A MUSICOTERAPIA NA UTI
Por: Eduarda Mariano • 26/7/2022 • Pesquisas Acadêmicas • 801 Palavras (4 Páginas) • 146 Visualizações
MUSICOTERAPIA NA UTI
Por Eduarda Mariano
A Unidade de Terapia Intensiva é destinada aos cuidados intensivos e monitorização constante de pacientes críticos. Devido a sua organização e dinâmica, a UTI pode gerar sentimentos repulsivos nos pacientes, os quais podem ser intensificados pela fragilidade e a gravidade da condição clínica do paciente, pelo isolamento familiar, pelo espaço desconhecido, pela assistência à saúde por pessoas desconhecidas, pela instabilidade do quadro clínico e a falta de previsão de alta, pela intensa rotina de procedimentos e exames, além do uso de tecnologias diferentes e por vezes desconhecidas pelo paciente (VALENÇA et al., 2013).
Diante da eminencia de emergência constante no ambiente da UTI, Bolela e Jericó apresentam que a singularidade do paciente (sua forma única de ver e ser no mundo) tem sido deixada muitas vezes em segundo plano, o que tem comprometido significativamente o atendimento humanizado e de boa qualidade nas instituições de saúde.
Visando humanizar a assistência hospitalar prestada aos pacientes atendidos nos hospitais públicos, o Ministério da Saúde criou em 2001, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), o qual em 2003 transformou-se em uma Política Nacional de Humanização, o Humaniza-SUS, abrangendo a saúde pública como um todo, na tentativa de melhorar a qualidade e eficácia dos serviços prestados pelas instituições de saúde.
Ao discutir o que é a humanização no hospital, Villa e Rossi entendem que humanizar é uma medida que visa, sobretudo, tornar efetiva a assistência ao indivíduo criticamente doente, considerando-o como um ser biopsicossocioespiritual.
Para garantir a integralidade na atenção à saúde, o Ministério da Saúde apresentou em 2006 a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, a qual incluiu, dentre outras, a musicoterapia como recurso de ação facilitador para a promoção, prevenção e recuperação do paciente.
Prática expressiva integrativa conduzida em grupo ou de forma individualizada, que utiliza a música e/ou seus elementos – som, ritmo, melodia e harmonia – num processo facilitador e promotor da comunicação, da relação, da aprendizagem, da mobilização, da expressão, da organização, entre outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de atender necessidades físicas, emocionais, mentais, espirituais, sociais e cognitivas do indivíduo ou do grupo.
LIMA et al. apontam que o processo de interpretação da música no cérebro humano é extremamente complexo e necessariamente envolve diversas áreas cerebrais, delas, destaca-se a participação do sistema límbico que está relacionado com as emoções. A partir do exposto compreende-se que a música pode, desta forma, gerar e modificar emoções que o paciente venha a sentir durante os processos.
Devlin et al. em Diretrizes de Prática Clínica para a Prevenção e Tratamento da Dor, Agitação/Sedação, Delirium, Imobilidade e Interrupção do Sono em Pacientes Adultos na UTI, sugerem a oferta de musicoterapia para aliviar a intensidade da dor tanto relacionada a procedimentos, quanto não relacionada a procedimentos em adultos criticamente doentes.
Os efeitos fisiológicos da música envolvem reações sensoriais, hormonais e fisiológico-motoras, como alterações metabólicas, liberação de adrenalina, regulação da frequência respiratória, alterações da pressão arterial, redução da fadiga e do tônus muscular, aumento dos estímulos sensoriais limítrofes e melhora da atenção e concentração. (MELO et al., 2018).
Estes conceitos reforçam que a intervenção com musicoterapia faz-se relevante para pacientes críticos em UTI. Sendo capaz de gerar dados e conteúdo para avaliação de alterações em parâmetros vitais e conteúdos de subjetividade, além de possibilitar o aumento de vínculos dos pacientes com a equipe multiprofissional.
Referências bibliográficas
BOLELA, F; JERICO, M C. Unidades de terapia intensiva: considerações da literatura acerca das dificuldades e estratégias para sua humanização. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro , v. 10, n. 2, p. 301-309, Aug. 2006 . Disponível em: <>
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