BABBIE, E. Métodos de pesquisa de survey
Por: Carvalho, Elisa • 26/10/2019 • Resenha • 1.216 Palavras (5 Páginas) • 539 Visualizações
- ASSUNTO: A obra desmistifica a pesquisa científica sob o ponto de vista da sua execução, valorizando aspectos como a racionalidade, a lógica e a curiosidade no fazer científico. A despeito da incapacidade da Ciência de demonstrar a Verdade e sua relativa falibidade, a sua importãncia reside na utilidade que ela agrega – sendo o cientista, em grande parte responsável por esse fazer Ciência.
- REFERÊNCIA DO MATERIAL CONSULTADO:
BABBIE, E. Métodos de pesquisa de survey. 3. reimp. UFMG. Belo Horizonte, 2005. p. 37-56. Capítulo 1.
Dando continuidade ao entendimento do “fazer científico”, no segundo texto, Earl Babbie apresenta, no primeiro capítulo de seu livro, a teoria científica que norteia o “fazer Ciência”, esta se baseia em relações causais, modelos ideais, hipóteses e validações de teoria, o que Rubens Alves (autor do texto anterior), define como o processo de resolução de problemas. Ao descrever os processos que compões o fazer científico como a operacionalização, o experimento, o autor reforça a ideia do “pensamento ordenado” que objetiva “criar conhecimento”, no qual hipóteses são testadas por meio da experimentação, criando subsídios que confirma ou rejeitam tais hipósteses/teorias previamente elaboradas. Diferente do apresentado por Rubens Alves, Babbie atribui às conclusões dos cientistas uma qualidade superior àquelas resultantes do exercício do chamado de senso comum.
“Cientistas lidam com fatos e números e diz-se que os números não mentem”. (p.40)
Semelhante ao colega Rubens Alves, Babbie pretende desmistificar a ideia da ciência, quando retrata e analisa situações estereotipadas no que concerne tanto à produção científica e quanto o próprio cientista. Nessa linha, ele apresenta dois tipos de cientista, o cientista e o cientista descuidado, numa tentativa de separar “o joio do trigo” e reforça sua crença na capacidade da Ciência de prevalecer.
“Se a ciência é fundamentalmente uma atividade racional e objetiva, deve ser capaz de resistir a uma avaliação racional e objetiva.” (p.41)
Essa desmistificação é importante e necessária, entretanto ela estaria atrelada à conscientização do fazer científico embasado na chamada perspectiva tradicional, já que o autor defende um saber aplicado a uma realidade comum e geral, mas que não se torne ordinário.
“Na prática, a ciência não corresponde exatamente à sua imagem tradicional, mas, ao mesmo tempo, não é tão ruim como argumentam seus críticos mais severos.” (p.42)
Diferente do autor Rubens Alves, que trabalha a desmistificação sob o ponto de vista da produção científica, ou seja, do saber e dos conhecimentos resultantes da Ciência, Babbie vai além da imagem da ciência como produção de saber e foca nos próprios cientistas. Ao mencionar o fato de que, recentemente, diversas pesquisas realizadas por cienstitas de renome, sofreram críticas o criticar por apresentar um certo enviesamento, a responsabilidade do cienstista no fazer Ciência é ressaltado. A complexidade e a responsabilidade do “fazer científico”, reside no fato de que grande parte das decisões tem forte poder de influência no resultado final do estudo.
“Cada uma destas situações requer decisões que influenciarão o resultado do experimento e, por extensão, a avaliação da hipótese e a teoria da qual ela pode ter sido derivada” (p.44)
“Cientistas muitas vezes discordam entre si. Podem oferecer explicações claramente diferentes de um evento. Mas, em geral, tais desacordos envolvem questões de conceituação e definição. “(p.51)
A constatação é de que, não há, necessariamente, a Verdade no fazer científico, já que a Ciência é caracterizada por uma cadeia de dedução e indução cujo o objetivo é provar ou rejeitar uma teoria, sendo que tal processo nunca se dá de maneira absoluta. Assim, o importante não é a verdade que a Ciência esclarece, e sim a utilidade que traz.
“De certo modo, nenhuma teoria científica pode ser provada.” (p.50)
“Já comentamos que teorias são normalmente aceitas com base no peso da evidência de diversos experimentos.” (p.43)
Ainda no que tange à produção científica, a despeito da perspectiva tradicional sugerir que os cientistas passem da curiosidade intelectual sobre o que acontece ao seu redor para a concepção de uma teoria, isso de fato não acontece. O que de fato se passa é exatamente o inverso, na grande parte das vezes o entendimento geral é desenvolvido após uma observação específica, o chamado método indutivo.
“A ciência busca entendimento geral mais do que explicação de eventos individuais” (p. 49)
Em realidade, as teorias nunca são inteiramente indutivas ou dedutivas, elas são resultantes de uma longo processo de deducação e indução, já que durante o processo de fazer Ciência (operacionalização, experimentação e hipóteses) nada é infalível em termos absolutos.
“Primeiro, não há diferença mágica entre as atividades científicas e não científicas”. (p.47).
O objetivo da Ciência é objetivo entender o mundo ao redor com base em três componentes principais: a descrição (momento no qual se observam e descrevem objetos e eventos que ocorrem em um determinado contexto); a descoberta de regularidades e ordem (identificar um fator comum ou repetitivo ou uma relação existente no evento ou objeto que se deseja entender e o contexto) e, finalmente, a formulação de teorias e leis (enunciados lógicos oriundos desse estudo ordenado do objeto ou evento com base nas relações e características que ele possui dentro do contexto do experimento).
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