Artigo Plantas Medicinais
Por: denisebriao • 5/11/2015 • Artigo • 1.376 Palavras (6 Páginas) • 285 Visualizações
UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS EM UM MUNICÍPIO DO SUL DO BRASIL: UM OLHAR NA ETNOBOTÂNICA.
BRIÃO. S. D.1, MENEZES, A.P.S1
1 Universidade da Região da Campanha, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Farmácia. E-mail: anapaulasime@gmail.com
INTRODUÇÃO
A etnobotânica integra o saber popular com o científico, estimulando o resgate do conhecimento tradicional, a conservação dos recursos vegetais e o desenvolvimento sustentável (Kruel, Silva & Pinheiro, 2005). Considera aspectos culturais de uma comunidade, os conceitos locais de doença e saúde, o modo como a comunidade se vale dos recursos naturais para a “cura” de seus males (Patzlaff & Peixoto, 2009). O emprego de plantas medicinais para a promoção e recuperação da saúde tem evoluído ao longo dos tempos, não estando esta prática restritas em ambientes rurais, mas inseridas no ambiente urbano como forma alternativa ou complementar aos medicamentos da medicina oficial (Lorenzi & Matos, 2008; Simões et al., 1998). Estudar hábitos populares com etnias diversificadas contribui para o bem estar comum pela riqueza de conhecimento. O Rio Grande do Sul é um estado com diversidade cultural, em que houve a migração de comunidades portuguesas, espanhóis, negras, italianas, alemães, dentre outras. Neste contexto, o presente trabalho se justifica pela necessidade de avaliar o perfil de utilização de plantas medicinais da população do município de Hulha Negra (RS), de origem predominantemente alemã, considerando avaliar o motivo de uso dessas plantas.
METODOLOGIA
O levantamento etnobotânico foi realizado no município de Hulha Negra, que segundo IBGE (2010) possui 6.043mil habitantes. Localizado na região da Campanha, distando 374Km da capital do estado, Porto Alegre. Possui limites com os municípios de Bagé e Candiota, contando com área geográfica de mais de 822km², IBGE (2010). O município de Hulha Negra é dividido na área urbana, onde se situa a sede do município, e na área rural, formada pela Trigolândia e Assentamentos. Através de delineamento observacional descritivo, foram feitas visitas nos domicilios e através de levantamento qualitativo utilizou-se um questionário estruturado com questões norteadoras sobre utilização de plantas medicinais e como também sobre seu emprego.Para cálculo de tamanho de amostra, utilizou-se o total da população residente da zona urbana de Hulha Negra (2.909 mil habitantes), com a prevalência do consumo de plantas medicinais igual a 50% e um erro aceitável de 5 pontos percentuais, totalizando em N=344 indivíduos. Aleatoriamente, os domicílios foram visitados, no mês de agosto de 2011. A presente pesquisa foi acieta pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Região da Campanha.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período de coleta dos dados foi possível acessar 137 pessoas nos domicílios, sendo que a grande maioria (93%) relatou apresentar o hábito de utilizar plantas medicinais em seu cotidiano, conforme expresso no gráfico 1.
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Conforme Dias et al. (2007), essa elevada prevalência de utilização pode ser explicada pela facilidade de obtenção das ervas, simplicidade de uso das mesmas, influência da cultura popular e falta de recursos financeiros para aquisição de medicamentos. De acordo com Turino, Belo & Silva (2004), manter a saúde em bom estado é uma preocupação milenar. Contudo, a precária situação econômica, social e sanitária de boa parte da população brasileira impede que a saúde tenha uma atenção privilegiada. É nesse contexto que aumenta a procura por terapias alternativas. Nesse sentido, Rodrigues & Carvalho (2001), constataram que um elevado consumo de ervas está atribuído ao alto custo dos medicamentos, considerando também o fato de ervas medicinais levarem a menos irritações no organismo dos indivíduos comparado a medicações industrializadas. Atribui-se também a considerável adesão ao uso de plantas medicinais, o fato de 35% dos habitantes de Hulha Negra serem de descendência européia (alemã) (gráfico 2) e pelo tipo de economia da região, basicamente agropecuária. Grande parte das plantas cultivadas provém de colonização alemã e italiana na região, estando grande parte das plantas adaptadas às condições ambientais e climáticas do estado, sendo algumas cultivadas e outras fazendo parte da vegetação espontânea que forma o ambiente natural (KOCH, 2000).
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Em relação às espécies vegetais utilizadas pelos moradores do município, foi possível verificar a presença de 67 diferentes tipos, agrupadas em 27 famílias, o que demonstra uma ampla diversidade do emprego de plantas medicinais por esta comunidade, conforme também identificado por Dias et al. (2007) em estudo anterior na região. Das famílias citadas as que mais possuíam diversidade de espécies, foram da família Asteraceae (14), Lamiaceae (11), seguidas da Myrtaceae (5) e Apiaceae (4). Estas famílias apresentam espécies ricas em óleos voláteis, fenilpropanóides e terpenos. A família Asteraceae é rica em lactonas sesquiterpênicas, a Lamiaceae, a Myrtaceae e a Apiaceae são ricas em mono e sesquiterpenos. Essas substâncias têm comprovado valor farmacológico, justificando o elevado número de citações. Entretanto de acordo com Simões et al. (2000), deve ser considerada a distinção entre as ações farmacológicas do óleo isolado da planta e de seu extrato. Algumas propriedades farmacológicas estão relativamente bem estabelecidas como a ação carminativa de alguns óleos que produzem certa anestesia sobre a cárdia, permitindo seu relaxamento e consequente expulsão do ar do trato gastrointestinal; ação antiespasmódica; ação estimulante sobre secreções do aparelho digestivo; ação cardiovascular, provocando aumento do ritmo cardíaco e da pressão arterial; ação irritante tópica; ações sobre o SNC, podendo provocar convulsões em doses elevadas; ação anestésica local; ação antiinflamatória e ação antisséptica. Portanto, torna-se importante o controle no uso de plantas medicinais, pois podem provocar reações tóxicas.
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