A Cardiopatia e psicossomática
Por: Máh Grassiano • 2/6/2017 • Resenha • 1.630 Palavras (7 Páginas) • 340 Visualizações
Fatores Psicossociais
Em nossa atualidade há um número crescente de doenças cardiológicas tem alertado os especialistas da saúde pelas graves transformações biopsicossociais resultadas. Mediante a isso, temos percebido a necessidade de um trabalho multidisciplinar, com a pretensão de obter maior entendimento da enfermidade e do paciente. Os vários fatores que podem causar ou contribuir no estabelecimento de uma doença cardíaca devem, portanto, ser analisados conjuntamente para que se tenha avaliação adequada da condição do paciente, tratamento e possível prognóstico. Revisando trabalhos acerca do tema, verificamos a existência de fatores de risco psicológicos e sociais que podem ser de grande importância no histórico de desenvolvimento da doença, como ansiedade, depressão, mudança socioeconômica.
Os estudiosos descrevem duas principais variáveis psicossociais que parecem ter conquistado uma notável relevância na determinação da doença: o stress psicológico e um particular tipo de personalidade. O estresse é uma ação biológica fundamental para a adaptação de um organismo. Fisiologicamente ele aparece quando o organismo se depara em nova situação, como um processo cirúrgico, ou, psicoemocional, quando certas situações apresentam ser ameaçadoras, pela qual ele terá que lutar e se adequar. Contudo, o estresse emocional é um mecanismo necessário para a adaptação à vida (LIPP, 2001).
O início do estresse emocional é como a fase de alerta, vista como uma fase positiva, na qual o indivíduo se mantém alerta por meio da produção de adrenalina, a sobrevivência é protegida. A segunda fase, é da resistência, onde automaticamente o sujeito esforça-se em superar seus estressores de maneira que mantenha sua homeostase interna, melhor dizendo seu equilíbrio através de mecanismos de regulação. Se por acaso as causas estressantes continuarem em frequência ou intensidade, há resistência do indivíduo irá baixar, é quando dá se o inicio da terceira fase, chamada de quase-exaustão. Na presente fase, ocorre a iniciação do adoecimento e os órgãos com maior vulnerabilidade por genética ou contraída passam a dar sinais de deterioração. Se não houver a diminuição do estresse por técnicas de enfrentamento ou retirado dos estressores, atinge-se a fase final da exaustão, quando doenças graves podem se desenvolver nos órgãos com maior vulnerabilidade, úlceras, psoríase, como infarto, depressão e outros (LIPP, 2002).
Acham-se evidências que confirmam que causas psicossociais, como ansiedade, isolamento social, estresse e personalidade tipo A, auxiliam consideravelmente para a patogênese da aterosclerose e eventos cardiovasculares. Essas razões psicossociais podem desencadear mecanismos biológicos de estresse crônico, elevando a movimentação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, do sistema simpático e da inflamação, consequentemente causando aumento da coagulação sanguínea e têm efeito aterogênico (HORNSTEIN, 2004).
Hallage (1992) diz que o grau emocional em relação a um paciente quando recebe a notícia que é portador de uma doença crônica é correspondente a uma grande perda, que pode trazer sentimentos como um luto. Ocorre certas duvidas e insegurança em relação ao futuro como por exemplo, o retorno do trabalho pensando que muito estão ligados à sua profissão. São questionamentos que vem acompanhados de angustias, mostrando medo dos fatores causados pela doença cardíaca e a maneira como os mesmos irão transformar a qualidade de vida. Perante esta situação cada indivíduo reagirá particularmente a seu modo, de acordo com o seu período de vida, suas características de personalidade e sua formação como um todo. Alguns pacientes se adaptam, utilizando de um modo construtivo aquilo que eles vivem como um problema
Nessas ocorrências, onde o paciente é fica ciente sobre o diagnóstico de doença cardíaca e sobre a necessidade de se talvez submeter-se a eventuais processos cirúrgicos, sua atitude de demonstrações emocionais pode afetar no desenvolvimento da doença, na aceitação ao tratamento e na mudança de rotina vivencia até o momento. Isso porque cada indivíduo tem seus próprios meios de defesa como auxilio para o enfrentamento da doença, vivenciando esse fato de maneira única e individual (OLIVEIRA, 1995). Alguns temores são ainda maiores quando o órgão que se submeterá a um tratamento é o coração. Pois, este órgão em especial é portador de diversas simbologias e inevitavelmente ocorre o envolvimento de emoções pessoais, psicossociais e também culturais. Desse modo, este paciente provavelmente deverá enfrentar questões simbólicas e também objetivas.
Os mecanismos de defesa são complementos essenciais na vida das pessoas e também ajudam para enfrentar situações de conflitos, ameaçadoras. Contudo, em alguns casos passam a se mostrar de maneira mais rígida em função do alto grau de angústia. Isto dificulta a resolução da situação, pois é ignorada a compreensão, reconsideração e mudanças que se fazem necessárias na vida da pessoa.
O atendimento psicológico nos hospitais quando é direcionado à pacientes que se submeterão a algum procedimento cardiológico, tem por princípio a psicoterapia breve de apoio, usando técnicas para que haja a diminuição da ansiedade por parte do paciente.
A Intervenção do Psicólogo
Diante de tais sentimentos e questionamentos a enfrentar, é importante que o paciente faça uma reestruturação em sua vida. Retomando as palavras de (MOFFATT, 1982) considera-se que o acontecer do processo de vida tem fases ou as chamadas etapas da vida, algumas etapas suaves, como o fim de uma carreira ou mudança de trabalho; outras, traumáticas, como um acidente ou a morte repentina de um dos pais; neste caso, o EU deve reestruturar-se, o que produz muita angústia, pois parte tem que se dissolver enquanto outra se cria.
Pode tornar-se difícil superar o momento potencialmente crítico, que evoca para o paciente muito mais do que apenas o momento de internação ou cirurgia; há reavaliação da vida como um todo, há percepção do risco de vida (ou morte) de toda sua significação. Verificam-se e não intensos sentimentos de angústia, medo e desapontamento. Neste sentido fica clara a relevância e utilidade da assistência psicológica ao indivíduo. Este acompanhamento, ainda que devido às circunstâncias, às vezes realizado em curto prazo, permite aproximação ao paciente que se beneficia com a possibilidade de falar, refletir ou mesmo calar junto a alguém.
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