Proficiência elementar

MIRANDA, Gilberto José; CASA NOVA, Silvia Pereira de Castro; JUNIOR, CORNACCHIONE; Edgard Bruno. Os Saberes dos Professores-Referência no Ensino de Contabilidade. Revista Contabilidade e Finanças. USP. São Paulo, v. 23, n. 59, p. 142-153, maio/jun./jul./ago. 2012. Acesso em: 06 mar 2014

Resenhado por Marta Nunes de Souza

Renata Venancio Pereira

Stefânya Araújo de Souza

Gilberto José Miranda, professor Doutor do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia; Silvia Pereira de Castro Casa Nova, professora Doutora do Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo e Edgard Bruno Cornacchione Júnior, professor Titular do Departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, ambos desenvolveram uma pesquisa que teve como ponto de partida ou propósito avaliar os saberes predominantes dos docentes percebidos como professores-referência pelos alunos do curso de Graduação em Ciências Contábeis de uma universidade pública brasileira e o objetivo da pesquisa é identificar os professores-referência para, depois, investigar os saberes detidos por esses docentes; o termo referência indica docentes que se destacaram positivamente junto aos discentes. Para tanto, pra consolidar esse estudo, que é de natureza exploratória, com abordagem qualitativa e, portanto tem como característica principal a descrição de pessoas, situações, acontecimentos, reações e relatos; foram utilizadas as seguintes estratégias de pesquisa e técnicas de coleta de dados: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental junto à instituição pesquisada, questionários aplicados aos alunos do último ano, grupo focal com alguns dos que responderam aos questionários e entrevista semiestruturada com os professores apontados pelos alunos como referência no curso, para concluir os dados coletados foram compilados em uma planilha e, para cada pergunta, foram confrontadas as respostas dos questionários, das entrevistas e do grupo focal; portanto constituiu se assim uma triangulação de dados com base nas diversas técnicas de coleta utilizadas. Entende-se que, dessa maneira, preservou-se o significado atribuído pelos respondentes. É importante ressaltar que a escolha desses docentes como referência se pautou em questões importantes e necessárias, tais como: didática ou metodologia do ensino, atitudes e qualidades pessoais do professor; sendo assim é relevante mencionar que essas escolhas foram subsidiadas por três saberes docentes: o conhecimento didático, domínio do conteúdo e saberes experienciais.

Para melhor fundamentar e sustentar o estudo em questão, os pesquisadores utilizaram vários referências teóricos, sendo eles a respeito de saberes, competência e conhecimentos necessários à docência (Shulman, 1986; Garcia, 1992; Freire, 2000; Pimenta, 1998; Pimenta e Anastasiou, 2002; Gauthier, Martineau, Desbiens, Malo e Simard, 1998; Tardif, 2003; Cunha, 2004; Masseto, 1998; Brsslavsky, 1999; Perrenoud, 2000; Zabalza, 2006); no que se refere ao ensino de contabilidade (Antonelli, Colauto e Cunha, 2012; Miranda, 2011; Catapan, Colauto e Sillas, 2011; Vasconselos, 2010; Slomsky, 2009; Araujo e Santana, 2008; Celeiro e Pereira, 2008; Andere e Araujo, 2008; Laffin, 2005) e pesquisas sobre professores exemplares (Young e Shaw, 1999; Lowman, 2007); gostaríamos de ressaltar que como pode ser percebido, o interesse dos estudiosos da área contábil pelo tema é relativamente recente. É notório também como os referenciais teóricos citados foram de extrema importância para contextualizar, esclarecer, comparar, enfim fundamentar todo o processo e resultado desse estudo que se insere num contexto que é marcado por mudanças provindas de várias instâncias e tem afetado de inúmeras formas o ensino de contabilidade no Brasil. Segundo os autores as causas desse cenário se devem a inúmeros fatores; tais como: a) as mudanças no ensino superior, notadamente, a expansão de vagas ocorrida nos últimos anos; ou seja, em 10 anos houve um aumento abrupto, de acordo com o Censo Nacional da Educação feito em 2008, existiam, em 1998, 973 instituições de ensino superior no Brasil; já em 2008 havia a presença de 2.252 instituições, totalizando um aumento de 131,4%. Sendo assim, da mesma forma as vagas que eram de 803.919 saltaram pra 2.823.942, marcando um acréscimo ainda maior, que é de 271%; podemos mencionar que a presença de cursos de educação à distância e tecnológicos contribuíram pra isso. Certamente, essa expansão é muito relevante e com ela traz muitas consequências. Podemos citar que houve um aumento das oportunidades de acesso ao ensino universitário na mesma velocidade e consequentemente o aumento da renda pessoal, em contrapartida encontra-se questões estruturais que, na maioria das vezes, não acompanham o processo de expansão, além disso, tem os programas de inclusão que contribuem para que públicos, outrora marginalizados, tenham acesso ao ensino superior e a heterogeneidade que aparecem tanto nos estilos cognitivos como na escolarização previa, nas motivações e nas expectativas; b) expansão da pós-graduação stricto sensu em Ciências Contábeis, dentre os cursos de mestrado e doutorado em Ciências Contábeis reconhecidos pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes), no Brasil, até 31/12/2011 havia dezessete mestrados acadêmicos, quatro mestrados profissionais e quatro doutorados; até 1998 apenas quatro existiam, sendo que até 2007 apenas um curso de doutorado, esse crescimento deverá alterar a dinâmica do processo de ensino e aprendizagem em Ciências Contábeis no Brasil; c) mudança na própria contabilidade que, tanto no contexto nacional quanto internacional, sofre alterações significativas em seus processos constitutivos para se alinhar aos padrões mundiais que estabelecem e se consolidam no início deste século; isso se deve a globalização no âmbito contábil e com isso o profissional que atuará no contexto das normas internacionais demandará também a capacidade de interpretar normas e princípios, bem como a capacidade de análise crítica e de julgamento.

Sendo assim, os aspectos que caracterizam esse contexto contribui para tornar as classes cada vez mais heterogêneas, demandando atualização constante, por parte dos professores, o que torna mais complexa a tarefa docente no ensino superior. Em outras palavras, o perfil docente no campo da contabilidade exigido pelo contexto atual não é simples, devendo ser pesquisado, discutido e analisado.

Na plataforma teórica observamos que há fundamentação do assunto abordado, e essa conceitua saberes,

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