Bordieu
Projeto de pesquisa: Bordieu. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: pripmoreira • 16/9/2014 • Projeto de pesquisa • 3.121 Palavras (13 Páginas) • 386 Visualizações
Resumo
Este estudo refere-se ao sistema educacional que consegue reproduzir por meio de uma violência simbólica as relações de dominação, ou seja, a estrutura de classes, reproduzindo de maneira diferenciada a ideologia da classe dominante. A teoria da reprodução, no sentido que a escola não resolve problemas sociais, mas reforça-os à medida que reproduz internamente relações de poder em relação às classes populares. As vertentes auxiliam na compreensão das condições contemporâneas da violência, possibilitando a discussão da temática. Aliada aos pressupostos teóricos, que foram buscados em Bourdieu e outros, propiciou uma compreensão do conjunto de relações sociais que fundam as situações de violência, bem como conhecer e analisar os sistemas de pensamento que legitimam a exclusão dos não privilegiados, convencendo-os a se submeterem à dominação, sem que percebam o que fazem. De modo geral a exclusão é imputada à falta de habilidades e capacidades, ao mau desempenho e outros. Dessa forma, a escola cumpre, simultaneamente, sua função de reprodução cultural e social, qual seja, a de reproduzir as relações sociais de produção da sociedade capitalista.O estudo aponta a necessidade de uma análise que norteie as ações educativas no interior das escolas, na tentativa de superar tal realidade.
Palavras-chave: Dominação; Reprodução; escola; Pierre Bourdieu.
Introdução
Pierre Bourdieu, sociólogo francês (1930-2002), fundamenta seu pensamento pela grande influência de Max Weber e Durkheim 1. Foi um dos primeiros sociólogos europeus com análise
voltada à sociologia da educação e da cultura que marcaram gerações de intelectuais e de grande
notoriedade nacional e internacional. Dedicou-se à pesquisa das sociedades contemporâneas e das
relações sociais que mantêm os diferentes grupos sociais tendo o sistema de ensino como instituição
que permite a reprodução da cultura dominante.
1 David Émile Durkheim (1858-1917) sociólogo francês considerado o fundador da sociologia moderna. (OLIVEIRA, 2000, p.227)
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O trajeto intelectual de Bourdieu possibilita uma análise aprofundada no âmbito escolar e
suas relações sociais, através da percepção de sua função ideológica, política e legitimadora de uma
ordem arbitrária em que se funda o sistema de dominação vigente nestas instituições. Bourdieu
posiciona-se contra todas as formas de dominação e de mascaramento da realidade social. Bourdieu,
no livro “A Reprodução”, deu especial atenção ao funcionamento do sistema escolar francês que,
ao invés de transformar a sociedade e permitir a ascensão social, ratifica e reproduz as
desigualdades.
A partir dos estudos, Bourdieu acentua que no interior de uma sociedade de classes existem
diferenças culturais e por sua vez as classes burguesas possuem um determinado patrimônio cultural
constituído de normas de falar, forma de conduta, de valores, etc. Já as classes trabalhadoras
possuem outras características culturais que lhes têm permitido sua manutenção enquanto classes.
A escola, por sua vez, ignora estas diferenças sócio-culturais, selecionando e privilegiando
em sua teoria e prática as manifestações e os valores culturais das classes dominantes. Com essa
atitude, a escola favorece aquelas crianças e jovens que já dominam este aparato cultural. Desta
forma a escola, para este sujeito, é considerada uma continuidade da família e da sua prática social,
enquanto os filhos das classes trabalhadoras precisam assimilar a concepção de mundo dominante. Os autores Bourdieu e Passeron 2 desenvolveram a “teoria da reprodução” baseada no
conceito de violência simbólica. Para estes autores, toda ação pedagógica é objetivamente uma
violência simbólica enquanto imposição de um poder arbitrário. A arbitrariedade constitui-se na
apresentação da cultura dominante como cultura geral. O “poder arbitrário” é baseado na divisão da
sociedade em classes. A ação pedagógica tende à reprodução cultural e social simultaneamente.
Para os filhos das classes trabalhadoras, a escola representa uma ruptura no que refere aos
valores e saberes de sua prática, que são desprezados, ignorados e desconstruídos na sua inserção
cultural, ou seja, necessitam aprender novos padrões ou modelos de cultura. Dentro dessa lógica, é
evidente que para os alunos filhos das classes dominantes alcançar o sucesso escolar torna-se bem
mais fácil do que para aqueles que têm que desaprender uma cultura para aprender um novo jeito de
pensar, falar, movimentar-se, enfim, enxergar o mundo, inserir neste processo para se tornar um
sujeito ativo nesta sociedade.
No contexto das instituições de ensino, também se apresenta a dificuldade em definir
violência escolar. Por um lado, segundo Bourdieu e Passeron (1975), existe uma violência inerente
e inevitável, a violência da educação, já que, para eles, toda ação pedagógica é uma forma de
2 Com a obra: A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino.
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violência simbólica, pois reproduz a cultura dominante, suas significações e convenções, impondo
um modelo de socialização que favorece a reprodução da estrutura das relações de poder.
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