A principal diferença entre a filosofia de gestão tradicional e Lean Production
Trabalho acadêmico: A principal diferença entre a filosofia de gestão tradicional e Lean Production. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: FlpMP • 25/11/2014 • Trabalho acadêmico • 2.158 Palavras (9 Páginas) • 352 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Desde meados dos anos 80 tem se observado no país um forte movimento no setor no
sentido de aplicar os princípios e ferramentas da Gestão da Qualidade Total (Total
Quality Management – TQM). Mais recentemente, muitas empresas do setor voltaramse
ao desenvolvimento de sistemas de gestão da qualidade, tanto como meio para
alcançar um maior nível de controle sobre seus processos produtivos, como também
com o objetivo final de obter certificação segundo as normas da série ISO9000.
Apesar de ter trazido importantes benefícios para o setor, a filosofia do TQM atende
apenas de forma parcial as necessidades das empresas, na medida que os seus
conceitos, princípios e ferramentas não contemplam, com a devida profundidade,
questões relacionadas à eficiência e eficácia do sistema de produção. Em função
destas limitações e também pelo fato de que erroneamente tentou-se disseminar o
TQM na indústria como uma solução global para toda a organização, esta filosofia vem
sofrendo um relativo desgaste entre as empresas nos últimos anos.
Ao longo dos anos 90, um novo referencial teórico vem sendo construído para a
gestão de processos na construção civil, envolvendo o esforço de um grande número
de acadêmicos tanto no país como no exterior, com o objetivo de adaptar alguns
conceitos e princípios gerais da área de Gestão da Produção às peculiaridades do
setor. Este esforço tem sido denominado de Lean Construction, por estar fortemente
baseado no paradigma da Lean Production (Produção Enxuta), que se contrapõe ao
paradigma da produção em massa (Mass Production), cujas raízes estão no
Taylorismo e Fordismo.
As idéias deste novo paradigma, em realidade, surgiram no Japão nos anos 50, a
partir de duas filosofias básicas, o próprio TQM e também o Just in Time (JIT), sendo o
Sistema de Produção da Toyota no Japão a sua aplicação mais proeminente (Shingo,
1986). Assim, seus conceitos e princípios básicos surgiram na própria indústria,
principalmente a automotiva. Apenas recentemente passou a existir um movimento
entre acadêmicos no sentido de entender este novo paradigma, com o objetivo de
disseminá-lo nos mais diversos setores de atividade econômica.
No que tange à Indústria da Construção Civil, este esforço foi marcado pela publicação
do trabalho Application of the new production philosophy in the construction industry
por Lauri Koskela (1992) do Technical Research Center (VTT) da Finlândia, a partir do
qual foi criado o IGLC - International Group for Lean Construction, engajado na
adaptação disseminação do novo paradigma no setor da construção civil em diversos
países. Recentemente foi realizado em Gramado – RS a 10a Conferência Anual do
IGLC (ver site http://www.cpgec.ufrgs.br/norie/iglc10).
No presente artigo1 são apresentados alguns conceitos e princípios básicos de gestão
da produção cujo conhecimento é necessário para entender a produção enxuta. De
forma facilitar a compreensão dos mesmos, são apresentados alguns exemplos de
aplicação na construção civil.
1 Este texto é um extrato da publicação "Lean construction: diretrizes e ferramentas para o
controle de perdas na construção civil" (ISATTO et al., 2000).
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2 BASE CONCEITUAL
A diferença básica entre a filosofia gerencial tradicional e a Lean Production é
principalmente conceitual. A mudança mais importante para a implantação do novo
paradigma é a introdução de uma nova forma de entender os processos.
O modelo conceitual dominante na construção civil costuma definir a produção como
um conjunto de atividades de conversão, que transformam os insumos (materiais,
informação) em produtos intermediários (por exemplo, alvenaria, estrutura,
revestimentos) ou final (edificação), conforme ilustra a Figura 1. Por esta razão, o
mesmo é também denominado de modelo de conversão.
Figura 1. Modelo de processo na filosofia gerencial tradicional
Este modelo apresenta, implicitamente, as seguintes características:
a) O processo de conversão pode ser subdividido em sub-processos, que também
são processos de conversão. Por exemplo, a execução da estrutura pode ser
subdividida em execução de formas, corte, dobragem e montagem de armaduras e
lançamento do concreto;
b) O esforço de minimização do custo total de um processo em geral é focado no
esforço de minimização do custo de cada sub-processo separadamente; e
c) O valor do produto (output) de um sub-processo é associado somente ao custo (ou
valor) dos seus insumos.
Este é o modelo adotado, por exemplo, nos orçamentos convencionais, que são
tipicamente
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