A CRUEL PEDAGOGIA DO VÍRUS e A QUESTÃO RACIAL E O NOVO CORONA VÍRUS
Por: Bruna Reis • 26/4/2021 • Resenha • 498 Palavras (2 Páginas) • 105 Visualizações
O livro, a cruel pedagogia do vírus, aborda as questões relacionadas ao covid-19 e reforça como a pandemia agravou as desigualdades sociais. Essa pedagogia da corona vírus nos fez ensinar uma série de lições... deixou claro que cada gesto individual tem um impacto enorme no bem-estar coletivo, a pandemia nos ensina uma lição valiosa sobre empatia. Ao abordar a pandemia, ele discute como os grupos situados ao sul, são atingidos pelas políticas de quarentena/confinamento. Assim, demonstra como as injustiças sociais decorrentes da opressão afetam nesse período. O livro é lançado diante de um cenário repleto de inquietações e incertezas, no qual o corona vírus, tem nos isolado e, ao mesmo tempo, mostrado que apesar de ser uma pandemia que atinge a imensa maioria do território mundial, as vidas mais afetadas ainda são aquelas localizadas em situação de vulnerabilidade. Qualquer quarentena é sempre discriminatória, mais difícil para uns grupos sociais do que para outros, obrigando-as a escolherem entre trabalhar e ganhar o pão diário ou ficar em casa e passar fome.
O autor propõe-se refletir sobre a pandemia como alegoria, e constrói três reinos para desenvolver essa ideia: o reino da glória, o reino das causas e o reino das consequências. O Reino da Glória, Santos tece uma reflexão sobre a fragilidade humana a partir de considerações sobre três entidades: o corona vírus, Deus e o mercado. Essas três entidades sujeitam a vida humana a seu poder e a sua imprevisibilidade, daí que delas dependam nossa salvação ou perdição. O Reino das Causas nele interagem humanos e não-humanos. Citando Leonardo Da Vinci, usa o símbolo do unicórnio para representar a ambiguidade entre a ferocidade selvagem e a fragilidade, entre invisibilidade e presença. Os unicórnios que habitam o Reino das Causas são o colonialismo, o patriarcado e o capitalismo, que forjaram as relações socioeconômicas, levando ao quadro de desigualdade global que temos testemunhado. O Reino das Consequências representa a face visível e cruel da dominação, que se revela em dois aspectos terríveis: “a escandalosa concentração de riqueza/extrema desigualdade social e a destruição da vida do planeta/iminente catástrofe ecológica” (SANTOS, 2020, p. 13). A quarentena, afinal, reforça as injustiças e os sofrimentos dos grupos oprimidos.
No livro, a questão racial e o novo corona vírus no Brasil, evidencia que a relação entre pobreza e ração não é uma mera coincidência, pessoas negras e pobres são as mais afetadas pela pandemia, uma vez que tem mais dificuldades no acesso à informação, medidas sanitárias e recursos financeiros. A vulnerabilidade da população negra em relação ao covid-19 se estende e concretiza nas relações de trabalho, assim a autora nos convida a desnaturalizar o nosso olhar de miopia social e racial, e enxergar que os cargos auxiliares de serviços essenciais e de trabalhos informais são predominantemente ocupados por pessoas negras. Consequentemente, o isolamento social não alcançou uma população que se vê obrigada a escolher entre se isolar ou receber o sustento. Corona vírus e racismo são, portanto, difíceis de ser combatidos em um quadro de desigualdades
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