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Getão Educacional

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Por:   •  27/10/2014  •  1.261 Palavras (6 Páginas)  •  254 Visualizações

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A relação entre Educação e Psicologia se constituiu ao longo da história de maneira

delicada e muitas vezes problemática. Segundo Wallon (1937/1979b), essa relação foi

frequentemente assimétrica ao colocar a Psicologia no lugar de normatizadora da prática

pedagógica. A Educação seria, assim, subordinada à Psicologia. Entretanto, para esse

autor, ao definir o objeto da psicologia como o ser humano concreto, em constante

desenvolvimento enquanto produto e produtor da sua história, essa relação torna-se mais

simétrica. Para ele, psicologia e educação são inseparáveis e contribuem mutuamente para o avanço de ambas.

A psicologia escolar, constituída no bojo dessas complexas relações entre as duas

áreas, surge com o objetivo de ressaltar a importância de o psicólogo atuar mais próximo

da escola e de se referir a esse contexto específico. Entretanto, a entrada dessa ciência na

escola serviu, em um primeiro momento, à seleção e à adaptação dos educandos a um

modelo social, reproduzindo na escola a formação de uma sociedade de classes, em um

claro compromisso ideológico com a manutenção do status quo. A psicologia escolar se

constituiu, portanto, nesse contexto, com intenção de fornecer justificativas legitimadoras

de uma escola excludente (Patto, 1987).

Atualmente, a maioria dos trabalhos em psicologia escolar se inicia com uma crítica

ao chamado modelo clínico de atuação. Essas críticas baseiam-se no entendimento de que

essa atuação foca-se nos problemas escolares como resultado de patologias presentes nos

alunos, diagnosticadas por testes e tratadas por psicoterapia. É uma concepção de atuação

reducionista que localiza nas diferenças entre os indivíduos as razões do seu insucesso.

Andaló (1982) mostra que essa atuação fundamenta-se na lógica saúde versus doença para

avaliar os problemas psíquicos, escondendo as possíveis influências dos aspectos

pedagógicos ou das relações constituídas no contexto escolar que influenciam esse

processo. Dessa forma, baseia-se na culpabilização, desconsiderando toda complexidade

do sistema educacional que envolve fatores múltiplos que vão além dos psicológicos.

Para Souza (2005), quando o psicólogo localiza as causas de um problema da

escola apenas no psiquismo ou em aspectos cognitivos dos alunos, auxilia a manutenção de

uma escola sabidamente excludente e coloca-se a serviço dela. Esse tipo de atuação reflete

uma concepção de educação para a uniformidade, o adaptacionismo e o silenciamento dos

conflitos no ambiente escolar. Coaduna-se com a tendência histórica da psicologia de se 2

colocar a serviço da conservação tanto da estrutura tradicional do sistema educacional,

quanto da ordem social em que está inserida (Bock, 2003; Meira, 2003).

Essas críticas ao modelo clínico de atuação do psicólogo escolar e à produção do

fracasso escolar abriram espaço para a construção de novas possibilidades para a

psicologia escolar. Essa construção demanda novos modelos teórico-metodológicos que

permitam um estudo dos fenômenos educacionais a partir dos processos que ocorrem no

contexto escolar, superando a concepção de que apenas a criança tem que se adaptar à

escola (Souza, 2009). Andrada (2005) afirma que existe uma crise hoje na Psicologia

Escolar/Educacional e uma necessidade de se conceber o cotidiano e os conflitos escolares

sob um novo paradigma, que compreenda o processo educativo e o desenvolvimento

humano em sua totalidade, sem reducionismos e sem uma causalidade linear, superando,

assim, a visão médica do modelo clínico. Desse momento de crise há uma fértil produção

científica de novas formas de atuação do psicólogo na escola.

Souza (2009) aponta o crescimento da corrente crítica de psicologia escolar nos

últimos anos, por meio de trabalhos que buscam: superar a responsabilização dos alunos e

suas famílias pelos problemas da escola; formular novos instrumentos e práticas de

avaliação psicológica e de entendimento da queixa escolar; e promover ações de formação

de professores e profissionais de saúde. Cada vez mais se enxerga a escola como espaço de

constituição de sujeitos, cumprindo políticas educacionais estabelecidas pelos interesses da

sociedade. Ampliam-se os espaços de atuação para além da escola formal: em projetos

sociais para diversos grupos etários, ações de promoção de saúde, organizações

governamentais e não-governamentais. Esses novos espaços de atuação relacionam-se com

o aumento da participação do psicólogo em políticas públicas e com a importância que o

trabalho pelos direitos humanos tem conquistado na área. Nesse sentido, a psicologia

escolar volta-se para a construção de uma educação de qualidade e de uma escola mais

democrática.

A partir dessa

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