No texto Você tem cultura? do antropólogo Roberto da Matta
Por: 15117130218 • 6/10/2015 • Resenha • 1.002 Palavras (5 Páginas) • 6.554 Visualizações
No texto Você tem cultura? do antropólogo Roberto da Matta, o autor desfaz alguns conceitos sobre o termo. Constantemente a palavra “cultura” é usada como sinônimo de sofisticação, de sabedoria. Para exemplificar essa afirmação, o antropólogo cita uma frase que ouvimos com frequência: “Maria não tinha cultura, era ignorante dos fatos básicos de política, economia e literatura.” Neste caso, segundo o autor, cultura equivale a volume de leituras, controle de informações e títulos universitários, chegando a ser confundida com inteligência. Roberto da Matta lembra ainda que inteligência é a habilidade de realizar certas operações mentais e lógicas e não pode ser medida pelo número de livros lidos ou línguas que podemos falar. Neste sentido a palavra cultura é usada para classificar pessoas ou grupos sociais; podendo ser utilizada como arma discriminatória contra algum sexo, faixa etária, etnia ou mesmo contra sociedades inteiras.
O autor esclarece o conceito de cultura segundo a antropologia e a sociologia. O antropólogo afirma que cultura não é um referente que marca uma hierarquia de “civilização”, mas a maneira de viver de um grupo, sociedade, país ou pessoa. Ou seja, cultura é um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam e modificam o mundo e a si. Roberto da Matta afirma que é justamente por compartilharem parcelas importantes desse código que um conjunto de indivíduos distintos transformam-se num grupo e podem viver juntos sentindo-se parte de uma mesma totalidade.
Para o senso comum a cultura é algo individual; inventado, modificado e acrescentado na medida de sua criatividade e poder. Já para o autor a cultura não é um código que se escolhe simplesmente; pois se encontra dentro e fora de cada um de nós. Apesar de frequentemente uma cultura ser considerada mais avançada que outra, Roberto da Matta afirma que todas as formas de cultura são equivalentes. O autor acredita que sempre que nos aproximamos de alguma forma de pensamento ou comportamento diferente, tendemos a classificar essa diferença hierarquicamente; o que, para ele, seria uma forma de excluí-la.
Segundo Roberto da Matta, constantemente a diferença cultural é vista como um desvio. O antropólogo usa o carnaval para exemplificar a afirmação. Muitas vezes o carnaval é encarado como algo desviante de uma festa religiosa, sem nos darmos conta da relação de complementaridade entre essas duas comemorações. O autor acredita que no terreno das festas religiosas somos marcados pelo mais profundo comedimento porque no carnaval podemos nos apresentar realizando o justo oposto. Portanto, não há motivo para classificar hierarquicamente o carnavalesco e o religioso. Há cultura tanto no carnaval quanto na procissão e nas festas religiosas, já que cada uma delas é um código capaz de permitir um julgamento e uma atuação sobre o mundo social no Brasil.
O autor esclarece que, no sentido antropológico, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Esse conjunto nos indica como as pessoas que viveram antes de nós desempenharam seus papéis, porém não nos ajuda a prever completamente como nos sentiremos em cada papel que devemos ou temos necessariamente que desempenhar. Roberto da Matta acredita que as regras apenas indicam os limites e apontam os elementos e suas combinações explícitas; o seu funcionamento e o modo pelo qual elas engendram novas combinações em situações concretas é algo que só a realidade dirá.
Roberto da Matta acredita que, apresentada assim, a cultura
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