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Terapeuta e a Transparência

Por:   •  27/8/2024  •  Resenha  •  1.621 Palavras (7 Páginas)  •  35 Visualizações

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BETEL

Aconselhamento Pastoral – NOITE

Professor: Arildo Lamoglia

Nome: Vanessa Valentim da Costa Furtado Cruz de Lima

TRABALHO DE AVALIAÇÃO PARCIAL QUE CONSISTE EM FAZER O RESUMO DO LIVRO “O TERAPEUTA E A TRANSPARÊNCIA – AUTORREVELAÇÃO DO PSICOTERAPEUTA, LIMITES E POSSIBILIDADES”

2024

A ambiguidade entre o ente humano que constitui tanto o mostrar para si como para o mundo é a abordagem inicial do capítulo do livro. Isso enfatiza bastante a autorrevelação no que diz respeito ao ente humano e o ente lançado ao mundo. Baseando-se nisso, o primeiro capítulo do livro aponta que o ser do entre homem não lhe é dado como algo pronto, acabado, mas como um feixe de possibilidades.

E nesse conflito que a psicologia clínica decorre no que diz respeito o quanto o homem, ente “vir-a-ser” realiza mundo temporal, ao qual ele vive sendo sempre convocado a dar conta do seu ser. A psicologia clínica, também denominada psicoterapia, aparece como resposta dessa demandar de acolher o sofrimento do ente homem nas diversas dimensões do seu existir.

Discorre então a relação psicoterapeuta/paciente, o quanto o papel do psicoterapeuta pode se envolver ou não, para Freud, os psicanalistas seriam tentados a se revelar como forma de “quebrar o gelo” ou talvez diminuir as resistências, o que até certo ponto é útil, contudo, essa técnica afetiva não é aconselhada já que uma vez efetuada pode propiciar uma inversão de papéis, o que também inviabiliza uma análise imparcial.

No entanto a prática da psicoterapia se difundiu e se diversificou, em distintas abordagens que facilitaram o exercício da profissão, porém há um levantamento da questão – há alguma atitude correta diante do paciente? No encontro terapêutico, a verdade não tem o caráter de precisão, nem uma certeza, mas a revelação, é o acolhimento do sentido da experiência singular.

O primeiro capítulo finaliza tentado compreender que a autorrevelação na relação paciente/terapeuta não é estipulada por técnicas psicoterapêuticas, mas sim no estabelecer conexões em estar com o paciente, sem deixar de estar consigo mesmo, afinal de contas o psicoterapeuta é também humano.

O foco do segundo capítulo está no que diz respeito ao papel do psicoterapeuta e embora seja um trecho capitular curto contém valiosos entendimentos, principalmente no que tange ao exercício da clínica, onde o terapeuta se defronta com demandas trazidas pelo paciente, as suas próprias indagações e as que surgem a partir da relação terapêutica.

A visão do paciente em relação ao terapeuta é míope, ou seja, ele vê como alguém onipotente, cheio de poderes mágicos, a quem ele recorre e

que terá seus problemas resolvidos, e isso confere ao terapeuta poder inerente dado a ele por uma pessoa que não sabe lidar com suas indagações. Sendo assim, o papel do psicoterapeuta não é de oferecer poder miraculoso ou mágico, nem tão pouco de curar, mas sim de estabelecer terapêutico, sendo uma pessoa terapêutica, ou seja, alguém que na relação com o seu paciente, seja um cuidador do outo, e também saber fazer com que o paciente possa libertar-se para ser ele mesmo.

        A postura no papel do terapeuta é fundamental no estabelecer o convívio mais próximo, não se colocando como se tivesse um suposto saber, mas respeitando a liberdade da expressão do ser do seu paciente, o que favorece a autorrevelação de ambos.

        O livro discorre no seu terceiro capítulo sobre a individualidade, desespero e angústia e cita Kierkegaard, 2002, onde o indivíduo é o que vale mesmo diante das multidões, o que remete também a um Deus pessoal, que se insere no contexto cultura e histórico.

        Nesses trechos Kierkegaard é citado em vários trechos abordando o termo indivíduo, no sentido cristão, em contraponto com a multidão, para ele “Todos os homens são desesperados” dentro do seu ente, afirma que o desespero é a doença mental, porém a qual não se morre. Outra interessante abordagem do autor ainda citado Kierkegaard, é correlacionar o papel do médico ao do psicólogo, um cuida da saúde física em contraponto ao cuidado da alma.

        Em O Conceito da Angústia, utilizando como base a história bíblica de Adão, Kierkegaard, afirma que a angústia deveria ser o objeto próprio da psicologia, pois ela aponta para o caráter indeterminado da existência, aquilo com que o ser humano se confronta. A liberdade de escolha remete ao homem ser responsável pelas suas possibilidades, e delas não escapar já que não consegue fugir de si mesmo.  Então é na angústia que então o homem vislumbra as possibilidades e as impossibilidades do seu ser.

        Quanto mais consciências disso, mais concreto se faz a compreensão por isso, como o ser se constrói a partir das suas escolhas, que se dá sempre em relação, o homem torna-se responsável não apenas pelo seu eu, mas pelo mundo em que vive, daí a possibilidade de pecar. O arrependimento e a culpa são sentimentos vividos por quem, na sua consciência, se sente responsável.

        A consciência então é a via de acesso para uma existência mais transparente, pois através da interioridade o homem se revela a sim mesmo, ao outro e a Deus. Nada é mais desafiador e curador do que aceitar o que se é. Transparecer é olhar para si mesmo, quanto mais paradoxo isso seja, é mais fácil entender que quanto mais o home se desilude do que pensa ou deseja ser, mais ele se aproxima de si mesmo.

        A história de Adão no Éden nos revela o quanto isso é difícil. A não aceitação de ser e conhecer o que se é, leva o homem a se perder na ilusão.  O que a história nos ensina, é que no Éden, carecíamos da dimensão da consciência que avalia, compara e julga a realidade, nossas vivências não tinham a tonalidade do bem e do mal. Na tentativa de serem como Deus, são aprisionados a sua própria consciência moral, discriminando o bem do mal. Na tentativa de ser como deuses, afastam-se cada vez mais de Deus. Certamente ao fazer essa tentativa, colocou o homem em profunda angústia, iniciando aí o seu desespero.

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