A QUESTÃO DA FOME MUNDIAL E SEU AGRAVAMENTO FRENTE A COVID-19

A QUESTÃO DA FOME MUNDIAL E SEU AGRAVAMENTO FRENTE A COVID-19

Introdução

O objetivo deste trabalho é apresentar a questão global da fome nos últimos anos, que está presente em todos os países, até mesmo nos países desenvolvidos. E mostrar como esse número vem aumentando a cada ano. E onde as pessoas são mais afetadas com esse problema; por que a fome existe, e quais os fatores que levam à fome. Teria o capitalismo alguma culpa nisso, tendo em vista que este sistema visa o lucro e produz a desigualdade? E por fim, vamos fazer uma breve análise da fome com a pandemia da Covid-19, buscando mostrar como essa situação se agravou e pode se agravar ainda mais.

Para construção desta pesquisa, usamos como base artigos, dados da ONU, a última edição do relatório “O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, e textos complementares que serão referenciados ao final deste.

Situação global da fome

A fome é uma questão muito séria e preocupante que precisa ser discutida a fim de procurar meios de contê-la. Pois, atualmente aproximadamente 800 milhões de pessoas espalhadas pelo o mundo, vivenciam essa dura realidade. Mesmo existindo alimentos mais do que o suficientes para alimentar toda a população do mundo, esses alimentos não chegam à mesa de todos os indivíduos, e em consequência disso milhares de pessoas ficam sem ter acesso a calorias suficientes para suprir suas necessidades diárias. Isso significa que existe uma deficiência na distribuição de alimentos. Deficiência essa que está presente na desigualdade, que afeta sobretudo o pobre, que muitas das vezes não conseguem comprar alimentos suficientes para se ter uma alimentação balanceada e saudável, e a consequência disso leva à subnutrição, insegurança alimentar e a fome.

É muito angustiante pensar que o ser humano é privado de ter acesso a alimentação por não ter dinheiro suficiente para comprar alimentos para sobreviver. Essas pessoas são excluídas de seus direitos pelo fato de serem pobres. Isso indica uma ligação muito forte, entre fome e pobreza, fazendo com que ambas caminhem juntas. A fome costuma ser recorrente da pobreza que é um fenômeno complexo e multidimensional que priva muitas pessoas de terem acesso a alimentação. Entretanto, a pobreza não é o único fator responsável pela fome, existem vários fatores que contribuem para isso, inclusive a desigualdade(s), pois esta faz com que umas pessoas tenham muito e outras pouco.

Segundo dados do relatório de 2020, ter uma alimentação saudável custa mais de US$1,90 por dia, ou seja, o limiar de pobreza internacional. Estima-se que aproximadamente três bilhões de pessoas não têm condições de pagar por uma dieta saudável. Isso causa desigualdade, e afetam aquelas que não têm condições de pagar por isso.

É importante ressaltar que as desigualdades se dão em vários níveis, entre países ricos e pobres, assim como, dentro dos países, das regiões, estados, entre outros, são várias as formas de desigualdades existente , e por isso elas não podem ser tratadas como um problema individual, elas devem ser tratadas no plural, pois elas são um complexo fenômeno social. Dessa forma, a desigualdade das condições pode conduzir o indivíduo a pobreza e em consequência disso, gerar a fome.

De acordo com um estudo anual da ONU, o número de pessoas passando fome vem aumentando a cada ano. De 2016 para cá, dezenas de milhões de pessoas se juntaram aos números dos subnutridos crônicos nos últimos anos. A fome ainda é uma questão global e os países continuam lutando com múltiplas formas de desnutrição.

Segundo a última edição do relatório “O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo”, em 2019 aproximadamente 690 milhões de pessoas passaram fome pelo mundo. Em relação ao ano anterior, houve um aumento de 10 milhões de pessoas e de aproximadamente 60 milhões em 5 anos. Sem falar nas bilhões de pessoas que não tem condições de fazer uma alimentação nutritiva e saudável. É importante ressaltar, que esse número é maior na Ásia, mas na África esse número aumenta com mais rapidez.

A fome é mais agravante na Ásia, África, América Latina e Caribe. Sendo que em termos percentuais, a África é a região mais atingida, com 19,1% da população desnutrida. A situação de pessoas passando fome na Ásia é bastante preocupante, pois 526 milhões de asiáticos enfrentam essa triste realidade. Na América Latina e no Caribe aproximadamente 37 milhões de pessoas também são atingidas pela fome.

Segundo o monitoramento anual das entidades, a situação mais grave em relação a oferta de alimentos de acordo com as definições da ONU, está na África Subsaariana, onde a situação é caótica, pois a cada quatro pessoas, uma encontra-se em situação cronicamente desnutrida.

De acordo com Josué de Castro, “a fome é um fenômeno geograficamente universal, a cuja ação nefasta nenhum continente escapa. Toda a terra dos homens foi, até hoje, a terra da fome. As investigações científicas, realizadas em todas as partes do mundo, constataram o fato inconcebível de que dois terços da humanidade sofre, de maneira epidêmica ou endêmica, os efeitos destruidores da fome.” Desde 1935 que Josué de Castro já manifestava o medo de acesso à alimentação e de acordo com ele a solução para o problema da fome só seria alcançada por meio de políticas públicas.

Os indivíduos que passam fome são subnutridos, e não têm acesso às calorias necessárias para suprir suas necessidades energéticas diárias. Atualmente esse número chega a aproximadamente 795 milhões de pessoas. Ou seja, a cada 9 pessoas no mundo, 1 encontra-se subnutrida, e a maior parte dessas pessoas encontra-se nos países em desenvolvimento, e nas zonas rurais a fome ainda é mais latente. Mundialmente, aproximadamente 75% da população pobre vivem nas áreas rurais, sendo que nos países de baixa renda esse número pode ser ainda maior. Também existe outro tipo de fome, a fome oculta ou fome parcial, que atinge populações de diversos países, até os países desenvolvidos, como os Estados Unidos. A fome oculta ocorre quando o indivíduo come, e sacia o desejo de se alimentar, porém não se nutre, não supre as necessidades nutricionais.

Fome e Capitalismo

Atualmente muitas famílias em várias partes do mundo não possuem acesso físico, social e econômico a recursos suficientes, seguros e alimentos nutritivos que atendam às suas necessidades dietéticas e preferências alimentares para se ter uma vida saudável. Dentro da definição de segurança alimentar da FAO, é possível interpretar quatro