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A PRIMEIRA SEÇÃO ANALÍTICA DA FACULDADE DE JULGAR ESTÉTICA

Por:   •  11/10/2022  •  Artigo  •  4.375 Palavras (18 Páginas)  •  86 Visualizações

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Disciplina: Estética                                               Prof.: Dr. José Marcos Miné Vanzella

Aluno:                                                                    Data: 5/09/2022                  

FICHAMENTO

PRIMEIRA SEÇÃO - ANALÍTICA DA FACULDADE DE JULGAR ESTÉTICA

  1. livro - Analítica do belo
  • Primeiro momento do juízo de gosto (quanto à qualidade)

Para distinguir se algo é belo ou não, não relacionamos a representação ao objeto através do entendimento, visando o conhecimento, mas sim ao sujeito e ao seu sentimento de prazer ou desprazer, através da imaginação (talvez ligada ao entendimento). O juízo de gosto não é, portanto, um juízo de conhecimento, um juízo lógico, mas sim um juízo estético, pelo qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação só pode ser subjetivo. P.99

Apreender uma estrutura regular e conforme a fins com a própria faculdade de conhecimento (seja em um modo de representar claro ou confuso) é algo inteiramente diverso de ser consciente dessa representação através da sensação de satisfação. Aqui, a representação se relaciona tão somente ao sujeito, mais especificamente ao seu sentimento de vida, sob o nome de prazer e desprazer, e este funda uma faculdade inteiramente peculiar de distinguir e julgar que em nada contribui para o conhecimento, mas apenas mantém a representação dada no sujeito em relação com a faculdade de representações como um todo, da qual a mente se torna consciente no sentimento de seu estado. P.100

Denomina-se interesse a satisfação que ligamos à representação da existência de um objeto. Logo, tal satisfação também tem sempre relação com a faculdade de desejar, seja como fundamento de determinação desta, seja ao menos como necessariamente concatenada com tal fundamento. Agora, quando se quer saber se algo é belo, não se quer saber se nós ou quem quer que seja temos ou poderíamos ter um interesse na existência do objeto, mas sim como o julgamos na mera contemplação (intuição ou reflexão). P. 100

o juízo sobre a beleza em que se misture um interesse, por mínimo que seja este, é um juízo parcial, e não um juízo de gosto puro. Para ser um bom juiz em questões de gosto, não se deve ter qualquer preocupação com a existência da coisa, mas antes ser inteiramente indiferente em relação a isso. P.101

Agradável é aquilo que apraz aos sentidos na sensação. Aqui se apresenta desde logo, pois, a oportunidade para repreender, chamando a atenção para isso, uma muito habitual confusão com o duplo sentido que a palavra sensação pode ter. Toda satisfação (segundo se diz ou se pensa) é ela própria uma sensação (um prazer). P.101

Bom é aquilo que, por meio da razão, apraz pelo mero conceito. Nós denominamos bom para algo (útil) aquilo que só apraz como meio; e bom em si aquilo que apraz por si mesmo. Em ambos, está sempre contido o conceito de um fim, portanto a relação da razão com um (ao menos possível) querer, por conseguinte a satisfação com a existência de um objeto ou ação, isto é, algum interesse. P.103

Independentemente, porém, de todas essas distinções entre o agradável e o bom, ambos coincidem no seguinte ponto: estão sempre ligados a um interesse pelo seu objeto - não apenas o agradável (§ 3) e o mediatamente bom (o útil), que apraz como meio para algo agradável, mas também o absolutamente bom, o bom em todos os sentidos, qual seja, o bem moral, que carrega consigo o mais elevado interesse. Pois o bom é objeto da vontade (isto é, de uma faculdade de desejar determinada pela razão).

O agradável e o bom têm ambos uma relação com a faculdade de desejar e trazem consigo, nessa medida, aquele uma satisfação patologicamente condicionada (através de estímulos, stimulos), e este uma satisfação pura prática, a qual não é determinada apenas pela representação do objeto, mas também pela representação da conexão do sujeito com a existência do mesmo. Não é somente o objeto, mas também a sua existência que apraz. P.105

... o juízo de gosto não é um juízo de conhecimento (nem teórico nem prático) e, portanto, também não está fundado em conceitos, nem a estes direcionado. P.105-106

O agradável, o belo e o bom designam, portanto, três relações dife rentes das representações ao sentimento de prazer e desprazer, / / com base no qual distinguimos objetos ou modos de representação uns dos outros. E também as expressões que são conformes a estes, pelas quais se designa a complacência neles, não são idênticas. Chama-se agradável àquilo que contenta; belo, àquilo que apenas apraz; bom, àquilo que é estimado, valorizado, isto é, àquilo que recebe um valor objetivo. P. 106

Definição do belo decorrente do primeiro momento: Gosto é a faculdade de julgamento de um objeto ou modo de representação através de uma satisfação ou insatisfação, sem qualquer interesse. O objeto de tal satisfação se denomina belo. P.107

  • Segundo momento do juízo de gosto (quanto à quantidade)

O belo é aquilo que é representado, sem conceitos, como objeto de uma satisfação universal. P.107

Essa definição do belo pode ser deduzida de sua definição anterior, como um objeto da satisfação sem qualquer interesse. Pois só se pode julgar aquilo que se sabe ser objeto de uma satisfação sem qualquer interesse como tendo de conter um fundamento de satisfação para todos. P.107

Em relação ao agradável, qualquer um aceita que seu juízo, fundado em um sentimento privado e dizendo que um objeto lhe apraz, limita-se também inteiramente à sua pessoa. Por isso, ele não se incomoda nem um pouco se, ao dizer que o vinho das Canárias é agradável, alguém corrija a sua expressão e lhe lembre que ele deveria dizer: "ele é agradável para mim"; e isto não apenas no gosto da língua, do palato e da garganta, mas também naquilo que possa ser agradável aos olhos e ouvidos de alguém. P.108

Em todo caso, também acontece de, no que diz respeito ao julgamento sobre o agradável, produzir-se consonância entre os seres humanos - uma consonância em relação à qual, porém, uns têm seu gosto contestado, outros o têm chancelado; e não o gosto com o significado de um sentido orgânico, mas como faculdade de julgamento em vista do agradável. P.109

Trata-se de um juízo relativo à sociabilidade enquanto baseada em regras empíricas. No que diz respeito ao bom, é certo que os juízos também têm pretensão legítima à validade para todos; mas o bom só é representado como objeto de satisfação por meio de um conceito, o que não é o caso nem no agradável nem no belo. P.109

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