Sociedade, norma e autoridade

1. Sociedade, norma e poder Algumas reflexões no campo da sociologia Marcos César Alvarez N o âmbito da moderna teoria social, o termo "norma" tem sido utilizado de modo bastante diverso pelos mais diferentes autores. Numa acepção muito genérica, o termo remete à ideia de uma regra, de um modelo ou de um padrão de comportamento presente na vida em sociedade. A partir dessa formulação mais genérica, duas ideias principais podem ser desdobradas: por um lado, a norma é vista como "modelo real de com-^ portamento, como o que é 'normal' no sentido de ser regular ou modelarmente feito por membros de uma população"; por outro lado, "há a ideia de norma como padrão prescrito, como o que é considerado ser, em uma dada população, a coisa a fazer" (cf. Gilbert, 1996: 524). Na verdade, desde o momento de emergência da sociologia como um conhecimento com pretensões de cientificidade no final do século XIX1, percebeu-se que estes diferentes sentidos da noção de norma estavam entrelaçados, pois, se a sociedade apresenta regularidades — o que permitiria construir explicações l. A ideia que pretendemos desenvolver aqui não se confunde com a oposição entre gramática descritiva e gramática normativa, tal como ocorre no campo dos estudos da linguagem. Ao contrário da tensão que ainda hoje se observa entre uma visão descritiva (científica) e uma visão normativa (escolar) da língua, a sociologia, ao buscar constituir-se como disciplina científica, acabará por fixar em seu campo, tanto no âmbito científico como no pedagógico, uma visão decisivamente descritiva da sociedade. 201

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