O Turismo Social
Por: andreabsantos • 17/9/2018 • Ensaio • 777 Palavras (4 Páginas) • 362 Visualizações
DIAS, Reinaldo. Sociologia do Turismo. In______. O Turismo Social. São Paulo: Editora Atlas, 2003. cap. 9, p. 176-186.
O texto aborda a formação do turismo social a partir do estabelecimento do lazer do operário mediante a reformulação de direitos trabalhistas onde este pudesse usufruir de férias. Perpassa pelo processo evolutivo do advento industrial que se iniciou na Inglaterra (séc. XVIII) onde eram instituídas muitas horas de serviço sem descanso aos operários e por isso nenhuma outra atividade poderia ser principal a não ser o trabalho, visto que a diminuição dessa jornada, bem como incrementos nos salários veio a acontecer aos anos finais do século XIX, mas ainda longe de ser o ideal, pois via-se a necessidade do favorecimento desse tempo maior livre para que muitas outras pessoas pudesse também ter oportunidade de trabalho.
As férias (criadas na Roma Antiga e usadas até o século XII, incorporadas a agremiações e depois esquecidas na era capitalista) vieram a ser restabelecidas depois de muitas revoluções promovidas por sindicatos, e em 1872 sendo promulgada a lei de direito a férias no Reino Unido e no início do século XX algumas concessões de alguns dias de férias a empregados suíços, alemães e finlandeses e só após o tratado de Versalhes que é legislado o direito de férias aos trabalhadores.
Nesse cenário o operário, por não “compreender” como usufruir desse período de férias, foi conduzido a participar de orientações dirigidas para a utilização do seu tempo livre (décadas de 20 e 30) organizada por regimes totalitários à época (Fascismo/Nazismo), sendo supervisionado pelo Estado. Na Itália os operários participavam de excursões ou de acampamentos organizados pelo OND (Opera Nacionale Dopolavore) ligado ao Ministério das Corporações. Na Alemanha era a KDF (Kraft durchFreude) que era o instrumento de modificação de consciência do indivíduo, servia muito além do que só organizar o tempo livre ou de deslocamento turístico. Seu intuito maior era nivelamento dos contrastes sociais (formação do sentimento comunitário, persuasão pela vivência em comum, divergência entre privado e público), o operário deixa de ser indivíduo e seu tempo livre sempre está condicionado ao trabalho, às necessidades da produção.
No Brasil, ficou nas mãos dos sindicatos essa organização de tempo livre aos trabalhadores da Era Getulista (Estado Novo) quando foi implantada a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) que sistematizou a legislação quanto a horários de trabalho, férias, descanso semanal remunerado, entre outros.
O desenvolvimento para a ideia principal do movimento turismo social veio a partir do período das grandes guerras (1925, na Itália e 1933, na Alemanha) e também após a institucionalização das férias remuneradas por 15 dias na França (1936) proporcionando que milhões de franceses pudessem ter acesso atividades turísticas com fins de lazer e recreação dirigidos por organizações sindicais. Devido no período da Segunda Guerra a população estar desestabilizada quanto à segurança, os trabalhadores passaram a viver do “agora” sem fazer poupanças para o futuro e usufruir das férias para percorrer as cidades e países à procura de divertimentos, lazer e descanso e daí surgiram as organizações turísticas que apoiadas por sindicatos, organizações religiosas, escolas e subsídio do Estado, tiveram, através de preços acessíveis e condições favoráveis, a possibilidade de se utilizar desses direitos.
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