A Introdução a Hegel
Por: Ana Alves • 10/11/2018 • Resenha • 1.168 Palavras (5 Páginas) • 143 Visualizações
→Filosofia de Hegel (pensamento geral)
A filosofia de Hegel é um sistema. E é neste sistema que Hegel pretende explicar tudo, todo o universo, a partir de determinados princípios. Para poder compreender bem seu pensamento e seu sistema, é necessário sabermos previamente que há duas maneiras de se explicar o universo: primeira, explicar o Universo é dizer as causas, e segundo, explicar o Universo é dizer a razão. Disto resultam dois ramos diferentes para a explicação da realidade. Pois estudar a causa de algo, é buscar uma explicação realista, e a razão, é uma explicação idealista. Para Hegel uma explicação através de causas leva a outra, já que explicar a causa está ligado a uma explicação material, toda causa remete à outra causa, por isso nunca se explica nada. Portanto, explicar o Universo não é dizer-lhe as causas, explicar o Universo e toda a realidade é dizer-lhe a Razão: se regressamos a toda razão que se pede, chegaremos a primeira razão que se explica a si própria. A Razão, pois, não é uma coisa, pois coisa remete á algo particular, este lápis, esta mesa, etc. A razão não é uma coisa, são razões, é abstrata, se é abstrata, consequentemente ela é universal, pois só posso fazer abstrações com o que é universal, com o que se encontra em todas as coisas de uma mesma espécie ou gênero. A realidade de onde tudo flui deve explicar o universo e a si próprio. Uma primeira causa falha diante destas duas condições. Mas, segundo a necessidade lógica, é necessário e inevitavelmente que uma Razão, que explicaria o Universo, se explica e é razão de si própria. A Razão é conceitual, abstrata. Causa, é sempre material, concreta, mensurável, tangível.
→ Dialética hegeliana
A explicação do mundo não está na ordem das causas (causa e efeito: a causa gera um efeito, mas este efeito também é uma causa de outro efeito, e assim por diante). Os fundamentos últimos, de onde procede o Universo, são conceituais, universais, de uma ordem de ideias, esses sistemas de universais Hegel chama de Razão Universal.
Há um pressuposto na filosofia que é válido em qualquer sistema filosófico: se alguma coisa existe hoje, algo é eterno. Se algo existe hoje, necessariamente existiu algo que antecedeu a existência desse algo e a originou. Se retornarmos sempre a esse algo, voltaríamos ao infinito, o que é absurdo lógico. Assim, temos que admitir que houve um primeiro princípio, e que este é eterno, se não encontrássemos algo eterno, que originou-se toda a realidade, teríamos que admitir que a realidade veio do nada, e do nada, nada se faz. Algo, portanto, é eterno. Muitas correntes filosóficas admitem este pressuposto que: há um princípio eterno e que este originou a realidade, mas muitas correntes discordam entre si, o materialismo, por exemplo, dirá que a matéria é eterna, o idealismo dirá que é uma ideia, um Ser, um espírito, etc., que não seja matéria, mas que de certo modo deu origem à matéria. Estas correntes quanto à qual é este princípio, mas elas concordam que algo eterno, é Uno (com exceção talvez aos maniqueístas, que admitiam dois princípios: bem e mal, alegria e tristeza, etc.). Este princípio que é Uno, em certo sentido, deve ser também múltiplo, pois da unidade deriva a pluralidade, e o que é inteiramente uno não pode gerar pluralidade, exemplificando, quando tenho A como causa de B, B como causa de C e C como causa de D, o D, de certo modo, estava contido no C, que por sua vez estava contido no B e consequentemente no A. Portanto, este princípio Uno deve ser também múltiplo porque já contém em si mesmo todas as derivações que causam a realidade.
Chegamos a um ponto crucial do pensamento hegeliano: a identidade dos opostos. Este pressuposto afirma que os opostos são idênticos numa realidade anterior, como o exemplo citado, pois A é oposto de B, que é oposto de C e que é oposto de D, mas que B, C e D sendo opostos, estavam contidos em A, por isso são idênticos. Percebemos aqui a influência de Heráclito sobre Hegel, sobre a unidade dos opostos (ex: quente e frio são duas “faces” opostas da mesma coisa, como a água). Hegel concluiu que a única maneira de entender a procedência de todos os seres a partir de um único ser, é a identidade dos opostos. Então, por que um ser, Uno, único e eterno, não ficou eternamente em si mesmo, sem que originar-se a realidade, o que explica esse movimento descendente? Resposta: a identidade dos opostos, que estão em eterno conflito, e por este conflito, que existe dentro de cada realidade, se origina necessariamente a realidade nova.
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