Academia Militar das Agulhas Negras Dispositivo de Treinamento

Academia Militar das Agulhas Negras

Curso de Artilharia

Nota de aula Dispositivo de Treinamento 14,5 mm

I – Introdução:

        O Dispositivo de Treinamento Cal 14,5mm originou-se nos EUA  na década de 70 justamente com a finalidade de adestrar Observadores Avançados. Entretanto é atualmente uma solução simples e barata de realizar simulações não só para os Observadores, mas também para todos os subsistemas da Artilharia de Campanha como a Central de Tiro, a Linha de Fogo (apontadores e atiradores) e as Comunicações.  

II – Apresentação:

         O dispositivo de treinamento consiste dos seguintes elementos principais:

• Tripé;
• Reparo;
• Tubo.

• Tripé

1. O tripé é feito de um tubo de aço e de forte constituição dividindo-se basicamente no tripé propriamente dito (tripé base) e nos suportes (pernas) do tripé. As pernas do tripé são acopladas à base através de garfos os quais possibilitam a maior ou menor abertura do dispositivo no momento da instalação. Após as sapatas serem fixadas no solo podemos buscar melhor nivelamento do dispositivo agindo no botão das luvas existentes nas pernas do tripé as quais oscilam entre uma posição máxima (superior) marcada por um anel vermelho e uma posição mínima (inferior) marcada por um anel amarelo. Uma das pernas possui ainda, na sua parte, inferior uma extensão que permite um aumento de 38 cm.
2. O tripé base além de receber as pernas da sua parte inferior, suporta o reparo sobre ele colocado. Possui três pinos para conexão de suas pernas. Na sua parte superior, possui uma saliente faixa de aço concêntrica a qual permite uma centralização rápida do reparo e evitar qualquer oscilação do dispositivo montado. O reparo é colocado no tripé por meio de uma chave de encaixe radial e fixado através de um parafuso de pressão.

Figura 1 - Tripé

[pic 1]

Legenda:

1. Faixa concêntrica exterior para centralização do reparo
2. Faixa de aço interior
3. Parafuso de pressão para fixação do reparo ao tripé
4. Garfos das pernas do tripé
5. Parafuso e fixação das pernas do tripé
6. Sapata
7. Botão da luva de ajuste das pernas do tripé
8. Extensão de 38 cm
9. Parafuso de fixação da extensão

1.  

• Reparo

 O reparo consiste de:

1. Suporte da peça;
2. Reparo superior.
3. Na base existe uma montagem correspondente ao alojamento do parafuso de fixação. No seu interior consiste um parafuso sem-fim que permite o giro do reparo superior em 360 °.
4. O reparo superior consiste da placa base e duas faces sobre as quais existem dois munhões de acoplamento. Na face esquerda existe um garfo para encaixe da luneta panorâmica. Na base do lado direito existem dois níveis de horizontalização do aparelho. Entre as faces fica o mecanismo de elevação.
5. Para que o reparo superior deslize em 360 ° sobre a placa base é necessário pressionar a tecla de pressão obtendo dessa maneira o movimento geral rápido ou o botão perpendicular a ela que dará o movimento geral lento.
6. Na parte frontal do reparo superior existe um botão que através de um dispositivo de engrenagens colocado na extremidade aciona a cremalheira que transmite o movimento de elevação para o tubo.
7. Para dar elevação ao tubo do DT procede-se da seguinte maneira:

• Com o botão da elevação trancado pela sua alavanca de fixação teremos ao acioná-lo o movimento geral lento; girando alavanca de fixação e agindo no parafuso de fixação da mesma, teremos, fazendo um esforço longitudinal de dentro para fora sobre o botão de elevação, o movimento geral rápido.

Figura 2 - Reparo[pic 2]

Legenda:

1. Base
2. Face direita
3. Botão de desconexão da base ao reparo
4. Suporte da haste direita do tubo
5. Garfo de encaixe da luneta panorâmica
6. Encaixe da luneta panorâmica
7. Níveis de horizontalização
8. Botão de elevação
9. Parafuso de fixação dos suportes móveis das hastes do tubo
10. Suportes móveis das hastes do tubo
11. Parafuso de fixação da luneta panorâmica
12. Tecla do movimento geral rápido do mecanismo de direção
13. Tecla do movimento geral lento do mecanismo de direção
14. Suporte do mecanismo de elevação
15. Parafuso do suporte do mecanismo de elevação
16. Alavanca de fixação do botão do mecanismo de elevação

 

• Tubo

1. O tubo tem um calibre de 14,5 mm. Na sua parte superior existe uma massa e uma alça de mira que servem tanto para o tiro direto como para a execução da retificação do aparelho de pontaria. A frente da alça de mira existe um quadrante para colocação do quadrante de nível. No lado direito do tubo, montado sobre haste da direita, encontra-se um quadrante de alças que é basicamente um setor circular graduado de 0 a 1600''' e é fixado ao tubo através de um parafuso cujo eixo coincide com o centro deste setor circular (quadrante de alças). Sob este parafuso de fixação do quadrante ao tubo, há um outro parafuso, tipo tampão, que fixa sobre o quadrante de alças o dispositivo contendo um sitômetro graduado de 200 a 400 ''' com um "vernier" para as dezenas e as unidades de milésimos o qual é horizontalizado por um nível que é acionado pelo botão do micrômetro; este sitômetro situa-se entre o eixo e o arco do quadrante de alças, contendo ainda este mesmo dispositivo na sua extremidade um outro "vernier", para a obtenção das dezenas e unidades de milésimos de alças. Todo o dispositivo possui dois movimentos:

• Movimento particular rápido - que se obtém quando puxamos o botão das alças que está situado na extremidade do dispositivo, junto ao "vernier", para fora e fazemos o dispositivo girar em torno do eixo qual um pêndulo.
• Movimento particular lento - é obtido quando giramos este botão em torno de si mesmo.

1. O mecanismo da culatra consta basicamente de um ferrolho do tipo convencional, de um gatilho montado à esquerda do tubo e de um dispositivo de segurança que consta de um anel que girando para a esquerda coloca a arma em segurança para o outro lado permite a execução do tiro, sendo que estas posições são verificadas através da coincidência do traço branco existente no anel com as letras "F" (vermelho) e "S" (branco) escrito no próprio tubo.

• Munição

1. O DT usa munição de cartuchos calibre 14,5 mm com dez variações:

• Cartucho com espoleta percutente (AZ) carga 1, carga 2 e carga 3.
• Cartucho com espoleta tempo (BZ) 3 segundos carga 1, carga 2 e carga 3.
• Cartucho com espoleta tempo (BZ) 6 segundos carga 1, carga2 e carga 3.
• Cartuchos de manejo.

1. O alcance mínimo é de 50 m. Os alcances máximos são:

• Carga 1 - 730 m;
• Carga 2 - 990 m;
• Carga 3 - 1.150 m.

1. O impacto do projetil é marcado por uma nuvem de fumaça bem visível no terreno a grandes distâncias em quaisquer condições do solo em relação ao alvo. O projetil de chumbo não possui qualquer carga explosiva, eliminando desta forma o perigo de acidentes pessoais para a guarnição do DT o do pessoal da observação e comunicações.
2. O cartucho com espoleta tempo produz também uma nuvem de fumaça, porém no ar. A distância do ponto de arrebatamento poderá ser medida a rigor com instrumentos ópticos.
3. O cartucho de manejo demonstra apenas a atividade da bateria nos exercícios de campo.
4. Cada cartucho traz em seu corpo o número do lote e a marca do fabricante com o ano de fabricação. No culote vem escrito calibre e novamente o fabricante. Sempre dez cartuchos são embalados juntos numa caixa de papelão. As caixas são embaladas de maneira a mostrarem o tipo de munição que contenha através de rótulos.[pic 3]

Figura 3 -  Estojo de transporte

1. Dados referentes à munição:

Cg	Peso	Comp do Etg (mm)	V 0 (m/seg)	Alc max (m)	Dist do ponto de Arrebentamento	Flecha
Gg (g)	Etg (g)	Proj (g)
AZ
1	0,2	59	69	65	100	730	-	400
2	0,3	59	69	65	125	990	-	580
3	0,34	59	69	65	135	1150	-	650
BZ (3seg)
1	0,2	59	69	65	100	-	270
2	0,3	59	69	65	125	-	350
3	0,34	59	69	65	135	-	360
BZ (6 seg)
1	0,2	59	69	65	100	-	490
2	0,3	59	69	65	125	-	610
3	0,34	59	69	65	135	-	640
Para a munição de manejo Cal 14,5mm
3	0,5	10	-	51	-	-	-	-

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