Crônicas Cariocas
Ensaios: Crônicas Cariocas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: FannyLouise • 10/3/2015 • 379 Palavras (2 Páginas) • 300 Visualizações
Cronicas Cariocas
Thiago Nigri
Armando Nogueira disse certa vez em uma de suas crônicas que o carioca tinha a alma esférica, comparando esta a uma bola de futebol. Não sei se a alma de todo carioca é assim, mas a minha certamente é.
Como muitos garotos da minha idade, e por ser morador da Tijuca, vou com frequência ao Maracanã assistir o meu time de coração, o Fluminense. Meu pai e meu irmão são meus companheiros de arquibancada na torcida pelo nosso time tantas vezes campeão.
Pouco antes de o Maracanã fechar para as reformas exigidas para a Copa do Mundo, o meu pai telefonou do trabalho avisando:
___ Ponham o uniforme completo que hoje vamos assistir ao Fla x Flu de camarote!!
Um amigo do coroa havia conseguido os ingressos e lá fomos nós felizes da vida rumo ao “Maraca”.
O camarote era espetacular: amplo, confortável, comida e bebida de graça e à vontade. Mas o melhor era a vista para o campo. Ali eu tinha a impressão de estar no gramado junto com os jogadores.
O jogo estava meio morno. Nenhum dos times com muita chance de abrir o placar. Eu, de tão nervoso, falava o tempo todo sem parar! Reclamava, gritava, torcia e, principalmente, segundo meu irmão, incomodava os outros...
De repente, o juiz marca um pênalti a favor do Fluminense. Pouco antes do artilheiro do time bater a pelota e comentei:
__ Pai, ele vai perder esse pênalti!
Imediatamente, duas velinhas loucas por futebol que também estavam com os netos por ali olharam feio para nós e, para minha tristeza, o cara realmente não marcou para o nosso time. Todos olharam tão feio para mim que o pai achou que já era hora de ir embora.
Perdemos o jogo e eu julguei que aquele fora o pior dia da minha vida. Mas veio a Copa do Mundo e a Seleção brasileira não jogou no Maracanã porque cantou bonito, mas jogou feio, feio como olhar daquelas velhinhas para mim.
Em 2014, o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha no Mineirão. Aquele, agora, é o pior dia da minha vida, mas a alma, esta continua esférica como a de todo carioca.
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