, portanto, brota da interrogação em torno das questões fundamentais da existência e pode manifestar-se como um vago sentimento íntimo e pessoal, ou assumir formas exteriores precisas e estruturadas.

O tema “experiência religiosa” pode ser compreendido de diferentes maneiras. Pode-se entendê-lo como uma experiência única, extremamente significativa na vida de um indivíduo, ou seja, uma experiência marcante em um determinado momento de sua vida que pode ou não trazer como conseqüência mudanças em diversos aspectos do modo de viver da pessoa.

Outra forma de se entender a expressão experiência religiosa, de maneira geral, é pensando nos valores, conceitos, tradições e costumes transmitidos ao indivíduo pela religião a que este pertence. A experiência religiosa, em geral, se daria de acordo com a vivência do sujeito dentro do grupo religioso.

Com base no que escreveu Amatuzzi (2001), saliento aqui que de acordo com este autor cada um pode ter uma história de vida diferente a contar, e que, no entanto, para alguns, nessas histórias ocorreram experiências religiosas num sentido mais específico. Seriam acontecimentos marcantes ou transformadores no campo religioso assumidos com certo significado, ou seja, relacionados com o sentido último.

Nessa acepção mais específica, uma determinada experiência religiosa corresponde à vivência de um encontro pessoal com outra dimensão da realidade, de que decorre uma compreensão mais radical das coisas e que é, em geral, referido a um pólo transcendente do sentido, denominado Deus.

Para se ter uma experiência religiosa necessita-se de fé, logo é importante ressalta com base em Valle (2001) que a fé é uma orientação para a pessoa. Esta oferece um propósito e metas para as lutas e esperanças, para os pensamentos e ações, é uma forma ativa de ser e comprometer-se, um meio para se adentrar e modelar novas experiências de vida.

Dando ênfase ainda à concepção de Valle e Amatuzzi, entende-se que durante as fases do desenvolvimento religioso, o desafio central do indivíduo é passar dos apegos à libertação, descobrir o que é simplesmente viver, independente de fatores outros. A conseqüência disso é uma sensação de serenidade e sabedoria. A religião torna-se uma relação experimentada na humildade diante do mistério. A experiência religiosa tem uma repercussão direta na vida da pessoa. Ela é tal que transforma ou modifica a vida.

A experiência religiosa abre a pessoa para um mundo inteiramente novo e diferente do cotidiano, do qual só é possível dar conta a partir de dentro dele mesmo. A grande obra da espiritualidade é justamente sensibilizar a pessoa para captar o outro lado das coisas, perceberem aquilo que está sempre presente, mas escapa ao olhar desatento Fazer a experiência do mistério gratuito não é romper com o mundo e a realidade envolvente, mas sim entrar em profunda comunhão com estes.

Na trajetória de muitos dos buscadores espirituais há a presença de um movimento de saída de determinada perspectiva de vida e a retomada de um novo caminho, que possibilita um olhar distinto sobre tudo, capaz de perceber o abraço generoso e envolvente do Mistério.

De acordo com F. Heiller (1985, 555) a diferença da experiência religiosa daquela “profana” reside exclusivamente na relação com o divino, com o transcendente. As características da vivência religiosa derivam do objeto. Aquilo que a ciência das religiões chama de objeto da religião é o sujeito da mesma religião. A idéia de Deus como ser pessoal, único e soberano que sustenta a história, pertence propriamente à tradição do monoteísmo hebraico e cristão, mas não é universal na história.

Aquilo que podemos observar como ponto e convergência nas diferentes tradições religiosas é a referencia para uma realidade suprema, a qual é ligada uma busca de libertação, de sentido e de paz total, que perpassa a existência dos homens

De um lado nós temos a abordagem à transcendência teista aonde o homem encara o Absoluto pessoal e criador, diferente do cosmo e do homem, porém perto deles. É o Deus do hebraísmo e do cristianismo, do islamismo. Do outro se coloca um itinerário de introspecção psicológica de cunho monista, aonde a realidade última é identificada de baixo do eu empírico num grande “se” anônimo, indiferenciado: é o impessoal, a energia, o vazio. Das intuições hinduísta, budista, taoista.

Esta distinção é na linha das duas grandes simbólicas, encontradas nas religiões primitivas: a simbólica teista e a simbólica cosmobiológica. No teísmo, que prevalece nas sociedades da caça e da colheita, o divino se configura como o Outro, enquanto nas cosmobiologias, que floresceu nas primeiras civilizações agrárias, coincide com a Vida.

Em suma, no que diz respeito à experiência religiosa conclui-se com base nos autores citados que ao envolver o divino, o transcendente ou o mais profundo do Eu a experiência religiosa aparece como algo que ultrapassa o plano das idéias e por ir além desse plano usar apenas a linguagem verbal ou escrita para transmiti-la, é como reduzi-la a um contexto empobrecido de significado.

Dessa forma, não podemos atribuir à experiência religiosa um caráter passivo ou uma relação mágica de causa e efeito na qual, por acaso, o sujeito vivencia algo diferente e de repente não é mais o mesmo. Uma experiência religiosa autêntica tende a ser transformadora.

Tal experiência pode ser entendida como uma conversão que não tem nada de mágico e que possibilita ao indivíduo um voltar-se para Deus e um desviar-se de tudo o que possa interferir negativamente nessa relação. A experiência religiosa contribui para uma mudança subjetiva com conseqüente modificação de comportamentos e tais mudanças podem ser entendidas como uma faceta do crescimento psicológico.

Em suma finalizo aqui esboçando a concepção de que a verdadeira experiência religiosa, aquela em que a pessoa se envolve de corpo, mente e espírito, onde a alma abraça a fé numa dependência da divindade, na sedução pelo sagrado, na paixão divina e no zelo do serviço de devoção, consegue produzir mudança interior e exterior.

Há um verdadeiro equilíbrio psíquico na pessoa que tem uma fé genuína. Ela não cai com facilidade, pois encontra na fé uma âncora forte na qual pode se debruçar, renovar suas forças, se encher de novas esperanças e partir até para o impossível limitado tão somente pela vontade divina.

5. Os ramos da psicologia

O homem partilha uma série de faculdades e capacidades com todos os seres vivos. Como os animais e vegetais, nasce, cresce, se reproduz e morre. O estudo desses fenômenos vitais compete à biologia. Também tem, junto com os animais superiores, a capacidade de percepção, de conhecimento sensível, de apetite instintivo e de memória. O que o distingue dos demais seres são as capacidades psíquicas superiores, como o raciocínio, a possibilidade de abstração e a vontade livre. Essas faculdades, ao lado das características perceptivas e instintivas, constituem o objeto da psicologia, disciplina que já foi estudada dentro dos limites da filosofia, com seus métodos, e mais tarde evoluiu para um racionalismo cientificista. Com a contribuição de outros ramos do saber, constituiu-se finalmente como ciência independente, suscetível, no entanto de múltiplas abordagens.

Tradicionalmente, o conjunto das atividades psíquicas se inclui na idéia geral de alma, cujo significado filosófico e religioso alude à distinção entre as instâncias corporal e espiritual. À margem dessa concepção especulativa, a psicologia tentou por todos os meios possíveis, desde seu estabelecimento como disciplina científica, encontrar explicações para os fenômenos mais ou menos objetivos da atividade psíquica nos seres vivos e, de forma específica, no homem. Esses fenômenos se manifestam no comportamento, que é suscetível de estudo empírico, o que significa que pode ser estudado com um enfoque que escapa tanto ao domínio da filosofia como ao da religião.

A dificuldade de separar os fenômenos psíquicos dos componentes subjetivos que intervêm no comportamento explica em parte a multiplicidade de teorias e escolas que coexistem no âmbito da psicologia, fato que se dá também em outras ciências humanas, como a sociologia e a história.

Psicologia é a ciência dos fenômenos psíquicos e do comportamento. Entende-se por comportamento uma estrutura vivencial interna que se manifesta na conduta. O termo psicologia origina-se da junção de duas palavras gregas: psiché, "alma", e lógos, "tratado", "ciência".

Não existe uma só teoria psicológica, mas sim uma multiplicidade de enfoques, correntes, escolas, paradigmas e metodologias concorrentes, muitas das quais apresentam profundas divergências entre si.

5.1 Psicologia animal

Também chamada psicologia comparada, a psicologia animal tem como uma de suas finalidades a de precisar o degrau em que, na escala evolutiva, determinada espécie deve ser situada. A maior contribuição da psicologia animal decorre do fato de que os estudos efetuados sobre animais permitem responder muitas perguntas relativas à psicologia humana.

Edward Lee Thorndike, Clark Hull, B. F. Skinner e muitos outros teóricos da psicologia da aprendizagem elaboraram suas leis a partir de dados obtidos com animais, visto que neles as experiências podem ser simplificadas e mais controlados os fatores não relevantes. Os estudos de Konrad Lorenz e Nikolaas Tinbergen sobre os instintos também foram efetuados com animais.

5.2 Psicologia do desenvolvimento

O estudo longitudinal do desenvolvimento procura compreender tanto a época do aparecimento dos processos psicológicos, quanto as características dos principais estágios da evolução psíquica. Iniciou-se com as pesquisas sobre a psicologia da criança, mas os trabalhos de George Coghill, Z. Y. Kuo e outros mostraram a necessidade de levar em conta também os dados obtidos sobre o desenvolvimento psíquico dos animais, principalmente no terreno do desenvolvimento motor.

Alguns autores antigos consideravam o desenvolvimento unicamente como um acréscimo em quantidade e complexidade; teorias posteriores, ao contrário, afirmam que as modificações qualitativas e descontínuas surgem nos vários níveis da evolução. Isto levou a caracterizar os níveis de evolução em termos de "padrões de desenvolvimento". Admite-se que existam formas gerais comuns a todos os membros da mesma espécie, as quais durante certo período caracterizarão seu comportamento psíquico.

Estudos sobre a vida embrionária tanto do homem quanto dos animais mostram que os primeiros movimentos são descoordenados e envolvem o organismo inteiro. Depois, por individuação e por influência de fatores internos, na concepção de Coghill, ou mais pela influência de fatores excitantes externos, na teoria de Kuo, as reações vão especificar-se em ordem precisa, definida. Assim, o desenvolvimento motor vai de movimentos amplos que envolvem todo o membro até as atividades finas de coordenação motora.

Todas as teorias concordam que a regularidade do desenvolvimento constitui uma prova da presença de fatores internos, isto é, de fatores de maturação. Isso explica, no dizer de Arnold L. Gesell, por que a criança senta-se antes de ficar em pé, desenha um círculo antes de conseguir copiar um quadrado e fabula antes de poder dizer a "verdade". Influências externas desfavoráveis, como, por exemplo, ser impedida de movimentar os membros, atrasam sua locomoção, mas, uma vez liberada, rapidamente recupera o que perdeu e se iguala às outras crianças de mesma idade.

O estudo do desenvolvimento da criança exige métodos específicos pouco usados em outros ramos da psicologia. A análise dos jogos e desenhos infantis, a observação e análise cinematográfica são algumas das técnicas que permitem acompanhar sua evolução.

5.3 Psicologia social

A personalidade não se desenvolve nem se manifesta no vazio, mas em estreita interação com outras personalidades. A disciplina científica que estuda a personalidade em interação é a psicologia social.

Autores antigos tiveram uma visão mais atomística da relação entre a personalidade e a sociedade. Muitos consideravam que a psicologia social começa depois que a personalidade se forma graças às forças internas e aos mecanismos de aprendizagem. Concepção mais recente, sem negar a importância desses fatores, ressalta que a personalidade, sob todos os pontos de vista, desde o nascimento, está sendo condicionada cultural e socialmente.

Outro tema preferido da psicologia social moderna é a investigação do status, isto é, a posição que alguém ocupa no grupo, e do rôle, ou seja, o comportamento esperado do indivíduo por um grupo humano. Para que uma pessoa seja bem ajustada, considerada como normal, é necessário que saiba desempenhar seus rôles, seus "papéis sociais", e encontre suficiente grau de satisfação emocional na vivência desses papéis.

5.4 Psicologia aplicada

Durante muito tempo a psicologia aplicada foi considerada como um ramo da psicologia no qual os fatos e os métodos da ciência eram aplicados aos problemas práticos da vida diária. Entretanto, o adjetivo "aplicado" conduz a uma impressão errônea das relações entre a psicologia pura e a aplicada, sugerindo que esta última toma de empréstimo à primeira seus princípios e leis. Na realidade, os princípios da psicologia aplicada são muitas vezes independentemente derivados, a partir do esforço de solução de problemas práticos.

A utilização dos métodos e resultados da psicologia científica na solução prática dos problemas do comportamento humano é chamada psicologia aplicada. Embora, desde o nascimento, a psicologia científica tenha sido empregada nos diversos ramos da atividade humana, sua aplicação acelerou-se principalmente a partir da segunda guerra mundial, durante a qual os psicólogos foram solicitados a colaborar na seleção, preparação e readaptação dos combatentes para as mais variadas tarefas. Na atualidade, em todas as atividades importantes aplicam-se os conhecimentos psicológicos.

Existem, portanto, entre outras, psicologia clínica, a educacional, a do trabalho, a jurídica, a do esporte, a ambiental, a hospitalar, a comunitária, a institucional, a do lazer e a pastoral. As mais destacadas são, sobretudo as três primeiras, tanto pelo número de psicólogos que se dedicam a elas, quanto pela influência que exercem na vida contemporânea.

5.4.1 Psicologia clínica

Conquanto a expressão psicologia clínica não seja a mais adequada, trata-se de uma especialidade que veio atender a uma aguda necessidade social de ajustamento de crianças, adolescentes e jovens no lar, na escola e no trabalho. O desenvolvimento educacional e econômico e a multiplicação de problemas profissionais da sociedade moderna ressaltaram a importância do ajustamento psicológico em todas as ocupações e relações humanas, desde a mais tenra idade, incrementando a investigação científica no seu domínio e o interesse por suas aplicações práticas.

A psicologia clínica colabora no diagnóstico e no tratamento das pessoas desajustadas ou com problemas emocionais. Para o diagnóstico, os psicólogos empregam, além de testes, a entrevista clínica. O tratamento se efetua por meio das diversas técnicas psicoterápicas. A maior parte dos psicoterapeutas emprega a psicanálise ou técnicas derivadas das diversas correntes analíticas; alguns empregam teorias de aprendizagem, inclusive o condicionamento; outros, finalmente, elaboram seus métodos baseados na fenomenologia.

5.4.2 Psicologia educacional

Também chamada psicologia escolar, a psicologia educacional dedica-se ao exame psicológico do educando, do educador e dos processos educativos, elabora e sugere instrumentos e meios psicologicamente adequados para que a educação possa ter melhor resultado. Apesar de se estender a qualquer situação educativa, ganhou terreno principalmente dentro dos limites da educação escolar. Seu desenvolvimento acelerou-se depois que Alfred Binet elaborou o primeiro teste de inteligência e Thorndike investigou as leis de aprendizagem. Além dessas fontes, a psicologia educacional alimenta-se ainda das técnicas do aconselhamento e das técnicas da psicologia institucional.

5.4.3 Psicologia do trabalho

Também chamada de psicologia industrial, a psicologia do trabalho visa a utilização, a conservação e o aprimoramento dos recursos humanos da indústria, desenvolve e aplica princípios e métodos psicológicos relativos ao aumento da produção, ao incremento da satisfação e ajustamento pessoal, e ao melhoramento das relações humanas dentro da comunidade de trabalho.

A psicologia do trabalho desdobra-se em vários ramos, como a ergonomia, que procura adaptar os aparelhos e instrumentos da vida moderna às condições e capacidades humanas. Sua cooperação vem a ser solicitada tanto na construção das cápsulas das viagens espaciais quanto na distribuição adequada de todos os comandos necessários, instrumentos registradores e de controle automático.

5.5 Psicologia analítica

Doutrina psicanalítica que se distingue da freudiana basicamente por valorizar, além do fator sexológico individual, as influências exteriores recebidas pelo homem, ao longo de séculos de experiência cultural coletiva. Criada pelo psiquiatra suíço Carl Jung.

5.6 Psicologia Cognitiva

Teoria psicológica que se empenha em oferecer uma visão unitária dos processos mentais. Recolheu elementos da psicologia gestáltica, da neurociência, da biologia e da cibernética.

5.7 Psicologia da Gestalt

Escola psicológica que defende o estudo de fatos e comportamentos como totalidades organizadas, e não como elementos isolados. Formulada na Alemanha na primeira metade do século XX.

5.8 Psicologia das Personalidades

Teoria psicológica segundo a qual a personalidade é resultado de fatores dinâmicos de conduta, motivações e complexos centrais. Estabelecida por Henry Alexander Murray, opõe-se à teoria da caracterologia. Também denominada personologia.

5.9 Psicologia diferencial

Ramo da psicologia que estuda as características psíquicas próprias de um indivíduo, ou de um grupo de indivíduos, em relação com as dos outros.

5.10 Psicologia Humanista

Prática psicológica que visa a permitir o estabelecimento das aptidões num ambiente de equilíbrio e de integração pessoal e favorecer o encontro com o outro. Formulada pelo americano Carl Rogers.

5.11 Análise

Existem muitos outros ramos e estes se subdividem-se em sub-ramos, logo, limito-me a expor e conceituar os que aqui apresentei para que o trabalho não se torne excessivo e enfadonho. A respeito da Psicologia da Religião, entendendo que já fora apresentado aqui a respeito do tema, não é necessário relatar novamente a respeito da mesma.

6. As fases do desenvolvimento da Experiência Religiosa

6.1 Na infância

Durante a infância se configuram as linhas afetivas e intelectuais do indivíduo. Do modo como transcorrem os primeiros anos de uma pessoa dependem em boa medida seus êxitos e fracassos na vida profissional e nas relações que estabelece com seus semelhantes.

Infância é o período etário compreendido entre o nascimento e a puberdade. Cobre, portanto, todo o desenvolvimento da personalidade. A grande variação de conduta ao longo da infância motivou a distinção em fases. Classicamente, distinguem-se a primeira infância, que compreende os dois primeiros anos de vida; a segunda infância, do terceiro ao sexto ano; e a terceira, do sétimo ano ao início da puberdade.

Dentro desse entendimento psicológico a respeito das fases infantis, Temos a compreensão de que o desenvolvimento de uma fé consolidada, acompanhada de uma experiência religiosa é o elemento primordial, no entanto esta não sobrevive sem um contínuo fortalecimento. Na infância esse fortalecimento é criado a partir de uma base de fé exposta pela família, ou membro possuidor da tutela da criança, pois em hipótese alguma a razão humana, considerada sem alguma relação com Deus é suficiente por suas forças naturais apenas para procurar o bem dos homens e dos povos.

Segundo Amatuzzi (2000), podemos entender o desenvolvimento religioso relacionando-o com as fases do desenvolvimento pessoal e, nesse sentido, para a criança com idade até seis anos aproximadamente, a questão religiosa só existe no núcleo familiar, sendo que a religião da família, nessa idade, começa a ser apropriada através de símbolos (imagens sintéticas) que resumem seu significado.

A partir infância é necessária a presença de uma aspiração religiosa que faça parte integrante do desenvolvimento da pessoa, uma vez que esta aspiração vem de encontro com o desejo que nasce no ser humano de se voltar para um ser superior que o criou, Deus. Esta ligação estabelecida entre o ser humano e Deus é a base para o futuro da criança.

Durante a infância, a experiência básica é a coragem e a iniciativa. O que se espera dessa fase, é que a criança adquira maior segurança interior e auto-estima. A religião é incorporada através de histórias que são contadas pelos pais (AMATUZZI, 2000).

No ser humano a fé e a razão estão intimamente relacionadas, de modo que não se pode falar de uma sem outra, pois toda religião pressupõe em primeiro lugar uma fé. Partindo da hipótese de que o ser humano, mesmo que não tenha ainda claramente compreendido qual é o objeto da sua busca, volta-se para caminhos que lhe mostrem a fé em Deus, desde é claro que seja orientada para isso.

Na natureza humana se insere uma busca por algo que o sujeito não compreende de imediato. Há que lhe ser ensinado o caminho, embora mistérios permaneçam sem solução, pois mistérios fazem parte da relação do ser humano com o divino. Quanto mais o homem é religioso, mais ele é real.

A psicologia do desenvolvimento infantil nos informa, com abundantes pesquisas, tornando-se até mesmo um conhecimento já popularizado, que o bebê humano é dos mais frágeis, se não for mesmo o mais frágil, necessitando para sua sobrevivência de atenção e cuidados especiais. Do ponto de vista biológico, social, psicológico e espiritual, se faz necessário o encaminhamento de aprendizagens para que a criança se desenvolva plenamente. A partir disso o adulto deve orientar a criança para um desenvolvimento espiritual e religioso e com isso permitir o desenvolvimento pleno da pessoa.

A experiência religiosa se faz necessária, tanto do ponto de vista espiritual como do cognitivo, afetivo, social e moral, para que uma criança se desenvolva, mesmo que alguém, chegando à idade adulta, resolva abandonar a fé de sua infância, ou mesmo que na adolescência deixe para trás os ensinamentos, a sua personalidade poderá ser mais ampla por causa da construção pelo que recebeu na sua infância.

6.2 Adolescência e Juventude

Entende-se como adolescência a fase compreendida entre a infância e a idade adulta, durante a qual se definem os caracteres sexuais secundários e se evidenciam as qualidades específicas do indivíduo. Nas sociedades simples e homogêneas, como as comunidades rurais, o período de preparação do adolescente para a vida adulta é mais curto e menos conflitivo do que nas sociedades complexas. A longa fase de dependência, que na civilização contemporânea se estende por aproximadamente dez anos, entra em choque com o desenvolvimento parcial alcançado pelo adolescente e determina uma etapa crítica e repleta de contradições.

Segundo Piaget, alguns fenômenos psicorreligiosos acontecem nessa fase da

adolescência e juventude: o adolescente (11-17 anos), não mais como criança nem ainda como adulto vivencia momentos de intensa confusão, pois vai descobrindo novos saberes religiosos que não mais aqueles do período infantil, mas sim, algumas novidades que livremente se questionam aceitando-as ou não. Esse adolescente tende a buscar argumentos de suas próprias revisões por suas certezas, próprias da idade e que responde as suas tomadas de posições entre um credo e outro, tema desse trabalho.

De acordo a Teoria do Desenvolvimento Religioso (AMATUZZI, 2000), é na adolescência que a pessoa começa a questionar a religião dos pais juntamente com toda a identidade que lhe foi recebida. Há uma busca por uma religiosidade definida a partir de escolhas pessoais. Durante a adolescência, o desafio central é passar de uma indefinição (ou definição a partir de fora), para uma definição a partir de dentro, descobrir uma verdade pessoal mais profunda. A percepção de incoerência religiosa na família de origem é questionada nessa fase.

É na fase de flexibilidade, instabilidade e transições que adolescentes e jovens buscam respostas às suas inquietações religiosas. Suas crenças e atitudes denunciam uma identidade religiosa carente de motivações que muitas vezes provêm simplesmente de uma tradição religiosa familiar. As crises religiosas e a reflexão sobre a fé são manifestações, às vezes freqüentes, que implicam uma nova formulação e teorização com mudanças religiosas.

O adolescente pode manifestar-se como um ateu exacerbado ou como um místico muito fervoroso, experimentando uma variedade de posições religiosas e mudanças muito freqüentes. É comum observar um mesmo adolescente, passando períodos místicos e por períodos de ateísmo absoluto. (PIAGET apud CAMPOS, 1975, p.117).

Observando esses conceito a cerca da juventude e da religiosidade podemos imaginar que de maneira geral se tende a pensar que os jovens estão arredios à Religião, ou que não têm preocupação religiosa, mas as pesquisas atuais mostram que uma mudança neste aspecto está ocorrendo. Citamos, por exemplo, que

....adolescentes americanos não são tão hostis em relação à religião organizada como os pesquisadores pensavam, de acordo com um recente estudo conduzido na Universidade de Norte Carolina em Chapel Hill. O Estudo Nacional de Juventude e Religião descobriu que cerca de dois terços dos norte-americanos da 12ª série escolar dizem que não se sentem alienados em relação à religião organizada. Somente 15% disseram que se sentem hostis em relação à religião estabelecida, enquanto outros 15% disseram que não têm nenhum sentimento sobre o assunto (RELIGION JOURNAL, 2004).

Portanto devemos entender que os jovens e os adolescentes são carentes emocionalmente, por isso nesta idade é importante o companheirismo. Os adolescentes andam em bandos e desenvolvem grandes amizades e paixões desenfreadas. Os pais perdem seus filhos geralmente na adolescência, quando o Choque de gerações se dá e acontece o rompimento, o adolescente ou o jovem se desconecta de seu pai. Pais sábios e ligados podem evitar este desligamento através do amor incondicional e da aceitação de seu filho adolescente.

Nesta fase, existe uma preocupação cada vez maior com a religiosidade, mesmo que a pertença e a obediência desta derivada não estejam presentes nos comportamentos das pessoas. Nesta fase não é suficiente uma boa educação cristã, bons exemplos como crentes.

O adolescente precisa se desvincular da experiência de fé de seus pais e ter a sua própria experiência com Deus. Significa que o adolescente fica enganado confiando na fé de seus pais, e não busca seu próprio relacionamento com Deus. Sua fé não passa de uma tradição, ele é apenas um jovem religioso. Com toda boa intenção e com todo bom comportamento, certamente isto vai cair por terra quando ele entrar na universidade e sua fé for questionada por seus professores ateus, místicos ou gnósticos.

6.3 Adulto

Após a fase perturbadora da juventude, o homem entra na chamada vida adulta, fase esta que não se sabe ainda ao certo onde começa e nem onde termina, já que em cada um apresenta-se de forma diferente. mas o que importa é sabermos como se dá a experiência religiosa na vida adulta tendo como base os diversos autores da Psicologia da Religião.

O que é comum no desenvolvimento religioso de adultos (AMATUZZI, 2000). é a integração da religião com a vida e a necessidade de auto-realização, Observa-se em muitos casos, sentimentos de incoerência com relação às orientações religiosas por parte de seus familiares. Embora a família tenha sido a primeira fonte de contato com a religiosidade, esta se mostra em certas situações muito incoerente e desestruturada no que se refere às questões religiosas.

Muitas vezes em virtude de um certo comodismo por parte da religiosidade da família, há sentimentos de desorientação espiritual durante a infância e também na idade adulta. Segundo Amatuzzi (2000), tais sentimentos de desorientação religiosa decorrem, na maioria das vezes, em virtude das atitudes e comportamentos dos pais que também costumam ser de desorientação.

A experiência religiosa deve dar sentido à vida, ajudar a ter valores estruturados, auxiliar a família e a escola a educar. O anseio e vontade pelo Divino devem ir aumentando com o passar dos anos e não esfriando. Através de uma experiência de fé o adulto deve desenvolver de forma gradativa sua religiosidade, participando de cultos, encontros, grupo de orações e orar sempre em casa.

Nesta fase é preciso que haja uma presença forte da religião na vida do adulto, para que ele sirva de exemplo para os seus, pois aqui, o desafio central é passar da esterilidade à fecundidade, descobri-se gerador, criar os filhos e transmitir os cuidados necessários. No caso da religião, esses cuidados se referem à transmissão da religiosidade dos pais para os filhos. O enraizamento religioso tende a se aprofundar, aproximando o sistema de crenças à vida cotidiana da pessoa (AMATUZZI, 2000), porém nem sempre isso acontece e acaba-se criando uma diferença de dimensão espiritual e experiência religiosa.

6.4 Velhice

Velhice é o último período da evolução natural da vida. Implica um conjunto de situações --biológicas e fisiológicas, mas também psicológicas, sociais, econômicas e políticas -- que compõem o cotidiano das pessoas que vivem essa fase. Não há uma idade universalmente aceita como o limiar da velhice.

De acordo com Cavalcante (2002), o fato de a velhice ser considerada a última etapa da vida faz com que ocorra um aumento da freqüência sobre o pensar na morte e, sobretudo, a respeito do que vem depois dela. Se a questão da finitude parecia longínqua, pouco pensada; na velhice, torna-se mais próxima e até real. A morte de pais, de parentes e de amigos remete imediatamente à própria morte.

O retorno a uma prática religiosa passa a ser mais evidente e sentida como também indispensável. Não é sem razão que muitos consideram a velhice como a etapa em que um balanço da vida é necessário e inevitável. A esse respeito Goldstein e Neri (1993) esboça que vários teóricos do desenvolvimento afirmam que os comportamentos religiosos aumentam a partir da meia idade.

Assim, vemos que a importância de uma religiosidade sadia é fundamental para os idosos. Foi calculado que 1/5 da população dos Estados Unidos sofre de gerontofobia (Medo de envelhecer). Esta fase da vida humana ativa nossas mais profundas ansiedades sobre o declínio e a morte. As pesquisas mostram que as pessoas nos seus últimos anos não se agradam com a sua idade. Os dias da velhice podem ser sombrios, onde as forças falham, no geral nada há para fazer, os sentidos – a visão e a audição - diminuem, os temores aumentam e há um sentimento maior da proximidade da morte.

Várias mudanças acontecem na velhice e vão desde os aspectos físicos

e emocionais aos sociais. As alterações fisiológicas são verificadas nos sistemas cardiovasculares, digestivo, respiratório e nervoso. Todas essas mudanças, inevitavelmente irão repercutir profundamente no comportamento de uma pessoa idosa. Tudo se torna mais limitado e doloroso, por não ser capaz de realizar certas atividades físicas e não gozar da mesma saúde de outrora.

O prestígio de status social do idoso tende a diminuir consideravelmente e o senso de inutilidade é provocado pelo isolamento social, mas ninguém é velho demais para se achegar a Cristo e crescer espiritualmente. Por este motivo a religião sadia pode ser um dos fatores mais importantes na terceira idade, no sentido de fortalecer no idoso o sentimento de que ele é útil e precioso, que sua importância e responsabilidade diante de Deus não são diminuídas com o tempo.

A religião pode dar apoio, segurança encorajamento, motivação, companheirismo e cura, mas nesta fase pode também ocorrer que a religião seja abraçada pelo idoso como forma de renúncia, resignação conformista e alienação. Fechada num sistema de crença maniqueísta, a pessoa se sente passiva e descompromissada com a vida, como se Deus fosse o responsável por tudo que lhe acontece.

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

AMATUZZI, Mauro Martins. Por uma psicologia humana. Campinas, SP: Editora Alínea, 2000.

BARSA – Enciclopédia do Brasil, 2000

CAMPOS, D. M. da S. Psicologia da adolescência: normalidade e psicopatologia.

Petrópolis; Vozes, 1975.

CAVALCANTE, A. M. (2002). Psiquiatria on line Brasil: a psicologia do idoso. Acessado em junho 23, 2005, disponível em: http://www.polbr.med.br/arquivo/mour0502.htm F. Fraiman, A. (1995). Coisas da Idade. São Paulo: Editora Gente.

HEILER, A Religião da Humanidade, Jaka Book, Milano 1985.

JUNG, C.G Psicologia do Inconsciente. Petrópolis: Vozes.1993.

JUNG, C.G Psicologia e Religião. Petrópolis: Vozes. 1995.

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SANTORO, Filippo –Uma questão de liberdade – Jornal O GLOBO – p.9 –10.11.2003-RJ

SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO E CULTURA (s/d)– Não há Educação sem Deus - Rio de Janeiro,RJ

VALLE, 2001 “Religião e espiritualidade: um olhar psicológico”. In AMATUZZI, M.M (Org), Psicologia e Espiritualidade, São Paulo, Ed. Paulus: 83-107.

www.educacao.ufrj.br/revista

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www.rubedo.psc.br

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